Os jovens da Geração Z deveriam se concentrar no autoconhecimento

5 de maio de 2023
Getty Images

A Geração Z quer trabalhar em algo que seja significativo e que esteja alinhado com seus valores pessoais

Como estou escrevendo um livro, recentemente tenho lido muitos artigos e pesquisas sobre os jovens da Geração Z e sua relação com saúde mental, trabalho, propósito e o mundo digital. Isso gerou em mim uma vontade enorme de falar sobre tudo o que tenho percebido sobre os jovens, sob a ótica de alguém que também é jovem e percebe as diferenças gritantes entre gerações, principalmente quando falamos sobre trabalho ou visão de mundo.

Eu gosto da seguinte frase: “o conhecimento é o caminho, o autoconhecimento é a transformação”. Autoconhecimento, então, é o conhecimento de si mesmo, e conhecer a si mesmo é o primeiro passo para qualquer decisão consciente e boa para si mesmo e para os outros. O conhecimento te mostra os caminhos para chegar nos seus objetivos, mas é apenas por meio do autoconhecimento que você consegue tomar a melhor decisão de qual caminho seguir e de como se transformar de uma forma positiva.

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Dito isso, o que a Geração Z, autoconhecimento e trabalho têm a ver? A resposta é simples: tudo. A Geração Z cresceu em um mundo onde a informação está disponível a qualquer momento, e isso os levou a questionar o status quo e buscar um significado maior na vida. Eles não estão mais dispostos a seguir uma carreira que não faça sentido para eles apenas por dinheiro ou estabilidade. Eles querem trabalhar em algo que seja significativo e que esteja alinhado com seus valores pessoais.

Propósito e impacto social

Uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey em 2020 mostrou que a Geração Z valoriza mais o propósito e o impacto social do que outras gerações. Segundo a pesquisa, 74% dos jovens da Geração Z acreditam que seu trabalho deve ter um impacto positivo no mundo, enquanto apenas 59% dos millennials, 48% da Geração X e 37% dos baby boomers pensam o mesmo. Essa é uma diferença significativa que mostra como a Geração Z tem uma visão diferente sobre o trabalho e o impacto que ele deve ter na sociedade.

Propósito, inclusive, é impossível de descobrir sem uma jornada de autoconhecimento. Conhecer a si mesmo, com a humildade de querer enxergar os erros e mudar para melhor, é a melhor forma para viver uma vida realizada, seja você da Geração Z ou não. Unir o autoconhecimento, propósito e trabalho é o único caminho para o sucesso. Digo isso porque minha visão de sucesso pode ser diferente da visão da maioria das pessoas. Sucesso, para mim, é ter a contínua intenção de querer ser melhor, alinhar suas atitudes aos seus valores, contribuir para sua família e para o mundo através do seu trabalho e continuar sendo relevante ao longo do tempo, cada vez de uma forma nova e melhor.

Por outro lado, se não estiver alinhada com autoconhecimento e atitude, essa busca por propósito e auto-realização é, na verdade, uma desculpa para a não ação. É uma desculpa para reclamar do mundo e criticar os outros diretamente do seu quarto que é custeado pelos pais até sua idade adulta.

Humildade e ação

Não adianta ser um ativista de sofá, um teórico de boca cheia, mas sem experiência alguma. Os jovens têm muito a acrescentar: por seu jeito inovador de enxergar as coisas, por sua inconformidade com o status quo, pela vontade de mudar o mundo. Porém, os jovens precisam se conhecer mais, olhar para dentro e enxergar verdadeiramente quem está em volta, carregar a humildade como carregam os celulares e agirem mais do que falarem.

Eu não sou pessimista em relação à Geração Z, especialmente porque eu faço parte dela. Porém, acredito que existe um caminho a ser percorrido para que tudo de tão magnífico que essa geração pode proporcionar deixe de ser teoria e se torne realidade. O caminho é tanto dos jovens, de serem menos egoístas, menos individualistas, mais proativos e com mais atitude, quanto das gerações anteriores, de tentarem entender o nosso mundo e abrirem espaço para que possamos falar, aprender, ouvir, receber conselhos, dar opiniões e fazermos a diferença.

Em resumo, a Geração Z não quer o dinheiro pelo dinheiro, ela quer mais. Quer as conquistas materiais e as subjetivas. E, sendo, eu mesma, uma jovem da Geração Z, preciso dizer: isso sim, para mim, soa como vencer.

Isabela Matte tem 24 anos, é empreendedora, mãe, mentora e influenciadora digital. Criou seu primeiro negócio aos 12 anos, foi reconhecida em 2018, através do ranking Forbes Under 30, como uma das jovens mais influentes do país, e, além de liderar 3 empresas, já ajudou mais de 6 mil alunas a empreender. Dentre suas iniciativas, é fundadora e CEO da Isabela Matte e Isabela Matte Academy.

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