Um grande volume de documentos veio a público como parte do processo, incluindo um relatório de crédito do banco alemão Deutsche Bank. Este relatório levanta questões sobre se a Trump Organization pode ter enganado seus credores sobre a lucratividade de seu resort de golfe em Miami e de seu hotel em Washington, D.C.
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Alan Garten, diretor jurídico-chefe da organização de Trump, afirma que os dois conjuntos de números de lucro são calculados de maneiras diferentes, embora cubram os mesmos períodos e usem os mesmos termos financeiros. Ele sugere que os números fiscais incluem certos custos que são excluídos nos cálculos do Deutsche Bank. No entanto, ele não explicou por que os números eram relativamente consistentes em 2015 e 2016, mas divergiram drasticamente em 2017.
Modificar os números, como o lucro operacional líquido, é um grande problema. O Deutsche Bank, que tinha uma dívida de US$ 125 milhões relacionada ao resort de golfe de Trump em Miami, estava particularmente preocupado com algo chamado “índice de cobertura do serviço da dívida”. Esse índice avalia quanto dinheiro uma propriedade gera em relação às despesas da dívida. Esse indicador era tão relevante para o banco alemão que em um resumo do empréstimo no relatório de crédito, a instituição especificou uma única obrigação financeira: “O mutuário deve manter um índice de cobertura do serviço da dívida igual ou superior a 1,65”.
Se o lucro operacional líquido em 2017 fosse de US$ 13 milhões, como o Deutsche Bank acreditava, Trump facilmente atingiria o índice de 1,65. No entanto, se o verdadeiro lucro operacional líquido fosse de US$ 4,3 milhões, conforme indicado nos documentos fiscais, o índice teria caído para cerca de 1,13, o que quebraria o acordo financeiro. Uma nota separada no relatório indica que tal queda também teria acionado uma situação de inadimplência.
É difícil fazer uma comparação direta porque as demonstrações contábeis cobrem anos fiscais, enquanto os documentos do Deutsche Bank usam o ano calendário. No entanto, é improvável que o hotel tenha tido um desempenho tão ruim durante os dois anos fiscais, apenas para apresentar lucros muito maiores em 2017.