Não são altas expressivas. Porém, considerando-se que o PIB estimado em 2022 foi de R$ 9,9 trilhões, essa diferença de 0,22 ponto percentual representa mais R$ 21,78 bilhões em circulação na economia. E também é uma alta surpreendente, porque os juros seguem no patamar elevado de 13,75% ao ano desde meados de 2022 e não há sinais de que eles venham a cair substancialmente.
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“Os dados recentes mostram que os bons resultados do agronegócio ajudaram no crescimento”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi, associação das empresas de financiamento. “Teremos um plantio e uma safra recordes neste ano, o que trará uma geração de renda expressiva no setor agrícola, o que irriga os canais da renda e estimula a economia.”
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Segundo Tingas, várias instituições financeiras revisaram as expectativa para cima, e já há bancos projetando um crescimento em média de 1,3% para este ano, acima da expectativa do Focus. “O próprio Ministério da Fazenda anunciou a revisão dos números para este ano, e o novo PIB projetado pelo governo é de 1,6%.”
Agronegócio e serviços
Carlos Pedroso, economista chefe do Banco MUFG Brasil, concorda com a avaliação, mas diz acreditar que esse resultado não será uniforme. “O crescimento de 2023 será muito concentrado no segmento do agronegócio, impactando a agropecuária e a indústria ligada ao agronegócio”, diz ele. “Trabalhamos com crescimento de 7,5% para a agropecuária e de 0,3% para a indústria.”
Pedroso afirma que o agronegócio é muito ligado ao setor exportador, assim o crescimento global e especificamente chinês são fundamentais para o seu desempenho. “Além disso, por serem produtos de primeira necessidade, são mais afetados pela renda disponível do que pelos juros”, diz ele.
Os números podem melhorar mais ainda no segundo semestre. Segundo Tingas, da Acrefi, as condições podem melhorar devido ao início do processo de redução de juros e de aprovação das novas regras fiscais, além da sazonalidade própria da economia – os negócios são mais dinâmicos na segunda metade do ano. “E as medidas de estímulo à demanda, como o Bolsa Família, começarão a fazer mais efeito no segundo semestre”, diz ele.