Já para 2023, a projeção do banco para a alta do PIB foi cortada à metade, para 0,9%.
“Os recentes desdobramentos na frente externa estão beneficiando mercados emergentes não europeus, como o Brasil”, disse o BofA em relatório com data de segunda-feira. “Especificamente, o aumento dos preços das commodities é um choque positivo nos termos de troca, impulsionando a balança comercial do país, elevando a produção e desbloqueando investimentos incrementais no setor primário.”
Além de citar fatores exógenos, o BofA afirmou que “maiores estímulos fiscais anunciados pelo governo incrementarão a demanda agregada, ajudando a mitigar a deterioração das finanças das famílias”, com esse impacto devendo ser sentido principalmente no segundo trimestre deste ano.
O governo federal anunciou em março um pacote de estímulo à economia que inclui a liberação de recursos de contas do FGTS, antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS, criação de um programa de microcrédito digital e ampliação da margem de empréstimos consignados. O programa Auxílio Brasil também teve seu pagamento médio reajustado, aumentando as transferências de renda para os mais pobres.
Além disso, o governo ampliou o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no final do mês passado, depois de já ter reduzido alíquotas do PIS/Cofins sobre óleo diesel e gás de cozinha em meio à inflação elevada.
Mesmo assim, houve piora em sua projeção para o crescimento do ano que vem, a 0,9%, contra taxa de 1,8% prevista anteriormente. Isso porque o efeito cumulativo de juros mais altos só deve ter impacto mais forte na atividade econômica a partir do terceiro trimestre deste ano, o que deve ter efeito negativo para 2023.
“O consumo privado continuará sofrendo os efeitos defasados do aperto monetário no primeiro semestre de 2023, mas deve começar a se recuperar na segunda metade do ano”, disse o BofA, que espera que a taxa Selic chegue a 13,25 no mês que vem e recue a 10,5% ao longo de 2023.
(Por Luana Maria Benedito)