A lira atingiu 17,0705 por dólar, desencadeando uma intervenção direta do banco central no mercado para sustentar a combalida divisa – sua quinta tentativa neste mês de resolver o que chamou de preços “não saudáveis”.
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Nesse nível, a lira ainda perdia 55,7% de seu valor neste ano – incluindo 38% apenas nos últimos 30 dias -, perturbando profundamente a economia local. A lira também despencava 52% em relação ao euro e 54% ante a libra esterlina neste ano.
A decisão de Erdogan de ultrapassar 500 pontos-base de flexibilização monetária desde setembro, incluindo outro grande corte ontem (16), fez a inflação disparar acima de 21%. E é provável que atinja 30% no ano que vem devido ao aumento dos preços de importação e a uma elevação emergencial do salário mínimo, dizem economistas.
“Com Erdogan aparentemente se tornando mais entrincheirado em sua postura antitaxa de juros, a depender do tempo que durar a crise monetária a Turquia poderá ir a um ponto sem volta”, disse Patrick Curran, da Tellimer, descrevendo a lira como totalmente desligada dos fundamentos.
O rápido e surpreendente colapso do mercado superou a crise cambial da Turquia em 2018, que desencadeou uma breve, mas profunda recessão.
Os títulos soberanos da Turquia denominados em dólares sentiam a pressão, com algumas emissões de prazo mais longo em queda de até 1,3 centavo, de acordo com a Tradeweb. Os spreads sobre os títulos do Tesouro dos EUA aumentaram para 579 pontos-base no índice JPMorgan EMBI, com alta de 28 pontos-base em relação ao fechamento da última sexta-feira.
Os credit default swaps de cinco anos subiram 3 pontos-base na quinta-feira, para quase 529 pontos-base, máxima desde 6 de dezembro, mostraram dados da IHS Markit.
O banco central interveio quatro vezes no mercado de câmbio nas últimas duas semanas, vendendo dólares para desacelerar a queda da lira e consumindo suas já esgotadas reservas internacionais.