IPCA-15 sobe mais que o esperado e tem maior alta em 6 anos

24 de maio de 2022
Ricardo Moraes/Reuters

Placas sinalizam preços da mercadoria em mercado do Rio de Janeiro

O IPCA15 desacelerou em maio mas ainda assim teve alta acima do esperado e registrou o resultado mais intenso para o mês em seis anos, com a taxa acumulada em 12 meses bem acima de 12% e no maior nível em 18 anos e meio.

Em maio, a alta do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) desacelerou a 0,59%, de 1,73% no mês anterior, de acordo com dados divulgados hoje (24) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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Apesar do número mais baixo, a leitura mensal da prévia da inflação brasileira representa a maior variação para um mês de maio desde 2016 (+0,86%) e fica acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,45%.

Mesmo com o alívio, o índice passou a acumular em 12 meses inflação de 12,20%, o resultado mais alto desde novembro de 2003, quando chegou a 12,69%. A expectativa para o dado em 12 meses era de alta de 12,03%.

Isso representa quase 2,5 vezes o teto da meta oficial para a inflação este ano, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

Reajustes de preços vêm garantindo a persistência das pressões inflacionárias no país, bem como o cenário internacional com lockdowns na China e sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia.

Em maio, o item de maior influência no IPCA15 foi produtos farmacêuticos, com aumento de 5,24% nos preços após reajuste de até 10,89% autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Isso levou o grupo Saúde e cuidados pessoais a registrar avanço de 2,19%, a maior alta, de acordo com o IBGE.

Também se destacou a alta de 1,80% do grupo dos Transportes, embora tenha desacelerado em relação à taxa de 3,43% de abril. A maior contribuição para o grupo veio do item passagens aéreas, cujos custos dispararam 18,40%.

Os combustíveis também seguiram em alta, de 2,05% no mês, mas bem abaixo dos 7,54% do mês anterior, com aumentos de 1,24% da gasolina e de 7,79% do etanol.

Mas em maio a entrada em vigor da bandeira tarifária verde para as contas de energia impediu um salto ainda maior do IPCA15, após seis meses de bandeira “Escassez Hídrica”. A energia elétrica registrou queda de 14,09%, levando o grupo Habitação a uma deflação de 3,85% no mês.

Em sua luta para reduzir a inflação, o Banco Central já elevou a taxa básica de juros Selic a 12,75%, e reconheceu que há uma deterioração na dinâmica inflacionária do Brasil, apesar do ciclo “bastante intenso e tempestivo” de ajuste nos juros.

Uma política monetária mais apertada tende a moderar os gastos dos consumidores e, consequentemente, conter a alta dos preços, mas por outro lado restringe a atividade econômica.