Apesar dos aumentos de preços vistos desde a queda da noite de sexta-feira (3), o preço do bitcoin caiu mais de 10% em comparação com sete dias atrás, e quase 30% em relação ao seu máximo histórico de quase US$ 70.000,00 registrado em novembro.
Enquanto isso, a maioria das grandes criptomoedas, incluindo ethereum, BNB (da Binance), solana, cardano, XRP (da Ripple) e dogecoin, também caíram drasticamente. Fazendo com que o mercado perdesse cerca de US$ 300 bilhões em questão de dias. Algumas criptomoedas menores, como a luna, da Terra, e a matic, da Polygon, resistiram à tendência de perdas e registraram ganhos de 30% em relação à semana passada.
As quedas dos preços do bitcoin, do ethereum e dos criptoativos em geral foram atribuídas a temores a respeito da propagação da variante Ômicron, da Covid-19. Outro fator que contribuiu para as perdas foi a expectativa de que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, possa acelerar seus planos de retirar os incentivos monetários diante do cenário de inflação crescente e da retomada do mercado de trabalho.
“Os ativos digitais foram pressionados pelas condições de risco mais amplas relacionadas à Ômicron e pelas expectativas de um Fed mais agressivo”, avalia Martha Reyes, chefe de pesquisa da Corretora e Câmbio Bequant.
Nesta semana, o Índice de Volatilidade CBOE (VIX) atingiu seu nível mais alto desde janeiro após os investidores se surpreenderem com o aumento do risco, embora Reyes espere que a incerteza seja de curta duração.
Outros identificaram semelhanças entre a liquidação de criptoativos desta semana com a queda generalizada das bolsas de março de 2020, causada pela pandemia do novo coronavírus.
“A situação atual se assemelha muito ao que aconteceu em março de 2020. Estamos vendo as ações saindo das altas recentes e despencando 5%, e a negatividade se espalhando para outros mercados, incluindo o de ativos digitais”, aponta Anto Paroian, diretor de operações do fundo de cripto Ark36, por email. Ele ressalta também as oscilações violentas nos preços do bitcoin durante o verão do hemisfério norte e “como o mercado se recuperou depois disso”.
No entanto, Paroian alerta que a negociação de bitcoins e criptoativos em geral pode enfrentar mais problemas nas próximas semanas e meses, já que a volatilidade deve seguir assustando os investidores.
As cotações das criptomoedas são em grande parte determinadas pelo preço do bitcoin. Com uma capitalização de cerca de US$ 1 trilhão, o bitcoin é de longe a maior criptomoeda atualmente. Já o ethereum, que tem valor estimado em cerca de US$ 500 bilhões, fica em segundo lugar. Esses dois ativos compõem, juntos, mais da metade de todo o mercado, que vale cerca de US$ 2,2 trilhões.
No entanto, a parcela do mercado dominada pelo bitcoin encolheu no ano passado, à medida que moedas menores obtiveram ganhos exagerados graças à expansão dos tokens não fungíveis (NFT) e ao aumento do interesse em finanças descentralizadas (DeFi). Neste segundo caso, a tecnologia é utilizada para recriar serviços financeiros tradicionais, sem a necessidade de utilizar bancos.
O ethereum, a maior plataforma de NFT e DeFi (junto com seus principais rivais, o BNB da Binance, o solana e o cardano), registrou crescimento de três dígitos nos últimos meses. E alguns investidores otimistas esperam que continuem a subir.
Green espera que o solana, o rival do ethereum que cresceu quase 10.000% desde o último ano, supere o bitcoin e o ethereum em 2022.
“É provável que o solana supere o bitcoin e o ethereum novamente no ano que vem”, acrescentou Green, apontando para a “relação custo-benefício” do solana e para o “impulso de expansão do DeFi, onde os investidores de varejo buscam cada vez mais oportunidades alternativas de financiamento e os investidores institucionais continuam a lucrar.”