“Certamente, neste segundo semestre começa uma operação no México”, afirmou o presidente-executivo do Mercado Bitcoin, Reinaldo Rabelo, em entrevista à Reuters, acrescentando que a discussão com reguladores mexicanos está em fase final.
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O executivo afirmou que não é necessariamente uma aquisição específica no setor criptoativos, mas será uma que permitirá levar a plataforma do Mercado Bitcoin para o México. O país tem sido o destino preferido de fintechs brasileiras que buscam expansão regional, pelo tamanho de sua economia e proximidade aos Estados Unidos. O mercado mexicano é explorado atualmente por fintechs brasileiras como Nubank, Mercado Pago, Ebanx e Creditas.
Um ano atrás o Mercado Bitcoin recebeu um aporte de R$ 1 bilhão (US$ 200 milhões) do SoftBank Latin America Fund, recursos que tinham como potencial destino expansões na América Latina e crescimento por meio de fusões e aquisições, entre outros planos.
Mas Rabelo disse que o grupo está “olhando com mais cautela para o mercado latino-americano em função do cenário macroeconômico”. Atualmente, na região, o Mercado Bitcoin opera apenas no Brasil.
Volumes
Neste ano, o bitcoin acumula queda em torno de 50%, negociado a US$ 23,849 – distante da máxima histórica de US$ 69 mil registrada em 2021. No mês passado, chegou a US$ 17.592, mínima intradia desde de 2020.
Na plataforma do Mercado Bitcoin, segundo Rabelo, a queda nos volumes transacionados foi “bem semelhante” aos movimentos registrados no mercado brasileiro e no mundo de criptomoedas. Ele não forneceu dados sobre 2022. Em 2021, o volume negociado na plataforma da empresa foi de R$ 40 bilhões.
A norte-americana Coinbase, umas das maiores exchanges de criptoativos do mundo, reportou US$ 309 bilhões em volume transacionado no primeiro trimestre de 2022, de 335 bilhões um ano antes e 547 bilhões no trimestre encerrado em dezembro de 2021.
Mas o executivo ressaltou que essas crises de baixa vão acontecer outras vezes. “Essa maré de baixa vai passar e vamos viver outros momentos de empolgação”, acrescentou.
Dentro de casa
Rabelo afirmou que não acredita em uma consolidação no setor de criptoativos, com apenas um vencedor, e que “dificilmente” o grupo fará alguma aquisição de corretora para consolidar mercado no Brasil.
“Nós vamos observar grandes vencedores regionais, e no mercado brasileiro, na América Latina, também vamos ver alguns vencedores ofertando serviços cripto para todo o resto do mercado… E nós queremos ser um desses vencedores.”
Tal reestruturação, contudo, não contempla nenhum desinvestimento, disse o executivo, acrescentando que se trata de uma reorganização mais em função de desaquecimento do setor.
“É natural que quando tem um mercado demandando muito você precisa de uma operação mais robusta. Se o mercado desaquece, não há necessidade de manter essa plataforma (tão robusta)…para um mercado que não está pedindo tanto.”
IPO
O executivo afirmou que uma oferta inicial de ações (IPO) é uma opção “bem distante” no momento e que tampouco se aventa uma nova rodada de captação para o Mercado Bitcoin. Ele citou o ambiente desfavorável para esses tipos de operações, mas principalmente o fato da companhia estar capitalizada após captações no ano passado.
A norte-americana Coinbase, que estreou no mercado acionário norte-americano no ano passado, viu suas ações desabarem neste ano, acompanhando a correção negativa nos preços de criptomoedas.
O aporte do SoftBank no ano passado avaliou o Mercado Bitcoin em mais de US$ 2 bilhões, via sua holding 2TM. E, para Rabelo, não há justificativa para uma redução nesse “valuation”, pelo contrário. “Acreditamos que é mais”, afirmou, citando a expansão da empresa desde então e os planos à frente.
“Se conseguirmos entregar, executar bem o que nós planejamos, tem tudo para ter um ‘valuation’ melhor e não uma reavaliação para baixo”, disse, referindo-se a planos como o aumento da participação das operações com tokens no resultado e da atuação no mercado de investimentos e de startups.
Regras
“Nós estamos falando sobre alguém que entram em uma briga totalmente fragilizado, que é o empreendedor brasileiro, contra gigantes do mercado global, que chegam no Brasil com a oportunidade de não ter regra nenhuma, inclusive dos investimentos que fazem no Brasil. É uma disputa desleal que a gente vive quando se depara com essa situação.”
Um projeto de lei que regulamenta e disciplina o mercado de criptomoedas no Brasil aguarda votação na Câmara dos Deputados.