As ações da Virgin Galactic subiram 33% ontem (15) e chegaram à máxima mensal de US$ 10,91 depois de a empresa anunciar que começará a vender passagens para seus primeiros voos comerciais ao espaço a partir de hoje (16).
A viagem de 90 minutos custará US$ 450 mil, ou R$ 2,3 milhões por pessoa – é a primeira vez em seus 17 anos que a Virgin Galactic abre as vendas ao público.
Com a valorização dos papéis, a fortuna do fundador Richard Branson, de 71 anos, subiu para US$ 5,4 bilhões (cerca de R$ 27,8 bilhões).
Em comunicado, a empresa afirmou que planeja vender mil passagens para os primeiros voos comerciais, que sairão do estado de Novo México, nos EUA, e estão programados para “o final deste ano”.
A Virgin afirma que os passageiros vão ter a experiência de gravidade zero e desfrutarão de vistas da Terra “de tirar o fôlego”.
A alta de ontem (16) quebrou um forte movimento de queda das ações da Virgin Galactic, que recuaram cerca de 80% após atingirem o recorde histórico de US$ 57,51. O pico foi registrado em junho passado, quando investidores apostaram nos papéis em meio à expectativa em torno da histórica primeira viagem de Richard Branson ao espaço.
Apesar da valorização, os analistas ainda não estão muito otimistas com a empresa espacial do bilionário. Douglas Harned, da Bernstein, reduziu o preço-alvo das ações da empresa de US$ 22 para US$ 10 na semana passada, e afirmou que não espera que a empresa atinja o “break even” (ponto de equilíbrio, quando não há prejuízos, nem lucros) até 2027.
Harned disse que a oferta de títulos de dívida de US$ 425 milhões anunciada no mês passado indica que a empresa pode precisar de mais dinheiro no curto prazo do que o esperado. No meio do ano passado, a Virgin Galactic levantou US$ 500 milhões de investidores, uma captação que acabou causando forte queda nas ações.
Os papéis da Virgin Galactic passaram por uma montanha-russa durante a pandemia. Eles quase triplicaram de valor no primeiro trimestre de 2021, quando investidores de varejo apostaram em papéis muito vendidos a descoberto, mas depois tiveram forte queda quando a empolgação do mercado passou.
A crescente indústria em torno da exploração espacial também tem sido volátil, embora em menor grau. O ETF S&P Kensho Final Frontiers, de US$ 21 milhões, cujas principais participações incluem Virgin Galactic, Maxar Technologies e Lockheed Martin, caiu quase 15% em relação ao recorde histórico de 2021.
Com o anúncio de ontem (15), a Virgin Galactic se junta a outras empresas fundadas por bilionários que competem para levar turistas ao espaço. Em setembro, a concorrente SpaceX, fundada por Elon Musk, fez história com a primeira tripulação espacial composta apenas por civis. O empresário e bilionário Jared Isaacman comandou a expedição por um preço não revelado.
Enquanto isso, o fundador da Amazon, Jeff Bezos, diz que sua Blue Origin faturou perto de US$ 100 milhões com vendas de passagens aeroespaciais.
A fanfarra em torno do setor em expansão ajudou as empresas de infraestrutura espacial a levantarem um recorde de US$ 14,5 bilhões em investimentos privados no ano passado, mais de 50% a mais do que no ano anterior, de acordo com um relatório da empresa Space Capital.
Apesar do ano recorde, a Space Capital alertou que uma enxurrada de empresas espaciais recém-listadas, incluindo muitas que só irão lucrar daqui muitos anos (como a Virgin Galactic), podem ser afetadas negativamente pelo aumento das taxas de juros.
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