5 mulheres e um propósito: empreender no mundo cripto

19 de novembro de 2021
Unsplash

Seja no meio digital ou físico, as mulheres estão cada vez mais de olho nas moedas digitais

As criptomoedas ganham cada vez mais espaço no mercado financeiro, tanto entre investidores institucionais, quanto entre pessoas físicas. Mas, para algumas mulheres, as criptos já são muito mais do que apenas investimentos. Os ativos transformaram o estilo de vida delas e passaram a ser uma nova maneira de empreender.

É o caso da Carol Souza e da Kaká Furlan, criadoras do canal UseCripto. Carol, formada em odontologia, e Kaká, em publicidade, trabalhavam juntas em uma clínica de estética própria. Até o momento que começaram a pesquisar e se aprofundar em finanças para auxiliar no desenvolvimento do negócio e conheceram as criptomoedas.

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“Nós já éramos empreendedoras e sócias, pensando em otimizar as finanças do nosso negócio. Assim começamos a nos envolver mais com esse lado financeiro. A Carol já estudava sobre investimentos há muitos anos, então foi uma coisa natural passar a estudar cripto. Esse é quase um ritual nos investimentos, começar estudando investimentos tradicionais, depois trilhar pela renda variável e descobrir as criptomoedas”, diz Kaká.

De acordo com elas, ao pesquisar sobre o assunto, perceberam que existia muito conteúdo sobre trade, preço e oscilação das moedas digitais, mas quase nada sobre a usabilidade e o Bitcoin como moeda. Assim surgiu a ideia. “Se tem outras pessoas buscando sobre isso assim como nós, e não está encontrando esse tipo de conteúdo, então talvez a gente possa se juntar a essa galera e produzir conteúdo voltado para a educação financeira cripto”, afirmam.

No início do UseCripto, as empreendedoras levaram o projeto em paralelo com a clínica de estética. Após seis meses, perceberam que era possível viver daquilo. Venderam a clínica e hoje estão completamente imersas no mundo das criptomoedas, com quase 93 mil inscritos no canal do YouTube e 75,7 mil seguidores no Instagram.

A história da Thata Saeter não é muito diferente. A hoje educadora sobre moedas digitais no Instagram e diretora de operações da casa de análises Convex Research sempre foi apaixonada por tecnologia e começou a se interessar por esse mundo em meados de 2014. Para ela, a união do mundo da tecnologia com a economia era fascinante.

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“Em 2018, percebi que era difícil ver alguém mostrando o rosto nas redes sociais em perfis que falavam de criptomoedas. As pessoas tinham medo de se mostrar, até porque na época esse meio era marginalizado pelo mercado financeiro tradicional. Assim, eu vi uma oportunidade de criar um perfil para falar sobre essa tecnologia e derrubar o misticismo em volta dos criptoativos”, contou.

Aliando a sua formação em comunicação, Saeter decidiu empreender digitalmente levando informação e conhecimento por meio das redes sociais e assim contribuir para a participação das mulheres nesse mercado, em paralelo com o trabalho na casa de análises.

Exemplos como esses trouxeram força para a entrada das mulheres no mercado das moedas digitais, atingindo também o público mais jovem, como Giovana Simão, criadora do canal no YouTube e Instagram chamado Bit das minas.

Simão veio de uma realidade de pouco recuso. Saiu de casa aos 15 anos e fez de tudo um pouco para se sustentar. Como muitas pessoas que entram nesse meio, investiu o que tinha em criptomoedas e perdeu dinheiro. Foi quando decidiu estudar sobre o mercado.

“A partir disso, caí de cabeça nos livros. Nesse momento, me deparei com uma coisa que me deixou muito chateada. Quando entramos nesse mercado, a nossa principal fonte sobre cripto é no Telegram e nesses grupos, só tem homem. Então, tudo que eu perguntava lá recebia respostas muito ofensivas e nada receptivas, o que foi me desmotivando”, conta.

Com isso, Giovana teve a ideia de criar o seu próprio grupo, o Bit das minas, com o intuito de ser uma mulher falando de moedas digitais para mulheres. De acordo com ela, ali nenhuma dúvida seria boba.

O projeto tomou proporções muito maiores do que ela imaginava. Hoje, o Instagram conta com quase oito mil seguidores, enquanto o canal do YouTube tem quase 2,3 mil inscritos, e é a fonte de renda de Giovana.

“Diferentemente dos grandes canais sobre criptomoedas que conheço e converso, o Bit das minas tem 80% de público feminino, o que me motiva muito”, destacou.

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No mundo físico, também existem mulheres empreendendo com as criptomoedas. Emilia Campos, consultora jurídica para assuntos disruptivos, achou uma forma de unir seu amor pelo direito com a sua nova paixão, os criptoativos.

“Uma vez, recebi um cliente no escritório que queria criar um fundo de investimentos em cripto e eu não fazia ideia do que aquilo significava, então comecei a estudar. Hoje, já fiz mestrado na área e me especializei muito”, conta. Apesar de Emilia não ter largado sua profissão para trabalhar com cripto, ela atende diversos clientes do ramo, dá palestras, participa de eventos e vive desse mundo.

Apesar de estar em um cargo alto, Emília diz sentir que o meio ainda é muito masculino, mas que há muito espaço para a entrada das mulheres.

Não diferente das outras, ao procurar conteúdos literários sobre o assunto, teve dificuldade. “Tudo que estudei era de fora do país, então sabia que eu tinha que escrever algo sobre o assunto, com um viés jurídico das criptomoedas, mas que fosse entendido por qualquer pessoa que quisesse ler”, afirma. Assim, nasceu o livro Criptomoedas e Blockchain: o Direito no Mundo Digital, que acompanha a advogada na sua jornada com as moedas digitais.

Conselhos para as iniciantes

Com grande experiência no mercado, um conselho em comum das cinco mulheres para as novatas no mercado é estudar muito antes de realizar qualquer operação de criptomoedas. O segundo é ter cautela. “Nem tudo que reluz é Bitcon”, comentam as meninas da UseCoin.

O terceiro é não acreditar em toda história que contam no mercado. Juntar o estudo com a cautela e mirar nas oportunidades que realmente são boas. “Não entre de cabeça em oportunidades que prometem rentabilidades astronômicas. Estude e avalie se aquilo faz sentido para você”, aconselha a criadora do Bit das minas.

E a última é para quem quer empreender nesse meio. Thata Saeter acredita que vale a pena entrar na área agora. “Crie uma carreira pensando nas possibilidades que surgem com as criptomoedas. Pode ser algo voltado para o direito, alguma tecnologia das criptos que você pode usar para outra finalidade, entre outras coisas. Estamos só começando e esse é o momento”, completa.