Este foi um negócio diferente do padrão adotado pela L’Oreal nos últimos anos. Suas últimas aquisições foram de marcas menores para lançá-las internacionalmente e aumentar suas vendas. Foi assim com a empresa de cuidados para pele CeraVe, adquirida por US$ 1,3 bilhão (R$ 6,6 bilhões) em 2017.
A empresa apostou no marketing nas redes sociais e conseguiu que os produtos da CeraVe se tornassem virais no TikTok. O resultado foram estoques esgotados nos Estados Unidos nas principais varejistas, como Target e Walgreens. Em cinco anos desde a aquisição, a L’Oreal conseguiu aumentar as vendas da CeraVe em dez vezes, para uma receita superior a € 1 bilhão (R$ 5,56 bilhões).
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Com sede na Austrália, a Aēsop cresceu sob o guarda-chuva da Natura nos últimos dez anos. A empresa alcançou 29 mercados, aumentou sua rede de 60 para 400 lojas e sua receita cresceu dez vezes, para US$ 537 milhões (R$ 2,7 bilhões) em 2022 – com um crescimento médio de 20% ao ano com uma margem bruta de 87%.
No ano passado, a marca australiana abriu suas primeiras lojas na China, o principal mercado para crescimento de produtos de luxo no mundo. Segundo a consultoria McKinsey, o setor de luxo deverá crescer entre 5% e 10% em 2023, com destaque para a China, que tem um potencial de crescimento entre 9% e 14% após a reabertura com o fim da política Covid zero.
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Um dos principais apelos da Aēsop é a intersecção entre o segmento premium de seus produtos e a sustentabilidade. A empresa levanta a bandeira de matérias-primas veganas, com uma estética minimalista e conceitual, tanto nas embalagens quanto nas lojas.
A L’Oreal vê na Aēsop o potencial de outras marcas bilionárias que possui, como Lancôme, Kiehl’s e Yves Saint Laurent. Muitos analistas de ações no Brasil desaprovaram a venda pela Natura, por acreditarem que a Aēsop era a principal marca do portfólio com potencial de crescimento forte.
O movimento da L’Oreal de aquisição da marca australiana acontece em linha com o de outros pares concorrentes. A Estée Lauder comprou a Tom Ford por US$ 2,8 bilhões (R$ 14,2 bilhões) no ano passado, além disso adquiriu uma participação majoritária na Deciem por US$ 2,2 bilhões (R$ 11,2 bilhões) em 2021. Outra aquisição recente na casa dos bilhões foi a da Unilever pela Paula’s Choice, por US$ 2 bilhões (R$ 10,1 bilhões) em 2021.
“Existem dois critérios ao analisar possíveis aquisições: potencial de crescimento orgânico futuro e complementaridade ao nosso portfólio. A Aesop mais do que cumpre ambos”, disse Chapuy, ao The New York Times.