IPCA deixa 3 meses de quedas para trás e sobe mais que o esperado

10 de novembro de 2022
REUTERS/Ricardo Moraes

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou a subir 0,59% em outubro

Os preços ao consumidor brasileiro voltaram a subir em outubro e mais do que o esperado, deixando para trás três meses seguidos de quedas, uma vez que a redução dos combustíveis não foi suficiente para compensar a pressão dos alimentos.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou a subir 0,59% em outubro, informou hoje (10) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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A inflação volta a pressionar os bolsos dos brasileiros depois de os preços terem recuado por três meses seguidos, graças a medidas do governo e à queda nos custos de combustíveis, o que foi bastante alardeado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) antes de ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Presidência.

Ainda assim, a inflação em 12 meses foi abaixo de 7% pela primeira vez desde abril de 2021 ao registrar taxa de 6,47%, contra 7,17% em setembro. É o resultado mais fraco desde os 6,10% vistos em março de 2021.

Ainda assim, Lula deve assumir seu segundo mandato com a inflação acima da meta –de 3,5% para este ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

As expectativas em pesquisa da Reuters eram de altas de 0,48% na comparação mensal e de 6,34% em 12 meses.

Outubro teve como destaque a alta de 0,72% do grupo Alimentação e Bebidas, que exerceu o maior peso no índice do mês ao deixar para trás o recuo de 0,51% de setembro.

O resultado de alimentos foi puxado pela alta de 0,80% de alimentação no domicílio, sob pressão de batata-inglesa (23,36%) e tomate (17,63%).

Transportes também se destacou com alta de 0,58% em outubro, de uma queda de 1,98% antes. Isso porque as passagens aéreas dispararam 27,38% e os combustíveis reduziram o recuo a 1,27%, após deflação de 8,50% em setembro.

Gasolina (-1,56%), óleo diesel (-2,19%) e gás veicular (-1,21%) seguiram trajetória de queda, mas o etanol teve alta de 1,34%.

“Há um claro contraste, porque alimentação e transportes, os dois grupos de maior peso, tiveram variação negativa em setembro e altas em outubro”, disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

O resultado do IPCA mostra que os efeitos da redução da alíquota de ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações estão se dissipando, o que deve impedir novos registros de queda para o IPCA.

A alta mais intensa em outubro partiu do grupo Vestuário, de 1,22%, com as roupas masculinas avançando 1,70% e as femininas, 1,19%.

No final de outubro o Banco Central decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano, na última reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom) antes do segundo turno das eleições presidenciais, ressaltando que a inflação continua alta, com reduções concentradas em uma parcela dos preços.

Pesquisa Focus realizada pelo BC com uma centena de economistas mostra que a expectativa do mercado é de que a inflação encerre este ano a 5,63% e o próximo, a 4,94%.

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