Flávia Deutsch e Paula Crespi, fundadoras da femtech e, ao centro, Laura Penteado, médica obstetra da Theia
À época, receberam um dos maiores aportes de venture capital injetados em um negócio liderado por mulheres na América Latina, cerca de R$ 7 milhões. Agora, além de co-CEOs da Theia, elas também são clientes de seu próprio negócio. Grávidas de seis e oito meses, respectivamente, Flávia e Paula anunciam um novo aporte, de R$ 30 milhões, para expandir sua operação de tecnologia.
A rodada seed, tipo de investimento que busca recursos para um estágio mais avançado da startup, foi liderada pelo fundo americano 8VC. Também entraram o fundo americano Canaan, especializado em saúde, além da Kaszek Ventures, que já havia liderado a última rodada de investimento da Theia.
Clientes e co-CEOs da Theia
Fisioterapia pélvica, doula, acompanhamentos psicológico e nutricional são exemplos de atendimentos que Paula não teve na sua primeira gestação, mas que agora reconhece a importância. “Poder passar pelo que nós mesmas criamos é essencial e está sendo muito especial porque a gente desenhou algo que tem muito cuidado. É uma experiência muito diferente do que eu já tive em saúde, então eu me sinto extremamente bem cuidada e muito mais confiante”, diz Paula.
Por meio do site e aplicativo da Theia, as mães recebem indicação de consultas e ações a serem realizadas. Podem agendar consultas presenciais e online, receber conteúdos e navegar seus dados de saúde, acompanhadas por uma especialista pessoal que coordena outros profissionais que a acompanham durante a gestação.
Ser cliente do próprio negócio também é uma oportunidade de aprimorá-lo. “Existe uma diferença de quando você constrói e quando você de fato vira cliente e paciente. Agora, a gente consegue entender muitas coisas que funcionam bem e onde a gente tem espaço para desenvolver melhorias”, diz Flávia.
Expansão
Com esses resultados, elas perceberam que tinham nas mãos algo significativo para as mulheres. O próximo passo seria expandir. No começo deste ano, abriram a primeira clínica presencial, na região da Avenida Paulista, em São Paulo. As cores, formas, artes feitas por mulheres brasileiras na parede, macas para todos os tipos de corpos e salas com sofás em vez de mesas, com o objetivo de horizontalizar a relação com os especialistas, foram pensadas para criar um ambiente acolhedor.
Com o objetivo ampliar os atendimentos, elas vão usar o aporte recebido para intensificar parcerias com planos de saúde, além de investir em softwares e tecnologia dentro da operação. “A gente começou a Theia querendo mudar de fato o cenário de saúde do país. E a gente não vai fazer isso trabalhando só com a população que consegue pagar”, diz Flávia.
Elas defendem que o mundo da saúde é muito focado nas doenças, e o paciente acaba sendo a ponta frágil da relação e não tem poder de escolha, o que acontece com muita frequência para as mulheres. Com a equipe transdisciplinar de especialistas alinhados para cuidar do pré, durante e pós-parto, a mulher fica no centro do cuidado. “É muito bom estar grávida vivendo isso”, diz Flávia, enquanto sua bebê chutava na barriga.