O acordo avalia a empresa em US$ 2,8 bilhões (R$ 29 bilhões), incluindo US$ 250 milhões (R$ 1,34 bilhão) que a Estée Lauder receberá da Marcolin, marca italiana de óculos que detém a licença da linha da Tom Ford.
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Ford possuía quase 64% da empresa de acordo com registros de 2013, e ele não parece ter vendido nenhuma de suas ações desde então. Ele também possui duas casas, uma em Holmby Hills, em Los Angeles, e outra no Upper East Side de Nova York, que valem US$ 65 milhões (R$ 350 milhões). Ao todo, o fundador da companhia agora vale cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,4 bilhões).
Ford não é o único que ganhou dinheiro com a venda. A varejista de luxo italiana Zegna detinha 15% da empresa, avaliada em US$ 345 milhões (R$ 1,8 bilhão) antes dos impostos.
O antigo parceiro de negócios da Ford, Domenico De Sole, detinha pouco mais de 11% da empresa, agora avaliada em US$ 259 milhões (R$ 1,39 bilhão) antes dos impostos.
A Tom Ford lucrou US$ 96 milhões (R$ 516 milhões) e faturou US$ 1,7 bilhão (R$ 9,1 bilhão) em 2021, de acordo com o último relatório anual apresentado pela Zegna, de capital aberto, que manterá uma licença de longo prazo para as roupas e acessórios da marca.
O ano passado marcou uma reviravolta em relação a 2020 e 2019, quando a marca registrou perdas líquidas. A Tom Ford tem 98 lojas em vários países, incluindo China, Itália, Japão, Rússia, Suíça e Emirados Árabes Unidos.
Ford permanecerá como um “visionário criativo” até o fim de 2023, de acordo com o comunicado anunciando o acordo. “Eu não poderia estar mais feliz com essa aquisição, já que a The Estée Lauder Companies é o lar ideal para a marca”, disse Ford no anúncio. “Eles têm sido parceiros extraordinários desde o primeiro dia da criação da empresa e estou emocionado em vê-los se tornarem os administradores de luxo neste próximo capítulo da marca Tom Ford.”
Quem é Tom Ford?
Ele então se transferiu para a Parsons School of Design, estudando arquitetura nos campus da universidade de Nova York e Paris.
Seu interesse pela moda começou quando ele tirou um ano da faculdade para trabalhar na assessoria de imprensa da casa de moda de luxo francesa Chloé, em Paris. Após a formatura, ele conseguiu um emprego trabalhando para a designer de roupas esportivas Cathy Hardwick.
Ford teve sua primeira grande chance em 1990, quando se mudou para Milão para trabalhar como designer de moda feminina para a Gucci. Ele rapidamente subiu na hierarquia, tornando-se diretor de design em 1992 e diretor criativo da marca em 1994.
Mas a oferta pública colocou a empresa na mira de titãs da moda que farejavam uma oportunidade.
Em janeiro de 1999, Bernard Arnault – o presidente e CEO do conglomerado de luxo LVMH, agora com um patrimônio estimado em US$ 176,1 bilhões – adquiriu uma participação de mais de 5% na Gucci.
Logo depois, Arnault comprou outra participação de 9,5% de Patrizio Bertelli, o bilionário co-CEO da Prada.
Um mês depois, em março de 1999, outro bilionário da moda francesa – François Pinault, fundador do grupo de luxo Kering, agora com um patrimônio estimado em US$ 36,8 bilhões – comprou uma participação de 40% na Gucci por US$ 3 bilhões, ou US$ 5,4 bilhões hoje.
Isso ajudou a Gucci a expandir e adquirir a Yves Saint Laurent em 2000, com Ford elevado ao cargo de diretor criativo de todo o grupo. Mas a batalha entre os dois magnatas franceses pelo controle da Gucci continuou até 2001, quando Pinault comprou metade da participação de Arnault na Gucci por US$ 752 milhões (US$ 1,3 bilhão ajustado pela inflação) e concordou em comprar as ações restantes da marca até 2004.
De 1994 – quando Ford se tornou o diretor criativo da Gucci – até 2003, as vendas da empresa cresceram quase 1.200%, chegando a quase US$ 3 bilhões.
Em março de 2005, Ford partiu por conta própria e estabeleceu sua própria marca, com De Sole assumindo o cargo de presidente da nova empresa.
A primeira loja de Ford foi inaugurada em Nova York em 2007, ano em que vendeu uma participação de 25% na marca ao Grupo Amorim por um valor não revelado. Em 2015, a Amorim vendeu 15% para a Zegna, ficando com 10% da Tom Ford.
Ao longo dos anos, Ford também fez investimentos em arte e imóveis: em 2010, ele teria vendido um autorretrato de Andy Warhol por US$ 32,6 milhões. Ele também era dono do Rancho Cerro Pelon no Novo México – que serviu como local de filmagem para filmes como Silverado e Thor – até vendê-lo por um valor não revelado em janeiro de 2021.
Não está claro o que o futuro reserva para a Ford além de 2023, quando seu papel na Estée Lauder terminará. Não importa o que ele escolha fazer, o bilionário recém-criado estará cheio de dinheiro.
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