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Durante evento do jornal Correio Braziliense, em Brasília, Campos Neto afirmou que a questão fiscal segue como uma das principais preocupações no mercado brasileiro.
Ele não abordou o fato de a agência de classificação de risco S&P ter elevado, durante a tarde, a nota de crédito de longo prazo do Brasil para “BB”, ante “BB-“. No relatório citam a aprovação da reforma tributária – um dos projetos, na visão do governo, que podem impactar positivamente a área fiscal.
Em sua apresentação, porém, Campos Neto repetiu que não há uma relação “mecânica” entre a área fiscal e as decisões do BC sobre a taxa básica Selic. Também não existe entre o cenário externo e a política monetária.
Ao abordar o cenário externo, Campos Neto destacou as declarações recentes do chair do Federal Reserve, Jerome Powell. O mercado global interpreta essas declarações como indicações de que a instituição poderá iniciar o processo de cortes de juros já em março de 2024.
“Eles (membros do Fed) voltaram esta semana para tentar amenizar o discurso”, acrescentou Campos Neto. Ele se refere as declarações nos últimos dias de dirigentes do Fed que buscaram esfriar a euforia do mercado em torno da possibilidade de início do ciclo de baixa de juros em março.
O comentário de Campos Neto veio em um dia em que o Ibovespa renovou máximas históricas e se aproximou dos 132 mil pontos.
Inflação e PIB
Em sua apresentação, Campos Neto afirmou ainda que, ao contrário do que se projetava no início do ano, o BC pode não ter que “escrever uma carta” para justificar descumprimento da meta de inflação em 2023.
Pelas regras em vigor, sempre que ocorre descumprimento da meta de inflação o presidente do BC precisa escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda, para justificar o ocorrido.
“Estamos nos aproximando de um quadro em que isso (o BC não ter que escrever uma carta) é uma possibilidade real”, disse Campos Neto. Ele reiterou, contudo, que o BC ainda tem trabalho a fazer no controle da inflação.
O presidente do BC avaliou ainda que o Produto Interno Bruto brasileiro do terceiro trimestre veio acima das expectativas do mercado, com uma “surpresa boa” no consumo das famílias. Porém, ele afirmou que uma das preocupações recentes é com a queda dos investimentos. “Por outro lado, a produtividade subiu”, disse.
O PIB do Brasil registrou expansão de 0,1% no terceiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores, marcando o terceiro trimestre seguido de expansão. A taxa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contrariou a expectativa dos ouvidos na pesquisa da Reuters, de queda de 0,2%.