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O problema é só um retrato do que acontece nas carreiras da vida real. “Enquanto os homens vão trabalhar depois de uma noite de sono tranquilo, as mulheres tiveram insônia por conta das mudanças hormonais e chegam exaustas, o que aumenta a desigualdade. Tenho alertado que há maneiras de nos cuidarmos e de mantermos o equilíbrio”, diz Ana Paula Padrão, apresentadora do programa Masterchef.
O etarismo, ou o preconceito em relação à idade, é um tema que começa a ser debatido na mídia, redes sociais e nas empresas à medida que celebridades, lideranças corporativas e profissionais em cargos de destaque passam a falar abertamente sobre o assunto.
Talentos da maturidade
As companhias mais alinhadas às tendências do mundo do trabalho começam a reavaliar o espaço dado aos profissionais que não querem pensar em aposentadoria como se imaginava no passado na próxima década de vida. “Sabemos que um ambiente de trabalho diverso estimula a criatividade e a produtividade, inclusive quando falamos sobre idades, experiências e histórias de vida”, diz Cintia Hachyia, superintendente do banco Original.
Aos 48 anos, a executiva conta que, à medida que amadurecia, começou a se preocupar com os rumos da carreira. “Durante muito tempo fiquei preocupada com o que o futuro reservava. Sou publicitária e trabalhei muito tempo em grandes agências, mas sempre convivi com a ideia de que, quando chegasse perto dos 50, seria o começo do fim”, conta. Antes desse momento, Hachiya passou a repensar o futuro e, em 2019, depois de chegar à diretoria de uma das maiores agências do país, mudou de rumo e foi integrar a equipe do banco Original e atuar em um novo ambiente.
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A mudança é recente. Em 2019, um levantamento da consultoria Robert Half mostrou que 69% das empresas não contratavam gente com mais de 50 anos. Entre os problemas citados para a exclusão da faixa etária estavam os altos salários, a pouca flexibilidade de horários, a desatualização e o risco de ampliar conflitos entre gerações. Mas os resultados práticos de inclusão vão na contramão dessas perspectivas. Accenture, Livelo e Credicard estão entre as empresas que têm aberto programas de contratação voltados especificamente para o público com mais de 45 anos.
O próprio envelhecimento da população é um dos fatores que irá levar empresas a rever seus limites para idade em processos seletivos ou mesmo para manter os profissionais em seus quadros. Levantamento da consultoria Ernst & Young feito com a plataforma Maturi, de empregos e desenvolvimento para profissionais com mais de 50 anos, mostrou que esse grupo já representa 26% da população. A previsão é que, até 2040, 57% da força de trabalho no país tenha mais de 45 anos.
Menopausa pode afetar a carreira
A apresentadora conta que o tratamento que escolheu a ajudou a passar com mais suavidade pelas transformações dessa fase. “Existe a parte chata de envelhecer, que é a parte física, a pele já não tem aquele viço, mas de resto sou uma pessoa menos ansiosa do que quando era jovem, valorizo meu tempo de vida, aprendi a extrair mais felicidade dos meus dias.”
O relato corrobora a tese do livro “The Happiness Curve: Why Life Gets Better After 50” (A Curva da Felicidade: Por que a vida fica melhor depois dos 50) , de Jonathan Rauch, que reúne entrevistas e estudos mostrando que a boa vida começa nessa idade – e não aos 40, como diz o ditado. Segundo o autor, nesse momento nos tornamos mais tranquilos diante dos problemas e obstáculos e nosso nível de felicidade tende a subir. “Com a maturidade, as pessoas aprender a lidar com crises emocionais. Os problemas podem até ser graves, mas as crises são menos duradouras e mais controladas”.
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