O Ibovespa registrou hoje (22) o pior fechamento do ano, chegando a 106.296 pontos, uma queda de 1,34%, após um pregão de muita volatilidade influenciado pelas turbulências políticas vindas de Brasília. A repercussão da decisão do governo federal de driblar o teto de gastos para ampliar o Auxílio Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família, seguiu pautando o mercado.
O índice acumulou perda de 7,28% na semana, a maior desde o início da pandemia, e de 10,68% no ano. Após chegar à mínima intradiária de 102.853, teve pequena recuperação a partir do momento que o ministro da Economia, Paulo Guedes, negou relatos de que deixaria o cargo. O anúncio de Esteves Colnago para a Secretaria Especial do Orçamento e Tesouro também ajudou a acalmar o mercado. A pasta era liderada por Bruno Funchal, que pediu demissão ontem (21), junto com outros nomes-chave do ministério, em meio à crise instalada em torno do teto de gastos.
O dólar recuou 0,65%, fechando a R$ 5,6282 na venda. “Esse pequeno ajuste que ocorreu após a fala de Guedes não significa, de forma alguma, que há um alívio nos mercados. […] Quando pensamos em um patamar de R$ 5,60, que é onde estamos agora, não dá para falar que não há um cenário de aversão ao risco”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.
“O mercado não gostou das questões fiscais, ainda enxerga [o movimento do governo] como uma pedalada fiscal […] e devemos seguir convivendo com bastante volatilidade”, acrescenta ela. A moeda norte-americana encerrou a semana com alta de 3,11%, a mais acentuada desde a semana finda em 9 de julho deste ano, quando avançou 4,01%.
Na contramão do Ibovespa, a Klabin (KLBN11) disparou e registrou a maior alta do dia, de 7,56% , depois de o Bank of America reforçar recomendação de compra para a ação. A Suzano (SUZB3), também do setor de celulose, estendeu os ganhos da véspera impulsionados pelo anúncio de que antecipou de 2030 para 2025 sua meta de remover 40 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera.
O noticiário doméstico intenso deixou a influência positiva dos mercados internacionais em segundo plano. Em Wall Street, o Dow Jones subiu 0,21%, a 35.677 pontos; o S&P 500 cedeu 0,11%, a 4.544 pontos; e o Nasdaq teve queda de 0,82%, a 15.090 pontos. (Com Reuters)