É importante entender que as rodadas de investimentos não são empréstimos. Ou seja, os investidores não estão emprestando dinheiro que será devolvido depois, e sim fazendo investimentos com a finalidade de participarem nos ganhos futuros da empresa.
“Esses aportes costumam ser estruturados de acordo com o nível de maturidade e grau de risco das investidas. Quanto mais inicial é a empresa, menor é a rodada”, explica Bernardo Martins, head de educação do Grupo Solum.
Quais são os tipos de rodadas de investimentos?
Pré-seed: Indicado para projetos ainda incipientes, que estão em busca de recursos para validar um modelo de negócio. A aposta é principalmente na ideia dos fundadores, e menos em dados ou indicadores concretos.
Aqui, é comum haver o envolvimento de investidores-anjo, que são pessoas físicas com capital próprio que, além de oferecerem recursos financeiros ao empreendimento, trazem valor agregado através de suas experiências e expertises. Também pode haver capital de amigos ou familiares.
Os valores de investimento normalmente chegam a até R$ 1 milhão nesta etapa.
Também é comum que sejam realizadas mais pesquisas sobre o mercado-alvo e a adequação do produto, conceito conhecido como “product-market fit”. O empreendedor já deve estar preparado para mostrar aos investidores as projeções do negócio e as oportunidades disponíveis.
Os valores de investimento costumam ficar entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões.
Série A
Indicada para negócios que já alcançaram o mercado almejado e buscam tração para atingir novos consumidores ou lançar novos produtos.
Os valores ficam entre R$ 5 milhões e R$ 40 milhões.
Série B
Indicada para negócios que buscam acelerar o ritmo de crescimento. Essa é a rodada inicial da fase de escala mais acentuada.
“É importante haver a consolidação dos processos internos para a escalabilidade que virá no médio prazo”, explica Camila Nasser, CEO da plataforma de investimentos Kria. “Como os aportes aumentam, o nível de governança esperada pelos investidores também aumenta.”
Série C e seguintes
Indicada para negócios em crescimento acelerado, que buscam uma maior profissionalização e consolidação no mercado em que atuam. Também pode envolver expansão para mercados internacionais ou estratégias de fusões e aquisições.
Nessa etapa, investidores buscam empresas que possam receber investimentos bilionários e garantir retornos exponenciais. Os aportes podem chegar às centenas de milhões de reais.
As próximas rodadas são Série D, Série E, Série F e assim por diante, até a empresa realizar um IPO (oferta pública inicial).
Variáveis a considerar
A trilha de captação descrita acima, porém, não é obrigatória. Como explicam os especialistas consultados pela Forbes, algumas empresas iniciam a captação a partir da Série A, enquanto outras são adquiridas antes de chegarem na Série C.
“Não existe um caminho ideal, mas acelerar o crescimento é um imperativo desse mercado”, afirma Nasser. “O único ponto de atenção é crescer com eficiência, pois muito dinheiro disponível também pode atrapalhar.”
Nesse sentido, é importante avaliar bem quem serão os investidores escolhidos. Os especialistas citam o conceito de “smart money”, que prevê a busca por investidores qualificados que trazem um know-how específico do mercado visado pela empresa, bem como uma rede de contatos relevantes, mentoria e suporte em geral.
Segundo um estudo da plataforma Distrito, as empresas brasileiras receberam R$ 48 bilhões em aportes em 2021, valor 2,5 vezes maior do que o registrado em 2020. Ainda assim, o valor é muito pequeno quando comparado ao dos Estados Unidos, onde os aportes excederam R$ 1,5 trilhão, segundo dados da CB Insights.
“O mercado de venture capital norte-americano é maior e mais maduro, representando cerca de 50% do total investido no mundo”, avalia Martins. “Por isso, ele é mais amplo e diverso, e existem investidores com teses de investimento mais sofisticadas e específicas.”
“Mas o mercado brasileiro vem crescendo e amadurecendo, e tem apresentado oportunidades interessantes para os empreendedores”, diz.