No Brasil, como os tributos estão embutidos diretamente no preço dos produtos, a mordida do Leão é menos visível.
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A profundidade da mordida
Para romper essa inércia, Nathalia lançou uma série documental de quatro episódios em seu canal de finanças no YouTube, o Me Poupe!. Intitulada “Os Caminhos do Dinheiro” a série, que custou R$ 700 mil para ser produzida, pretende tornar os brasileiros mais conscientes da profundidade da carga fiscal.
“Você sabe quanto imposto você paga de verdade? Sabe que o sabonete que você usa tem 40% de imposto? Que a energia que ilumina sua casa tem mais de 50% de tributos?”, pergunta ela. “Cinco meses do nosso salário são destinados a pagar esses impostos, então tornar isso visível faz parte da nossa missão.
A influenciadora afirma que essa discussão é ainda mais relevante em um momento eleitoral e de tanta polarização política. “É fundamental que as pessoas comecem a pensar em quanto dinheiro estão entregando ao governo e como ele está sendo usado”, diz ela.
Consciência dos impostos
“Nós queremos que o público entenda para onde vai o seu dinheiro, como ele é direcionado, quais são as formas de tributação, por que esse dinheiro não retorna, e muitas outras coisas que não são claras, mas deveriam ser”, afirma Arcuri.
Os gargalos tributários
Na série, a influenciadora vai explicar que há três grandes gargalos no sistema tributário brasileiro. O primeiro é que a estrutura é muito complexa. “Nós temos 90 impostos, contribuições e taxas. Só por aí você já percebe o quanto é complexo.” Não por acaso, uma das principais reclamações dos empresários brasileiros é terem de manter equipes enormes e caras apenas para cuidar da papelada
O segundo problema é a falta de visibilidade para o contribuinte de quanto dinheiro está sendo gasto com impostos. Ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos, a fatia do dinheiro pago que vai para o governo está embutida nos preços dos produtos. “A situação é muito menos transparente”, diz.
Impostos regressivos
Apesar de os trabalhadores com salários mais baixos pagarem menos Imposto de Renda, a carga tributária em produtos (como alimentos e energia) e serviços (como transportes) é, proporcionalmente, maior do que para quem recebe salários maiores.
Além de apresentar a estrutura e o peso dos impostos, a influenciadora traz sugestões para a discussão. Para Arcuri, a única solução é algo difícil e que vem sendo tentado há décadas: uma reforma tributária. Ela poderá tornar o sistema menos assimétrico e a tributação menos regressiva.
“Não adianta fazer remendos, reduzir um imposto aqui e aumentar outro lá”, diz. “O endividamento público é gigantesco, então é urgente mudar de fato o sistema.”