Presidente do BC do Japão pede desculpas por dizer que as pessoas estão começando a aceitar altas de preços

7 de junho de 2022

 

Por Leika Kihara e Daniel Leussink

TÓQUIO (Reuters) – O chefe do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda, pediu desculpas nesta terça-feira por afirmar na véspera que as famílias estavam se tornando mais receptivas aos aumentos de preços, o que provocou críticas e ressaltou a sensibilidade do público ao aumento do custo de vida.

O comentário foi feito em um momento sensível para o governo do primeiro-ministro Fumio Kishida, que enfrenta críticas crescentes para enfrentar o aumento dos custos de alimentos e combustível antes da eleição para a câmara alta no próximo mês.

“Lamento que a expressão tenha causado algum mal-entendido”, disse Kuroda a repórteres, acrescentando que havia sido inapropriado para ele dizer que as famílias estavam se tornando mais receptivas aos aumentos de preços.

Mais cedo, o legislador da oposição Kenji Katsube, um dos vários políticos que questionaram Kuroda no Parlamento, disse que a declaração do presidente do Banco do Japão mostrou que ele “não entende como o público se sente” sobre os aumentos de preços.

Segundo a agência de notícias Kyodo, o ministro do Comércio, Koichi Hagiud, afirmou, em resposta às perguntas dos repórteres sobre o comentário: “Desvia um pouco da realidade”.

A observação também provocou críticas nas mídias sociais, com respostas usando a hashtag “Não podemos aceitar aumentos de preços”.

Um usuário escreveu: “Estamos comprando mercadorias porque são necessidades diárias, não porque estamos aceitando” preços mais altos. “Todos estão sofrendo.”

Outro escreveu: “Somente pessoas ricas como você puderam poupar durante a pandemia do coronavírus”.

Embora tenha admitido que suas palavras possam ter sido inadequadas, Kuroda disse que a observação se destinava a ajudar a explicar a necessidade de mais crescimento salarial.

O núcleo dos preços ao consumidor no Japão subiu 2,1% em abril na base anual, excedendo a meta de inflação do banco central pela primeira vez em sete anos, devido principalmente ao aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis.