O evento, que a equipe apelidou de “tsunami”, devastou os negócios do Flow. O faturamento mensal, que era de R$ 1,5 milhão, caiu a zero. “Nossa meta de vendas de publicidade para o ano era de R$ 16 milhões e em janeiro já havia contratos de R$ 7,6 milhões assinados, mas foi tudo por água abaixo”, diz o CEO, André Gaigher. “Tínhamos 100 pessoas no time, com custos operacionais em R$ 1 milhão por mês, e de um dia para o outro não havia dinheiro para arcar com os custos”
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Gaigher, que havia se tornado CEO do conglomerado no início de 2021, se viu em uma saia justa, mas sabia que não poderia demitir ninguém. “Tínhamos acabado de dar aumentos para todo mundo e precisávamos reduzir os salários para manter o projeto de pé”, diz. “O salário do Igor foi reduzido de R$ 100 mil para R$ 10 mil por mês para que ninguém fosse demitido.”
O momento contou com a ajuda de alguns influenciadores como Thiago Nigro, conhecido pelo canal do YouTube de investimentos Primo Rico, que aportou R$ 500 mil no projeto, que foram revertidos em publicidade pouco tempo depois. O youtuber Davy Jones também fez parte do processo, além de outros apoiadores que fizeram parcerias comerciais. Apesar de todos os tropeços, o grupo encerrou 2022 com um prejuízo relativamente pequeno de R$ 2 milhões. E agora os executivos dizem esperar o começo de uma nova fase.
Retomada
A audiência se recuperou em outubro do ano passado durante a campanha eleitoral, quando um dos programas da casa, o Flow Podcast, conversou com todos os presidenciáveis. Apostando em conversas “amigáveis” e buscando a aproximação do público com o assunto, o Flow foi o podcast mais pesquisado no Google mundial em 2022.
A volta da audiência trouxe o fôlego necessário para a retomada de vários projetos que tiveram de ser adiados. “Com o interesse pelos programas voltados para as eleições, percebemos que as pessoas pediam por diálogos sinceros sobre o assunto e isso nos deu uma ótima ideia para um programa”, diz o fundador.
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Assim nasceu o Flow News, que deve estrear em março. A vertical vai englobar debates, notícias e assuntos que façam parte do dia a dia da audiência, no mesmo formato que acontecem os outros programas, com diálogos. Carlos Tramontina, ex-apresentador da Rede Globo, está em negociação para fazer parte do projeto, diz Igor com exclusividade para a Forbes.
Verticalizar é a palavra da vez do Flow, que quer se transformar em um ecossistema de mídia. “Queremos consolidar conteúdos que estejam fora do mundo dos podcasts”, diz Bruno Rissi, CFO da empresa. “Vamos lançar conteúdos para crianças, programas de notícias, vídeos, pílulas, e um reality show, previsto para o segundo semestre.”
Além das novidades, o hub de conteúdos já conta com outros oito programas em seu portfólio, que também devem ganhar mais destaque em 2023.
Grandes números
O faturamento já retornou ao nível de janeiro de 2022, com R$ 7 milhões em contratos assinados. Até o fim do ano, a expectativa é faturar R$ 30 milhões. Hoje avaliado em R$ 50 milhões, o Estúdios Flow vai buscar recursos de investidores de modo a poder colocar os planos em prática. “O nosso momento é de profissionalização, verticalização e estruturação,”, afirma o CFO.