Em 2019, a Campden Wealth estimou que havia 7.300 escritórios dedicados à gestão dos investimentos de apenas uma família (há evidências de que esse número já aumentou). Se cada um deles possuísse US$ 11 milhões em criptomoedas, juntos eles seriam donos de US$ 80,3 bilhões nesses ativos.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Somente na América do Norte, cerca de um em cada três “family offices” investem em criptomoedas. Os bilionários norte-americanos que não possuem um escritório para gerir suas fortunas são exceção. Esse tipo de empresa foi inventado nos EUA pela família Rockefeller no século passado.
Cada vez mais sofisticados, os “family offices” agora têm equipes inteiras dedicadas a administrar bilhões em bens privados, embora raramente façam anúncios ou divulguem seus resultados.
Os family offices querem mais criptomoedas
Essa opinião é compartilhada por muitos no mundo dos “family offices”. Dos entrevistados pela empresa, 28% disseram que planejam aumentar seus investimentos em criptomoedas no próximo ano, alguns deles de forma substancial.
“Inicialmente, pensávamos em uma alocação de US$ 2 ou US$ 3 milhões. Agora, o investimento médio vai de US$ 5 milhões a US$ 10 milhões, e estamos vendo alguns grandes alocadores que estão exigindo dezenas de milhões [de dólares] como investimento inicial mínimo”, diz Anatoly Crachilov, CEO da Nickel Digital, uma administradora de ativos digitais que trabalha principalmente com “family offices”.
Vários bilionários, incluindo Alan Howard e Paul Tudor Jones, têm sido publicamente otimistas com relação ao bitcoin. “Eles foram os primeiros a perceber que a pandemia acabaria por gerar inflação. Foram eles que introduziram as criptomoedas como parte da alocação de seu portfólio”, disse Crachilov.
Por que alguns bilionários estão se livrando das criptomoedas
Mas nem todos os gestores de fortunas familiares são tão otimistas em relação às criptomoedas. Globalmente, 4% dos “family offices” disseram que diminuirão sua exposição a esses ativos no próximo ano.
“Não vemos as criptomoedas como moedas porque são muito voláteis”, disse um membro de uma família cuja fortuna é gerida por um “family office” em Ohio. “Como pode ser uma moeda quando flutua dessa forma? Nós nunca vamos embarcar nessa.”
“Como acontece com qualquer ativo volátil, hedging e diversificação são fundamentais”, disse Chi-man Kwan, CEO e cofundador do Raffles Family Office em Singapura.
Preocupado com a possibilidade de uma repressão regulatória às criptos, o UBS alertou seus clientes para evitarem a moeda. Poucos bancos ou gestores de patrimônio oferecem aos clientes produtos próprios de investimento de criptomoedas. O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, é famoso por ter dito que o investimento em bitcoin é “sem valor” e comparável a fumar.
Embora os “family offices” tenham tido um retorno médio de 40% dos investimentos em criptomoedas, os resultados desse movimento são mistos, diz Rebecca Gooch, diretora sênior de pesquisa da Campden Wealth. “Vimos pessoas que ganharam muito no ano passado e vimos outras que não se saíram tão bem.”
Mas, apesar disso, Gooch diz que os “family offices” estão apenas “testando as águas” dos investimentos em criptomoedas. Se os retornos continuarem a tornar seus clientes bilionários mais ricos, os escritórios podem alocar muito mais recursos em criptomoedas, levando sua participação no mercado para além dos 4%.