Mesmo que o resultado tenha trazido prejuízo ou queda nos lucros, analistas acreditam que ainda não seria hora de se desfazer dos papéis dessas companhias. Pedro Serra, gerente da Ativa Investimentos, considera ser importante avaliar todo o setor nos quais essas empresas estão inseridas antes de tomar uma decisão.
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Em 11 de novembro, por exemplo, o Magazine Luiza divulgou queda de quase 90% no lucro líquido, passando de R$ 215,9 milhões em 2020 para R$ 22,6 milhões em 2021. Entre a quinta-feira e a sexta (12), os papéis da varejista tiveram desvalorização de 18,3%. E nesta semana, caíram mais 31,58%, de acordo com o fechamento de ontem, e estavam a R$ 9,47 às 11h de hoje.
Na avaliação do analista da Ativa, é natural que a comparação com 2020, no caso do varejo digital, apresente queda em 2021, devido à reabertura da economia, que faz com que consumidores voltem a gastar com restaurantes e viagens, diminuindo aportes no varejo, e à alta na taxa de juros ocorridas nos últimos meses. “O e- commerce sofreu muito na Bolsa, mas, no caso da Magalu, vale a pena confiar na empresa. Ela caiu muito nos últimos dias, porém para aqueles que esperam investimento no longo prazo ainda é uma boa opção”, diz.
Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos, também pontua o aumento da concorrência no setor, com o crescimento da operação do Mercado Livre e da Amazon no Brasil. Apesar disso, também enxerga a Magalu de modo otimista. “É uma empresa com caixa e fundamentos sólidos para lidar com a concorrência acirrada. Deve atravessar um cenário complicado até meados de 2022 e então se recuperar”, afirma.
Somado a isso, o desempenho das lojas físicas da companhia também decepcionaram o mercado, ainda que o varejo online tenha apresentado crescimento. “As lojas físicas têm um percentual maior na receita e não conseguiram acompanhar o online, o online sozinho não foi suficiente para compensar as lojas físicas e os dois juntos não compensam as provisões trabalhistas que ainda devem durar por meses”, analisa.
Este cenário, junto com o aumento na taxa de juros e redução nas vendas do varejo nacional, faz com que Zonaro não recomende o investimento em ações da empresa. “Investir em Via Varejo pode ser uma medida muito arriscada”, diz. Nesta semana, as ações da companhia acumulam queda de 9,08% e às 12h de hoje estavam cotadas à R$ 5,61.
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Chinchila, da Terra, explica que as altas inflacionárias dificultam o consumo no setor. “Com menor poder de compra, a população está passando por uma mudança de comportamento e buscando preços melhores no atacarejo, como Atacadão e Assaí”, diz.
Neste cenário, as marcas Pão de Açúcar e Carrefour têm desempenhos afetados, além de sofrerem com o aumento dos preços de importação de produtos. A mudança do comportamento do consumidor deve permanecer mesmo no pós-pandemia, com a previsão de que a inflação só deve começar a se comportar em 2023, ressalta o analista.
Serra, da Ativa, pontua que não é que os investidores devam vender a participação acionária nestas empresas. “Elas estão passando por um momento ruim, mas não são companhias endividadas e continuam gerando caixa”, comenta.
Chinchila, por sua vez, também ressalta a queda nas exportações ao mercado chinês como um dos motivos para o prejuízo da BRF, mas reforça que a empresa “já passou por crises piores, tem um histórico de fundamento e solidez e está preparada para lidar com as dificuldades da inflação”. A recomendação do analista é de manutenção da posição acionária na companhia.
As surpresas negativas foram além dos setores de varejo e alimentos. Companhias da área de saúde também enfrentaram balanços ruins. A HapVida, por exemplo, teve queda de 82,4% no lucro líquido, e a NotreDame Intermédica, prejuízo de R$ 90,7 milhões.
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Ainda assim, o analista tem uma visão otimista para as empresas. Serra ressalta que ambas as companhias estão crescendo e fazendo aquisições. “O setor público não tem mais capacidade para investir em saúde. Essa lacuna é ocupada por empresas privadas”, afirma.