“Vemos os resultados do terceiro trimestre das empresas brasileiras como sólidos, mesmo sendo uma temporada um pouco pior do que a anterior”, escrevem os analistas da XP Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig em relatório.
Quanto aos setores, a XP analisa que as empresas do agronegócio, alimentação e bebidas, saneamento e transportes foram as que reportaram um lucro operacional acima das expectativas. Já companhias de bens de capital e do setor financeiro desapontaram em suas entregas.
Durante a temporada de balanços do terceiro trimestre, o Ibovespa caiu 5,9%, pressionado pelas preocupações com a subida de juros nos EUA, as eleições por aqui e, mais recentemente, com as discussões sobre a política fiscal do governo eleito.
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Já para a Genial Investimentos, esta temporada de balanços trouxe uma visão neutra das empresas, mas com viés negativo.
“Apesar da manutenção do nível de receitas, a queda dos preços das commodities e o impacto dos juros reduziram a capacidade de geração de caixa das companhias”, diz o relatório.
Em números gerais, a Genial calcula que as receitas permaneceram estáveis no terceiro trimestre (3T22), com queda de 0,58% na comparação com o segundo trimestre, porém com a alta de 8,95% na comparação com o 3T21. Excluindo Petrobras e Vale, o crescimento é mais significativo: alta de 7,10% trimestre a trimestre e 13,75% ano a ano.
Filipe Villegas escreve em relatório da Genial que o número que mais preocupou foi o de crescimento da alavancagem – indicador que mede a dívida líquida em relação ao lucro operacional (Ebitda). O crescimento da alavancagem foi de dois dígitos na comparação trimestral (+21,91%) e na comparação anual (+70,33%).
“Ao longo dos últimos meses, o aumento das taxas de juros levou ao aumento das despesas e custos financeiros, impactando a rentabilidade e as margens das empresas. Por conta da maior alavancagem, tanto o Ebitda quanto o lucro por ação apresentaram variações negativas no período”, escreve Villegas.
Destaques setoriais dos balanços do 3T22
Varejo: Grupo Soma (SOMA3) e Vivara (VIVA3) apresentaram bons números, segundo a XP. Dentre as varejistas tradicionais, Magazine Luiza (MGLU3) entregou “uma importante recomposição de margens devido ao ganho de escala do digital e melhor performance de lojas físicas”, escreve Villegas.
Bancos: o Banco do Brasil (BBAS3) foi o principal destaque, com crescimento na carteira de crédito e aumento da margem financeira.
Agro, alimentos e bebidas: a Ambev (ABEV3) apresentou um desempenho sólido, com a operação brasileira melhor do que o esperado e capaz de compensar um desempenho fraco das unidades internacionais.
Transporte e logística: JSL (JSLG3) apresentou resultados muito fortes no 3T22, entregando um ótimo mix entre crescimento orgânico e inorgânico, para a Genial, e a Rumo (RAIL3) também reportou bons resultados, com forte desempenho de receita, segundo a XP.
Energia elétrica: AES Brasil (AESB3) colheu os frutos do cenário hidrológico mais favorável, apresentando o dobro de margem operacional líquida frente um ano atrás.