BCE busca estabelecer troca de dinheiro para refugiados ucranianos com garantia da UE

29 de março de 2022
Kai Pfaffenbach/Reuters

BCE planeja troca de moeda ucraniana por euros se UE cobrir o risco

O Banco Central Europeu está pronto para organizar um esquema para milhões de refugiados ucranianos trocarem sua moeda grívnia por euros se a União Europeia der ao BCE uma garantia de que cobrirá o risco do banco, mostrou um documento do BCE.

Quase 4 milhões de ucranianos fugiram da invasão russa para a UE, mas enfrentam problemas para trocar dinheiro porque poucos bancos querem comprar a moeda de um país devastado pela guerra.

Fontes disseram à Reuters neste mês que o BCE estava trabalhando em um mecanismo de conversão de moeda, mas o documento explica pela primeira vez as opções de como isso pode ser alcançado.

“A opção preferida seria que o BCE e os Bancos Centrais Nacionais do Eurosistema atuem como agentes fiscais da União”, segundo o documento do BCE, enviado à Comissão Europeia na semana passada e visto pela Reuters.

Sob esta opção, os governos da UE obrigariam o BCE a executar o esquema e, para se manter fiel ao veto de financiamento monetário dos governos pelo banco, forneceriam ao banco o dinheiro necessário para cumprir essa exigência.

“A opção alternativa é baseada em um mandato dado ao BCE pelo banco central da Ucrânia”, informou o documento do BCE.

O BCE assinaria um acordo com o banco central da Ucrânia para atuar como seu agente, e a UE, por meio de seu orçamento, estenderia uma garantia para cobrir o risco de o banco central ucraniano não conseguir honrar o acordo por causa da guerra.

O acordo incluiria a taxa de câmbio para a troca de grívnias em euros, o volume máximo e o tempo durante o qual o esquema estaria operacional.

Embora a proposta do BCE seja para euros, o banco disse que poderia ser estendida para incluir países da UE que não usam o euro.

A maioria dos refugiados foi para a Polônia, que diz ter recebido 2,3 milhões de pessoas até agora. Outros membros da UE, Romênia, Eslováquia e Hungria, também registraram um grande número de chegadas. Destes, apenas a Eslováquia pertence ao bloco de moeda única.

Uma autoridade da UE disse que havia amplo suporte entre os países do bloco para uma garantia ampla da UE proposta pelo BCE porque significaria que os riscos do esquema seriam compartilhados de forma mais igualitária entre os países da UE.

Neste momento afetam principalmente os bancos centrais nacionais nos países onde os refugiados são mais numerosos.

A proposta do BCE é separada de outro plano agora em consideração pelos governos da UE, segundo o qual cada refugiado ucraniano poderia trocar até 10.000 grívnias (311 euros) em uma moeda da UE por três meses, com cada país da UE lidando por conta própria com o risco financeiro da troca.