Dados divulgados nesta semana mostraram que o salto dos preços ao consumidor norte-americano acelerou para uma taxa de 9,1% nos 12 meses até junho, o que levantou a possibilidade de o Fed optar por um aperto monetário maior, de 1 ponto percentual, na próxima reunião de política monetária.
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O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que está entre os principais defensores de aumentos de juros maiores e mais rápidos, disse que a leitura de inflação “pressionada” de 9,1% para junho justifica subir a meta da taxa de fundos federais a intervalo entre 3,75% e 4,00% até o fim deste ano, 0,50 ponto percentual acima de seu objetivo anterior para o encerramento de 2022.
“O Fed tem de reagir… traçando um curso um pouco mais agressivo no segundo semestre deste ano”, disse Bullard em evento organizado pelo European Economics & Financial Centre em Londres.
Mas ele também se disse indiferente sobre se o banco central dos EUA deveria promover um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa de juros neste mês, como algumas autoridades sinalizaram, ou um acréscimo de 1 ponto percentual.
Em comentários separados em um fórum organizado pelo Tampa Bay Business Journal, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, alertou contra um movimento “muito dramático” por parte do banco central, porque poderia minar as fortes contratações e outras tendências positivas ainda vistas na economia.
Embora Bostic não tenha endossado explicitamente aumento de 75 pontos-base na reunião deste mês, seus comentários pareciam se afastar de um acréscimo maior dos juros em julho.
As declarações foram as últimas antes de os formuladores de política monetária entrarem em um período de silêncio, no qual devem se abster de falas públicas na semana anterior à reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do banco central, em Washington.
Profissionais vinham se inclinando para um salto de 1 ponto percentual desde a divulgação do índice de preços ao consumidor, na quarta-feira.
Cenário-base
Tanto Bostic quanto Bullard reiteraram o firme compromisso do Fed de aumentar as taxas de juros o quanto for necessário para controlar a inflação, com Bostic dizendo que “se a economia se mover de maneira consistente com a nossa meta de (inflação de) 2%, vamos parar. E se não se mover, não vamos.”
Esse compromisso contrasta com as crescentes preocupações de que os esforços do Fed –que já provocaram grandes saltos nas taxas de hipotecas residenciais e outras formas de crédito que afetam diretamente os resultados financeiros das famílias e das empresas– levarão a economia à recessão.
Dados divulgados nesta sexta-feira mostraram que áreas importantes da economia ainda parecem resilientes.
As vendas no varejo se recuperaram em junho, embora tenham caído ligeiramente em uma base ajustada pela inflação, enquanto um índice de manufatura do Fed de Nova York registrou ganhos inesperados.
Enquanto isso, uma medida observada de perto das expectativas de inflação ao consumidor melhorou em junho, o que o vice-presidente da ISI Evercore, Krishna Guha, considerou um “alívio sortudo” para as autoridades do Fed preocupadas com a perda de controle da perspectiva de inflação e que precisam agir de forma mais agressiva para mantê-la “ancorada”.
Em comentários ao site de notícias online Newsy, a presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, disse nesta sexta-feira que, com a economia e o mercado de trabalho fortes, “não estou preocupada em exagerar” e provocar uma recessão.
O Fed não vai subir os juros para um “intervalo extremo”, afirmou. “Estamos falando em aumentar a taxa de juros de quase zero, que é onde estava durante toda a pandemia que acabamos de passar, para algo mais na faixa de 3%… eu não tenho uma recessão no topo da minha lista de possíveis resultados.”