Após o não inicial, Falcão trabalhou em diversas outras vagas: uma agência concorrente, um hotel, no setor público. Até que, em 2006, um dos sócios da Top Mundo, Uirá Lima, fez uma proposta para a estudante de turismo trabalhar em sua agência. Falcão ingressou como estagiária e um ano depois foi efetivada no posto de agente de viagens.
“A empresa tinha uma estrutura enxuta, centralizada nos sócios, que eram pai e filho. Qualquer pessoa diria que era um emprego sem oportunidade de crescimento, mas eu gostava da área e do que eu fazia, então entendi que precisava criar a oportunidade que eu queria”, diz Falcão.
“Nem a graduação, nem os cursos de especialização em gestão de pessoas e negócios me preparam para o que viria. Aprendi muito na prática e com as dificuldades que surgiam. Na época não tinham muitas opções de franquias de turismo para me espelhar”, diz a executiva.
O cargo de CEO não surgiu de uma promoção oficial. Falcão conta que, conforme assumia mais papéis de liderança e controle da expansão das franquias, foi um processo natural. O próprio franqueamento ocorreu quando uma cliente questionou se a agência vendia franquias. A futura CEO respondeu que não. A cliente disse, então, que estava interessada em investir.
Aos 24 anos, em 2008, Falcão e o sócio Uirá Lima se dedicaram a formatar o que seria o modelo de negócios. “Eu não sabia nada do assunto, mas entendi que era minha oportunidade de crescer. Comprei um livro sobre franquias e estudei tudo que podia”, diz.
Quando estava tudo pronto, a primeira a investir foi a cliente de Falcão, que a essa altura já era gerente da agência, rebatizada Clube de Turismo. Atualmente, ela está entre as dez maiores microfranquias do país, segundo a ABF (Associação Brasileira de Franchising).
Modelo inovador
A Clube Turismo atua com três modelos de franquias: home office (para agentes pessoa física), home office prime (agentes pessoa jurídica), lojas (abertura de espaço por pessoa jurídica). Falcão lembra que, em 2009, quando instituíram o modelo de franquias, o futuro das agências de viagens era questionado devido ao crescimento dos sites.
“Fomos pioneiros na modalidade home office, pensando em franqueados que pudessem ingressar com pouco capital inicial”, diz a CEO. “Fazia muito sentido para o setor, com profissionais que atuam com muitas viagens e precisam de horários flexíveis”. Falcão atendia aos candidatos a franqueadores, fazia a seleção e o treinamento, além da sua atividade de agente de viagens.
Em 2012, três anos depois do início da rede, a Clube de Turismo já tinha lojas centrais do Amazonas, Tocantins e Piauí. Eram 70 lojas no total e mais de 200 profissionais associados à marca. Dez anos depois, ao fim de 2022, a empresa está presente em todo o país, com 564 franqueados.
A CEO não conta se teve baixas no período, mas a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) levantou que o total de agências de viagens que deixaram de existir no Brasil em 2020 foram 1.390.
Expansão
Segundo a Fecomércio, o faturamento do setor de turismo deve crescer 53,6% em 2023, quando comparado com 2022. A projeção de crescimento do Clube Turismo é mais modesta, de 16,4%, para R$ 156 milhões neste ano.
O objetivo de Falcão para os próximos anos é ousado: ser a maior franquia de turismo do país. Para isso, sua rede precisa de mais de mil franqueados. A meta deste ano é aumentar dos 564 para 700 com a inclusão de 136 franquias.