Esse assunto parece ser restrito às rodas de conversa dos economistas. Porém, a definição dos juros, aqui e nos
Estados Unidos, terá um impacto profundo no seu bolso, mesmo que você não tenha um centavo investido. Essas decisões vão influenciar a inflação e os juros ao redor do mundo, afetado a vida de praticamente todo mundo. Não, não é exagero. Leia o texto até o fim.
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Brasil
A expectativa dos especialistas é de uma inflação de 5,74% para este ano. A meta de inflação é de 3,25%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, a inflação esperada está praticamente um ponto percentual acima do teto permitido.
Portanto, dependendo do comportamento dos preços nos próximos meses, o mais provável é que a Selic fique onde está (ou até suba) durante algum tempo. E com isso encerramos a avaliação do que deve ocorrer em Brasília e vamos prestar atenção no que interessa: o movimento dos juros americanos.
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Estados Unidos
Por quê? Simples. Na sexta-feira (27) foi divulgado o índice Personal Consumption Expenditure (PCE), que é o índice usado pelo Fed para avaliar sua meta de inflação. O PCE de dezembro mostrou que a inflação em 2022 foi de 5,0%. A meta do Fed é 2% – ou seja, nesse aspecto, a vida de Roberto Campos Neto, presidente do BC, está um pouco mais tranquila que a de Jerome Powell, seu colega americano.
Portanto, os juros nos EUA vão continuar subindo. A dúvida que – espera-se – será resolvida na reunião desta semana será o tamanho, a velocidade e a permanência dessa alta. Na reunião de dezembro do ano passado, os juros subiram 0,50 ponto percentual. E nas reuniões anteriores houve aumentos sucessivos de 0,75 ponto percentual.
Trajetória
Há uma quase unanimidade em uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros agora. Isso quer dizer uma desaceleração. A partir daí, tudo é indefinição. O Fed vai confirmar as expectativas do fim de 2022 e elevar os juros em 0,75 ponto percentual no decorrer de 2023? Ou a alta será mais modesta, de “apenas” 0,50 ponto percentual? Considerando-se a primeira hipótese, a alta será em três suaves prestações de 0,25, ou em uma parcela de 0,50 (como a última elevação, no início de dezembro) e outra de 0,25? E, finalmente, o Fed vai fornecer alguma estimativa de quando as taxas de juros americanas vão começar a cair?
Impacto sobre as economias
Se confirmadas, essas mudanças teriam um impacto catastrófico sobre as economias emergentes, Brasil entre elas. O dólar se apreciaria em relação às demais moedas, real inclusive, o que eleva a inflação devido à alta dos preços da comida e da energia. Sim, o valor pago pelo cafezinho, pelo arroz e feijão e pelo combustível dos veículos dependem dessa taxa. Isso quer dizer juros mais altos por aqui, e a economia mantida em marcha lenta por mais tempo.
Por isso, qualquer sinal de que a política monetária americana está surtindo efeito e desacelerando a economia (e a inflação) nos Estados Unidos é positivo para a economia e os mercados no Brasil. E se o Fed chancelar essa visão na reunião de quarta-feira, poderá destravar um movimento de valorização da bolsa que vem demorando para ocorrer. Não há dúvida de que as ações brasileiras estão sendo negociadas a preços descontados. No entanto, sem a entrada de recursos no mercado, esse desconto seguirá existindo.