“Para conseguir fazer tudo isso, eu precisei me adaptar sempre muito rápido e ser independente. E, para ser independente, eu precisava estar saudável. Percebi isso muito cedo e, por isso, sempre cuidei muito de mim. A fazenda onde eu morei era longe de tudo. Uma vez quebrei a perna e precisamos dirigir por 300 quilômetros para chegar ao hospital mais próximo”, lembra.
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Entre as referências da empreendedora estão as norte-americanas Modern Fertility, de fertilidade, e a Tia, que contempla ginecologia, atenção primária e saúde mental. A partir delas, Ste começou a investigar como fazer algo semelhante no Brasil e, anunciou, na última terça-feira (17), o primeiro produto da sua própria femtech, a Oya Care: o exame de hormônio antimülleriano (HAM ou AHM), um dos principais indicadores usados para a mensuração de fertilidade feminina.
Esse hormônio funciona como um marcador da reserva ovariana, ou seja, da quantidade de folículos armazenada nos ovários da mulher, que são liberados ao longo do ciclo menstrual. É dentro de um desses folículos que o óvulo amadurece. “A fertilidade não é vitalícia. O corpo já nasce com todos os óvulos que serão liberados ao longo da vida fértil, ou seja, eles acabam”, diz Natalia Ramos, médica da Oya. Isso significa que, ter acesso a essas informações em tempo hábil, permite que as mulheres possam planejar sua gestação e até prevenir possíveis problemas.
Para chegar até aqui, a empreendedora reuniu o conhecimento de especialistas no assunto à análise de dados e tecnologia e criou uma jornada para mulheres interessadas em conhecer mais sobre sua condição atual e acompanhar essa evolução. Na prática, as pacientes passam, primeiro, por uma espécie de entrevista. Na sequência, uma enfermeira faz a coleta de sangue em domicílio. Por fim, com o resultado em mãos, é feita uma consulta com um médico especialista para discutir a condição atual da paciente e os próximos passos.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o número de mães com menos de 30 anos caiu ao longo da última década, ao mesmo tempo em que a quantidade daquelas que tiveram filhos depois dos 35 anos cresceu. Esse movimento é fruto não apenas da expectativa de vida mais alta, mas da participação feminina no mercado de trabalho – elas já são 46% da população economicamente ativa no Brasil segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
“Podemos enfrentar dificuldades quando, finalmente, escolhermos o ‘momento certo’ para engravidar porque há um desencontro entre o timing que consideramos ideal e o relógio biológico. E, também, porque a fertilidade pode não ter sido uma questão abordada ou considerada antes”, diz Ste, lembrando que a alternativa disponível atualmente para correr atrás do tempo perdido passa pelos tratamentos de fertilização, normalmente muito caros.
INVESTIMENTO
Na noite de terça-feira (17), simultaneamente à estreia do primeiro serviço, a empreendedora fechou sua primeira rodada de investimentos com o fundo de venture capital Canary. Embora o valor não tenha sido revelado, Ste conta que os recursos serão utilizados, principalmente, em três frentes. A primeira delas é para aumentar a capilaridade da jornada da fertilidade que está sendo oferecida em São Paulo para outros estados.
Em paralelo, Ste vai investir em pesquisa para o desenvolvimento de soluções em outras áreas. “Tudo que é tabu e tem recorrência pode fazer parte do nosso portfólio, como contracepção, prazer no sexo, candidíase, infecção urinária e DSTs”, explica ela, que para a empreitada conta com a parceria do Hospital Sírio Libanês, Clínica José Bento e Pró-Criar.
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