Ibovespa vira e fecha no azul após anúncio do Fed; dólar recua 1,43%

3 de novembro de 2021

O Ibovespa fechou hoje (3) próximo da estabilidade, com leve alta de 0,06%, a 105.616 pontos, acompanhando os mercados externos. O Federal Reserve, banco central norte-americano, confirmou a sua tão esperada redução de estímulos à economia dos Estados Unidos, em um processo conhecido como “tapering”, que se iniciará ainda em novembro, e terminará na metade do ano que vem.

A sessão foi marcada por grande volatilidade, com as ações de maior peso do índice fechando em queda. A Vale (VALE3) liderou as maiores perdas e despencou 7,59%, pressionada pela queda do preço do minério de ferro. A Petrobras (PETR4) caiu 4,11%, na esteira do forte declínio dos preços do petróleo no exterior. Do lado positivo, o Itaú (ITUB4) fechou em alta de 0,95%, antes da divulgação de seu balanço do terceiro trimestre.

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No cenário doméstico, as atenções se voltam para a votação da PEC (proposta de emenda constitucional) dos Precatórios, que tem chances de ocorrer ainda hoje, mas sem quórum garantido para aprovação. Em uma semana com feriado na terça-feira, a possibilidade de comparecimento alto é tradicionalmente mais baixa. O governo busca a aprovação da PEC para viabilizar a criação do novo programa social Auxílio Brasil, que substituirá o Bolsa Família.

Entre os destaques positivos do Ibovespa estão as ações da Lojas Americanas (LAME4), da Locaweb (LWSA3) e do Grupo Soma (SOMA3), que fecharam em alta de 13,33%, 9,07% e 8,90%, respectivamente. O bom desempenho da Lojas Americanas ocorre após avanço no processo de fusão entre a empresa e a Americanas, e a sinalização de que a companhia segue planejando listar suas ações nos EUA.

Em Wall Street, os índices fecharam no azul. O Dow Jones subiu 0,29%, a 35.157 pontos, o S&P 500 registrou alta de 0,65%, a 4.660 pontos, e o Nasdaq avançou 1,04%, a 15.811 pontos.

O otimismo veio depois que o Fed anunciou planos para começar a reduzir suas compras de títulos, decisão que investidores de forma geral já esperavam. A redução começará no final deste mês, com US$ 15 bilhões, sendo US$ 10 bilhões em Treasuries (títulos do Tesouro americano) e US$ 5 bilhões em bônus atrelados a hipotecas.

O Fed também manteve sua avaliação de que a inflação alta se provará “transitória” e provavelmente não exigirá um aumento rápido das taxas de juros. A inflação medida pelo PCE, índice preferido do Banco Central dos EUA, está o dobro da meta desde maio, mas as autoridades estão relutantes em mudar seu cenário de política monetária até que esteja claro que o ritmo de aumentos de preços não irá enfraquecer sozinho.

“O mercado ainda enxerga que o comunicado foi leniente com a ameaça da inflação, e ‘aposta’ que o Fed está cometendo um erro de política monetária e terá que apertar os juros à frente”, diz João Beck, economista e sócio da BRA.

O dólar fechou em queda de 1,43%, negociado a R$ 5,5892, com o mercado realizando lucros com a decisão de política monetária nos Estados Unidos, e após uma ata do Copom considerada mais dura, que evidenciou que o Banco Central avaliou acelerar a alta da Selic para além do ajuste de 1,5 ponto percentual que adotou. (Com Reuters)