O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, vive um momento histórico, atingindo novos recordes e com especialistas apontando que ainda há espaço para mais crescimento. Na segunda-feira (26), o índice fechou em 136.888,71 pontos, marcando o maior patamar de encerramento de um pregão na história, superando o recorde anterior de 136.464 pontos, estabelecido na semana passada.
No acumulado do ano, o Ibovespa subiu 3,24%, enquanto nos últimos 12 meses, a valorização atingiu 16,98%. Essa alta foi impulsionada por uma combinação de fatores externos e internos que criaram um ambiente favorável ao otimismo no mercado. Os principais fatores incluem a expectativa de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos, resultados surpreendentes das empresas brasileiras, e a postura firme do Banco Central do Brasil no controle da inflação.
“Esse recorde ainda é o começo, dado que os fundamentos das empresas ainda permitem que o índice suba mais”, afirma Matheus do Amaral, analista-chefe do Inter Research.
Globalmente, espera-se que o Banco Central dos EUA inicie cortes nos juros em setembro, o que pode tornar o mercado brasileiro ainda mais atrativo para investidores internacionais. Ao mesmo tempo, a temporada de balanços do segundo trimestre das empresas brasileiras superou as expectativas, com destaque para o setor bancário.
Além disso, o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e a disposição do Comitê de Política Monetária (Copom) em ajustar os juros para controlar a inflação também reforçam o otimismo. Outro fator relevante é o fluxo contínuo de capital estrangeiro, que se intensificou em julho e agosto, contribuindo para o desempenho positivo do mercado brasileiro. Desde o pico dos resgates em junho, investidores estrangeiros injetaram mais de R$ 11 bilhões na bolsa.

Desde o pico dos resgates em junho, investidores estrangeiros injetaram mais de R$ 11 bilhões na bolsa.
“Por muitos anos, o mercado considerou a bolsa brasileira barata, mas faltava um ‘momentum’. Agora, com ventos favoráveis, tanto externos quanto internos, parece razoável estar otimista com o futuro dos ativos brasileiros,” observa Eduardo Plastino, analista de renda variável da Alta Vista Research.
Com o índice ainda considerado barato, o momento é visto como oportuno para compras. “O futuro da bolsa brasileira segue promissor, independentemente do recorde recente. A bolsa continua atrativa, negociando a 8,7x o lucro esperado para 2024, enquanto a bolsa americana (S&P 500) tem um P/L projetado de 23,1x. Ou seja, por aqui, ainda há margem para crescer bem mais”, destaca Amaral.
Mais espaço para avançar
Uma das principais teses que sustentam a perspectiva de valorização contínua do Ibovespa é que os setores tradicionalmente dominantes no índice, como Petrobras e Vale, não têm sido os principais responsáveis pelas altas recentes.
A fraca performance da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4), que juntas compõem mais de 20% do índice, deve-se à queda nos preços das commodities, como o petróleo Brent e o minério de ferro, pressionados por preocupações com a desaceleração econômica global, especialmente na China. Apesar dos recordes alcançados pelo Ibovespa, a mineradora acumula uma queda de 20% no ano, e outras empresas do setor de commodities também registram perdas significativas.
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Segundo Plastino, há uma crença de que, com uma possível recuperação das commodities e a expansão dos múltiplos das empresas cíclicas, o Ibovespa pode alcançar os 150 mil pontos. O Inter projeta que a bolsa brasileira termine 2024 em 144 mil pontos, enquanto o Itaú BBA prevê 145 mil pontos, oferecendo um potencial de retorno total de 13%, incluindo dividendos de 6%.
O último pregão deu indícios dessa recuperação no setor de commodities, com um avanço de 1,13% nas ações da mineradora e uma alta de quase 9% nos papéis da Petrobras, impulsionados pela elevação dos preços do petróleo no mercado global.