Guerra na Ucrânia mostra "fim da globalização como a conhecemos", diz comissário da UE

21 de abril de 2022

Guerra na Ucrânia pode impactar o mercado de fertilizantes em todo o mundo

Reprodução / Forbes

A Alemanha e vários outros países do norte da Europa se opõem fortemente a esse novo empréstimo conjunto

A guerra na Ucrânia mostrou as limitações da abordagem alemã de décadas de tentar mudar a Rússia por meio do comércio e significa o fim da globalização como a conhecemos, disse o comissário europeu de Economia, Paolo Gentiloni, hoje (21).

Falando no Instituto Peterson em Washington, Gentiloni disse que a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro também reformulará alianças globais e pressionará ainda mais as cadeias de suprimentos globais, já frágeis após dois anos da pandemia.

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“A noção de ‘Wandel durch Handel’, de trazer mudanças por meio do comércio, mostrou suas limitações”, disse Gentiloni, referindo-se à política da Alemanha em relação aos países do Leste Europeu iniciada no início dos anos 1970.

“Precisamos repensar nossas relações com regimes autocráticos e fortalecer nossos laços com parceiros que pensam da mesma forma”, acrescentou.

Durante décadas, a Alemanha manteve laços econômicos estreitos com Moscou, tornando-se fortemente dependente do gás, petróleo e carvão russos em uma política que agora torna difícil para a Europa parar de comprar energia russa e, portanto, parar de financiar indiretamente a invasão russa da Ucrânia.

“Esta crise também significará o fim da globalização como a conhecemos e vai rearranjar as alianças globais”, disse Gentiloni.

“A guerra e suas consequências –incluindo as sucessivas rodadas de sanções que a UE e os EUA têm imposto à Rússia– estão exacerbando as pressões sobre as já tensas cadeias de suprimentos globais”, disse ele.

Gentiloni disse que a invasão também forçou os 27 países da União Europeia a aumentar drasticamente os gastos com defesa, além do já grande investimento planejado para combater as mudanças climáticas e adaptar a economia à era digital.

Esses gastos podem precisar ser refletidos nas regras fiscais da UE que estão agora em revisão, disse ele, e possivelmente em alguns novos empréstimos conjuntos, possivelmente modelados no fundo de recuperação pós-pandemia da UE de 800 bilhões de euros de dívida conjunta.

“Estamos falando em mobilizar centenas de bilhões de investimentos adicionais a cada ano. Embora a maioria desses investimentos precise vir do setor privado, financiá-los exigirá uma estrutura mais favorável de regras fiscais e potencialmente novas ferramentas em nível europeu”, disse.

A Alemanha e vários outros países do norte da Europa se opõem fortemente a esse novo empréstimo conjunto.

Gentiloni disse que o custo da guerra da Ucrânia para a Europa dependerá de quanto tempo ela durar, mas que o apoio econômico e material à Ucrânia, a assistência aos refugiados, bem como o apoio contínuo à economia da UE para lidar com os altos preços da energia e interrupções na produção aumentará o déficit orçamentário agregado da UE em pelo menos 0,6% do PIB este ano.