VEJA TAMBÉM: As mulheres mais ricas de 2016 que construíram a própria fortuna
Pois bem: o próximo passo seguiu esse roteiro e, para surpresa deste repórter, resistente a elaborações que fujam das combinações clássicas, prontamente aceito. A conversa em meio às dezenas de mesas do restaurante Pomar Orgânico, no Rio de Janeiro, é uma forma de entender que Giovanna transcende o talento de atriz; ela tem atribuições natas como a de uma boa vendedora (e formuladora) de ideias.
E MAIS: 16 celebridades brasileiras por trás das marcas
E enumera todas elas. Uma rede de franquias de depilação a laser, que pretende chegar a 25 unidades até o fim deste ano, uma linha de esmaltes (a cada aparição em novelas, Giovanna lidera a lista dos produtos mais desejados de quem liga para a Central de Atendimento ao Telespectador da Globo pedindo informações sobre o que ela usa — sobretudo a cor do esmalte. Em uma novela, a cor que usava fez com que o pigmento acabasse na China) e outra de óculos. Participa de oito grupos de WhatsApp para discutir negócios — atuais ou futuros. O restaurante é a empreitada mais recente e, pelas aparências, a que ela investe mais esforço e tempo. “É o negocio mais difícil que tenho? É. O mais trabalhoso? Sim. Mas está valendo a pena”, diz.
A relação de Giovanna, que não abre mão de uma dieta carnívora, e a comida natural começou há seis anos, quando foi apresentada pela jornalista Glória Maria a Andrea Henrique, considerada a “guru” do detox dos globais e da alta sociedade carioca. “A Gloria me falou pelo telefone: ‘Você tem que fazer detox com ela’. Ela ficou uma semana cozinhando na minha casa e fiquei fascinada. Foi como se um véu saísse da minha ignorância. Venho de uma cultura italiana, de uma grande fartura. Comecei a entender a alimentação e falei para Andrea que, se um dia ela abrisse um negócio como esse [o restaurante], que ela me chamasse.”
A nutricionista cozinha desde os 8 anos. Antes do restaurante, era conhecida como personal chef e pela Detox In Box, em que oferece programas como o executado por Giovanna por sete dias. “O Pomar é o filho caçula”, diz. Sua meta é a de aliar o sabor à comida saudável. “Sempre tive a intenção de que a comida natural tivesse um gosto. O brasileiro gosta de comida molhadinha — um caldinho, um molho. Comecei a fazer espaguete de abobrinha com molho de tomate e bastante cebolinha. Vi que as pessoas gostavam do aconchego dessa comida, não de uma salada fria ou a barrinha de semente seca, que você não vê a hora de acabar. As pessoas queriam uma refeição saudável, mas também uma comida bonita e gostosa”, afirma a chef e nutricionista.
MAIS RANKING: 30 celebridades brasileiras mais seguidas nas redes sociais
Quando a ideia já andava, Giovanna e seu sócio Gianecchini estavam em Nova York. Andrea havia indicado para a atriz o restaurante Pure Food & Wine, referência em gastronomia saudável. “Levei o Gianecchini e a reação foi: ‘Meu Deus, não é que dá para comer bem?’”, diz Giovanna. “É o que todo mundo come. Aqui [no Pomar], você vê um risoto, mas tem temperos. A Andrea entende o que pode proporcionar às pessoas. Eu entendo de cortar gastos, mas o alimento quem entende é ela.”
NÃO PERCA: As bilionárias mais poderosas de 2016
Giovanna é ativa no negócio. Entra na cozinha, confere como a comida é feita e se o ar-condicionado está bom. Todo dia vê como fechou o caixa, como estão as vendas, como está o uniforme da equipe. A crise fez com que o movimento caísse, segundo Andrea, mas o público fiel continuou frequentando.
Sinal de que o avanço do empreendimento significa também uma mudança nos hábitos. No caso deste repórter, a experiência com a cerveja sem glúten do início da reportagem foi boa – além de saborosa, não estufou. Idem para o hambúrguer de quinua com salpicão e maionese de castanha-de-caju, leve e delicioso. Giovanna, depois de saborear o ravióli com massa de arroz regado a azeite de limão-siciliano, um dos carros-chefe do restaurante, sorri ao ver que havia vencido a resistência de um carnívoro radical. “No futuro, não vai existir dieta, só educação alimentar”, diz, séria, antes de um gargalhar sincero: “Mas meu sonho ainda é abrir um botequinho”.