-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
A expectativa entre fabricantes e especialistas é que uma máquina produzida internamente volte a ser mais competitiva frente à importação, ajudando a frear o movimento recente de maior importação de equipamentos no setor. Geradores, contudo, chamaram a atenção para possíveis aumentos de custos dos projetos.
Leia também:
- Faturamento do varejo em dezembro sobe 1,1%
- Big Techs dos EUA rejeitam proposta de fiscalização
- Na China ações fecham em alta e minério de ferro cai
O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) anunciou no fim de dezembro mudanças na tributação sobre importações de painéis solares e aerogeradores, envolvendo o fortalecimento da produção nacional de equipamentos para geração de energia renovável.
A repercussão da medida entre o setor eólico foi distinta da vista na cadeia de energia solar, que é fortemente dependente da energia solar. A retomada das tarifas de importação para painéis foi comemorada pela indústria elétrica e eletrônica, mas criticada pela Absolar, que representa geradores, fabricantes e outros players do segmento, que disse ver um impacto em 18 GW de projetos da fonte.
A indústria eólica, já bem consolidada no Brasil, causou turbulências nos últimos anos, com ruptura nas cadeias de fornecimento aliada a uma pressão por mais entregas. Diante das dificuldades, duas gigantes mundiais, GE e Siemens Gamesa, interromperam suas atividades no país.
Segundo a associação de energia eólica ABEEólica, a medida do governo “corrige assimetrias”, uma vez que antes as empresas não pagavam imposto para importar máquinas inteiras, mas eram tributadas na compra de componentes para sua produção local.
Ela ressaltou ainda que o Brasil vem batendo recordes no setor eólico, tendo instalados 4,8 gigawatts (GW) em aerogeradores em 2023, apesar do contexto mais desafiador para o desenvolvimento de novos projetos em virtude da sobreoferta de energia no país.
“Em uma fotografia de curto prazo, vemos uma demanda mais baixa, mas o cenário é outro no médio e longo prazo”, ressaltou o presidente da ABEEólica.
Para a fabricante dinamarquesa Vestas, a medida garante isonomia competitiva e é uma sinalização importante de que o Brasil quer desenvolver uma base industrial para o setor no momento em que grandes potências fazem o mesmo para depender menos de período na transição energética.
O executivo afirmou ainda que a decisão foi importante para a companhia, que tem fábrica em Aquiraz (CE), reforçando seus planos de expansão, mas não entrou em detalhes. Na véspera, a Vestas anunciou uma extensão de seu contrato com a produtora brasileira de pás Aeris para até 2028.
AUMENTO DE CUSTO
Apesar da animação na indústria, a medida tributária, que também abrange equipamentos de energia solar, foi vista com preocupação por geradores, que dizem ver potencial aumento dos custos de novos projetos renováveis.
O CEO da AES Brasil, Rogério Pereira Jorge, avaliou que a tributação, isoladamente, não é eficaz e pode até mesmo atrapalhar os planos de retenção ao país indústrias que buscam descarbonizar suas operações, uma vez que o custo da energia renovável tenderia a subir.
“A gente vê um movimento de produtores globais, tanto da parte solar quanto da eólica, de vir para o Brasil. Mas também vemos o contrário, de sair do Brasil… Sinal que não é uma questão do imposto de importação exclusivamente que impacta Nessa tomada de decisão”, acrescentou Jorge.
A gerente de remessas regulatórias da AES, Francine Martins Pisni, relatou que há incerteza em relação aos contratos de fornecimento de máquinas já internas, uma vez que o imposto de importação é cobrado quando uma mercadoria chega no porto.
“Na prática, não houve um período de transição para a eólica, todo mundo que tem algum contrato de venda com certeza vai ter esse imposto de importação cobrado.”
“Acredito que seria interessante para o país ter políticas para incentivar a produção local a ser mais competitiva, como desoneração fiscal, e não fazer a importação mais cara”, disse Ramos.
Gannoum, da ABEEólica, nega que os projetos de energia eólica possam encarecer após a medida tributária. “(A importação) não tem participação tão relevante assim, não é um efeito central”, disse ela, que não tinha dados sobre o total de equipamentos importados pelo setor.