As sobrinhas alegam que Leprino e suas duas filhas, que possuem 75% da Leprino Foods, lucraram de maneiras impossíveis. Já a Leprino Foods sustenta que os acionistas minoritários sempre receberam sua parte justa. O julgamento deve começar no dia 28 de novembro em Denver, Colorado, e a petição inicial sugere que o tribunal tome a decisão incomum de dissolver a empresa.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
James Leprino assumiu os negócios da família em 1958 e transformou a mercearia de seus pais imigrantes em Little Italy, em Denver, em um império de queijos. A empresa privada produz 85% do queijo para pizza nos EUA, com clientes que incluem as maiores redes do país, como Domino’s, Pizza Hut, Little Caesar’s e Papa John’s.
A Leprino também é uma grande vendedora de soro de leite, um subproduto de queijo usado em produtos alimentares infantis, shakes de proteína e iogurtes.
A Leprino Foods possui mais de 50 patentes e vende mais de 450 mil toneladas de queijo por ano, com US$ 3,5 bilhões em receita anual estimada. James Leprino, 84 anos, não é fotografado em público desde 1978. Ele tem uma fortuna estimada em US$ 1,9 bilhão.
Quando Mike Lepri morreu em 2018, sua parte foi para fundos destinados às suas três filhas. Nancy e Mary Leprino estão processando o tio. Outra das filhas, Laura, não faz parte do processo.
A denúncia diz que James Leprino e suas filhas alavancaram sua participação majoritária e votaram individualmente para administrar a empresa, recebendo a maior recompensa financeira proveniente da Leprino Foods e ignorando os acionistas minoritários.
O principal exemplo do processo é de 2017. Na época, o conselho aprovou uma distribuição especial de dinheiro isento de impostos aos acionistas com a troca do regime fiscal da empresa. De acordo com o processo, a Leprino Foods teria pago US$ 405 milhões a James e seus filhas e US$ 135 milhões para as três filhas de Mike.
O processo alega que Nancy e Mary foram mantidas fora do acordo de empréstimo e não sabiam disso até lerem o relatório financeiro anual da empresa – embora o processo de descoberta legal tenha apresentado uma nota que sugere que Nancy ouviu sobre o plano.
Como a Leprino Foods historicamente reinveste seus lucros e raramente distribui dividendos a seus acionistas, as sobrinhas dizem que um acordo como esse teria sido uma das únicas maneiras de ganhar dinheiro adicional com sua propriedade de longo prazo.
A Leprino Foods responde que, desde que Nancy e Mary se juntaram como acionistas por meio de seus fundos em 2013, mais de US$ 250 milhões foram distribuídos aos minoritários.
“Minhas clientes simplesmente querem ser tratadas com justiça”, disse um advogado dos acionistas minoritários à Forbes. “É disso que se trata o litígio.” O advogado disse que as sobrinhas estavam abertas a discutir o acordo antes do início do julgamento.
Os acionistas majoritários dizem que não se importam se o caso for a julgamento. Eles argumentam que o caso nada mais é do que uma forma dos acionistas minoritários os forçarem a comprar suas ações herdadas ou monetizar os ativos e sacar.
Cliff Stricklin, advogado da Leprino Foods e acionistas majoritários da King & Spalding, com sede em Denver, disse que a liderança da empresa e os mais de 5 mil funcionários estão sempre comprometidos em fazer a coisa certa.
Um tribunal agora decidirá se essas ações equivalem à violação de seu dever fiduciário por parte dos interessados majoritários. James Leprino não construiu a Leprino Foods nas últimas seis décadas sem dar algumas cotoveladas.
O caçula de cinco filhos de um imigrante italiano que não sabia ler nem escrever em inglês, Leprino cresceu enrolando bolas de muçarela com sua família para vender na mercearia de seus pais.
Depois que se formou no ensino médio em 1956, ele começou a trabalhar com seu pai no supermercado em período integral. À medida que batalhava no negócio, Leprino percebeu que seus amigos estavam passando seu tempo livre nas pizzarias do bairro.
O momento não poderia ser mais perfeito. No mesmo ano, surgiu a primeira Pizza Hut, em Wichita, Kansas. Então, um ano depois, Mike e Marian Ilitch abriram o primeiro Little Caesar’s, nos arredores de Detroit.
Mais um ano se passou e a Domino’s começou a entregar pizzas em Ypsilanti, Michigan. Depois de dois anos no negócio, a Leprino Foods estava entregando 90 quilos de muçarela em bloco por semana para restaurantes italianos locais. O rápido crescimento dessas redes lançou uma das maiores guerras de território na história da comida americana.
A Pizza Hut acabou se tornando o maior cliente de Leprino. A pizzaria abriu seu capital em 1972 com cerca de 1 mil lojas e, em seu auge na década de 1990, respondeu por 90% das vendas da Leprino.
Com uma patente em vigor, Leprino tornou-se indispensável. Essa patente e outras ajudaram a proteger a Leprino de concorrentes menores que não conseguiam acompanhar a tecnologia desenvolvida pela Leprino Foods, nem lutar contra a gigante no tribunal de patentes.
Os bens provenientes do império de muçarela de Leprino são vastos. A Leprino Foods possui três aviões particulares – um Gulfstream G450, um jato Bombardier e um pequeno avião de passageiros de 1980. A casa de Leprino no afluente subúrbio de Indian Hills, em Denver, tem 11 quartos, e ele também possui uma casa de férias em Scottsdale, Arizona.
O filho do imigrante disse que não tem intenção de se aposentar. O plano de sucessão de Leprino tem sido simples: ele dividirá o controle entre suas duas filhas, que trabalharam na empresa ao longo dos anos, mas nunca assumiram cargos executivos, além de serem membros do conselho.