Expectativa com alta de juros impede bolsas de sustentar lucros

30 de janeiro de 2023

Iniciando uma semana tensa para o Brasil e para o mundo, o mercado operou de lado com o Ibovespa fechando o dia em queda de 0,04% a 112.273,01 pontos. O volume financeiro somava R$ 25 bilhões. Investidores seguem receosos no aguardo da primeira “super Quarta” deste ano, que ocorrerá no dia 1. Nesse dia, se encerram as reuniões do americano Fed (Federal Reserve) e do BC brasileiro, que vão definir os juros para as próximas semanas.

Apesar de as expectativas do mercado sejam de manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano, as projeções seguem piorando. A edição de hoje do Relatório Focus, divulgada pelo Banco Central, indicam a sétima elevação consecutiva da expectativa de inflação neste ano. A projeção é de uma alta de preços medida pelo IPCA de 5,74%, ante 5,48% da semana passada. As projeções também subiram para 2024 e para 2026.

Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram

Por outro lado, pela primeira vez este ano, houve uma redução na projeção da taxa de câmbio para o fim de 2023, que agora prevê um preço médio de R$ 5,25, em contrapartida aos estáveis R$ 5,28 das últimas semanas. O PIB brasileiro também teve leve aumento nas projeções, de 0,79% da semana passada para 0,80%. A projeção para a Selic de dezembro se manteve estável em 12,50% ao ano.

Nos Estados Unidos, o prognóstico é que o Fomc (Federal Open Market Comittee) eleve os juros em 0,25 ponto percentual. Atualmente, os Fed Funds estão em 4,25% e 4,50% ao ano. Wall Street teve um dia de queda. Além dos receios com reunião do Fed, começou a semana mais movimentada da temporada de balanços, com números das BigTechs Amazon, Apple, Alphabet e Meta no radar do mercado.

Idean Alves, sócio da Ação Brasil, comenta: “O pregão de hoje sinaliza um dia de pouco apetite por risco nos mercados, com os investidores mais ressabiados, e preferindo “garantir o ganho” não só no Brasil, mas nos EUA também”. No caso do Brasil, Alves também acrescenta a questão da desconfiança do mercado sobre as novas políticas econômicas, que influenciam no volume das negociações. “Como o mercado é movido por expectativas, todos estão aguardando ansiosos, só que do lado de fora e com a pipoca na mão, preferindo comprar menos.”

Na Europa, os mercados acionários tiveram uma queda após dados de inflação mais elevados do que o esperado da Espanha alimentarem o nervosismo do mercado, à medida que investidores se preparam para uma série de aumentos nos juros de importantes bancos centrais nesta semana.

Na Ásia, as ações da China tiveram um dia de alta, uma vez que os fortes gastos dos consumidores e uma recuperação nas viagens durante o feriado do Ano Novo Lunar do país impulsionaram o sentimento dos investidores. O índice Hang Seng de Hong Kong, por outro lado, operou em queda após duas sessões de ganhos em que os mercados chineses estavam fechados.

(Com Reuters)