Na ponta longa, as taxas também subiram, mas em menor amplitude, com investidores reagindo não apenas à decisão sobre a Selic (a taxa básica de juros) na quarta-feira (22), mas também à alta do dólar ante o real e aos receios de que a relação entre o governo Lula e o BC piore.
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Na noite de quarta-feira (22), o BC anunciou a manutenção da Selic em 13,75% ao ano – o que era largamente esperado – mas publicou um comunicado duro em relação ao cenário para a inflação. Contrariando expectativas do governo e de parte do mercado, o BC não passou indicações de quando começará o corte de juros.
Como a curva a termo vinha precificando nas últimas semanas chances maiores de o BC antecipar o corte da Selic, o comunicado abriu espaço para correções nos contratos de DI.
“O BC deixou a porta fechada para um corte de juros no curto prazo, mas a curva vinha aumentado as chances de isso acontecer nas próximas reuniões. Então, está havendo um ajuste, principalmente na parte curta da curva”, afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Na ponta longa, a expectativa de que a Selic seja mantida em patamar elevado por período prolongado deu suporte às taxas, assim como as preocupações em torno da relação entre governo e BC e a alta firme do dólar ante o real na sessão desta quinta-feira (23).
Ainda na noite de quarta-feira, a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, criticou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, nas redes sociais. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas ter considerado o comunicado do BC “muito preocupante” e que a autarquia poderá comprometer o resultado fiscal do país.
No fim da tarde desta quinta-feira, a curva a termo precificava 16% de chances de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de maio e 84% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.
Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – caía 12,00 pontos-base, a 3,38%.