O primeiro passo para entrar no mundo das criptomoedas é escolher um método de investimento. Existem cinco maneiras mais conhecidas: através de exchanges convencionais, ETFs (fundos de índice), fundos de investimento, exchanges descentralizadas e peer-to-peer. Embora todas apresentem vantagens e desvantagens, as exchanges convencionais e os ETFs são as mais utilizadas.
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Já os ETFs replicam um índice de referência, que oferece exposição a diversas criptomoedas, e a valorização do fundo acompanha a valorização do índice. O principal ETF de criptomoedas no Brasil é o Hashdex Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice, conhecido pelo código HASH11, que reflete o Nasdaq Crypto Index e é negociado na Bolsa de Valores. Sua composição abrange oito criptomoedas e é revista trimestralmente.
O investidor também deve avaliar o seu perfil antes de decidir quanto de sua carteira de investimentos irá dedicar às criptomoedas. “Algumas pessoas vão alocar 3%, 5%, e já será uma superexposição. Outros vão alocar 50% e estarão tranquilos com isso. Mas, no começo, é importante se expor de uma forma modesta, com 2%, 3%, para começar a conhecer um pouco”, diz Paulo Aragão, cofundador da CriptoFácil.
Guilherme Baumworcel, professor de Gestão Financeira do Ibmec-RJ, argumenta que o investidor deve alocar uma quantidade de dinheiro que esteja disposto a perder. Ele lembra que as altcoins, como são chamadas as criptomoedas alternativas ao bitcoin, podem sair “dos centavos aos milhares de dólares, e retornar aos centavos de novo”, e são investimentos de grau avançado.
Por causa dos riscos, ambos os profissionais aconselham começar por bitcoin e ethereum, por serem as moedas mais consolidadas no mercado, apesar de também apresentarem grande volatilidade em comparação com os ativos tradicionais. Para adentrar o mundo das altcoins, Aragão recomenda estudar os projetos de cada moeda, tendo em vista que eles podem estar atrelados a finalidades diferentes, como o metaverso e De-Fi. Entre as principais altcoins, ele cita Solana (SOL), Polkadot (DOT), The Sandbox (SAND) e Decentraland (MANA).
Garantindo segurança
O estudo, inclusive, é uma das principais recomendações dos especialistas: “Antes de qualquer coisa, para quem está começando a investir em criptomoedas, a minha recomendação é estudar, fazer cursos, etc. É um mercado muito jovem ainda”, diz Baumworcel. “Depois, sim, se cadastrar em uma das exchanges e pesquisar no site da CVM [Comissão de Valores Mobiliários] se existe alguma restrição quanto àquela exchange ou não.”
Ainda assim, a segurança não é garantida. As criptomoedas fazem parte de um setor descentralizado, sem qualquer tipo de autoridade monetária responsável por fiscalizá-lo. Portanto, se um investidor optar por alocar o seu dinheiro em uma exchange e ela perder os ativos sob sua custódia, não há como recuperá-los.
“Algo muito forte na comunidade hoje é o conceito de ‘not your keys, not your coins’ [as chaves não são suas, as moedas não são suas’]. Ou seja, quando você mantém as suas criptos em custódia em uma corretora, a posse das criptos está com a corretora”, diz Aragão. “Você tem a promessa de saque. Mas e se a corretora for hackeada, ou você sofrer um ataque de phishing e perder a sua senha? Acaba tudo.”
Para diminuir o risco de perda, o analista recomenda adquirir uma carteira física, como as famosas hardwallets, que são utilizadas para guardar a chave privada que dá acesso às criptomoedas de um investidor. A grande vantagem desse meio é que ele não está conectado à internet, e, por isso, não pode ser hackeado. Assim, em vez de manter os ativos em posse da exchange, o investidor os mantém consigo, e utiliza a exchange apenas para negociação.
Ambos especialistas dizem que não existe um “bom momento” para começar a investir em criptomoedas, embora os períodos de baixa geralmente sejam recomendados para compras. Em outubro, foi lançado o primeiro ETF de futuros de bitcoin nos Estados Unidos, o ProShares Bitcoin Strategy, o que forneceu um impulso adicional à moeda e a levou para máximas históricas.
“Esses ativos estão sempre crescendo”, diz Aragão. “Inclusive, essa é uma das maiores vantagens das criptomoedas. Pode haver muita oscilação a curto e médio prazo, mas se olharmos um recorte maior, de três anos para cá, a tendência é sempre de valorização.”
Ganhos passados não garantem ganhos futuros, mas o crescimento constante também é o que motiva Baumworcel a dizer que “o momento certo é quando você tem disponibilidade para investir e estudar”, apesar de lembrar, mais uma vez, que o investidor deve estar preparado para perdas.