Essa estrutura leva a questões internas, ligadas à autoconfiança e à capacidade de influência que as mulheres exercem em seus ambientes. Por isso é importante que empresas invistam em mentorias e ações específicas para trabalhar essa mudança de atitude individual. Aqui, os principais obstáculos e como enfrentá-los. “As empresas podem, por exemplo, criar fóruns de relacionamento entre as mulheres, liderança sênior e outros stakeholders para que elas possam fortalecer seu networking sem depender de jantares em que nem sempre podem estar presentes, ou de práticas esportivas (como golfe ou futebol) mais presentes na rotina masculina.”
Mudança na mentalidade de liderança
Trabalhar constantemente os preconceitos sobre a inclusão e o progresso das mulheres na pirâmide corporativa tem impacto na contratação, promoção e nas ações de desenvolvimento. Homens e mulheres podem reproduzir esses preconceitos, então é importante que todos sejam envolvidos nessa mudança de mentalidade.
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Adaptação da cultura organizacional
“A cultura corporativa precisa ser moldada para que as mulheres se sintam acolhidas, valorizadas e reconhecidas, estimuladas ao crescimento”, diz Milene Schiavo, diretora de diversidade e inclusão da Korn Ferry. “Muitos homens não conseguem entender esta ‘dinâmica’ da sociedade que traz obstáculos às mulheres e que eles não enxergam. E, com esta falta de consciência e entendimento, não atuam de forma proativa na jornada de equidade de gênero”, diz Rosa.
As empresas que têm sucesso investem nessa mudança de percepção. E essa mudança só acontece ao se definir objetivos e metas relacionadas às carreiras femininas e ao progresso de gênero (ações afirmativas que ajudem a avançar nesta jornada). Qual o percentual de mulheres na empresa e na liderança que se quer alcançar e até quando, por exemplo. Ou como pode trabalhar sua marca empregadora para atrair mais mulheres para os processos seletivos.
Mudanças no cotidiano da empresa
A Korn Ferry levantou também que é comum mulheres serem penalizadas por comportamentos pelos quais os homens são valorizados, como assertividade, autopromoção e uso da sua autoridade. Até mesmo atitudes comuns, como marcar reuniões em horários em que mães precisam se dedicar aos cuidados dos filhos, como a hora do almoço ou o final do expediente, mas que homens costumam estar disponíveis, é uma dessas dinâmicas a serem revistas.
“Empresas devem criar condições para que as mulheres entendam que serão apoiadas por serem mães. A licença-paternidade estendida a eles contribui para que homens possam compreender melhor as mulheres que passam pelo processo”, diz Schiavo.
Ações para divulgar a contribuição de mulheres nos resultados dos negócios costumam ser eficazes, segundo estudos reunidos pela Korn Ferry.
Investir em influência
Normalmente, mulheres desenvolvem forte confiança no que diz respeito aos quesitos técnicos. “Elas entendem que precisam ser perfeitas no que fazem, mas têm dificuldade em desenvolver confiança para o relacionamento, o chamado networking, e para a influência”, diz Schiavo. Acontece que são essas as qualidades que elevarão seu poder de contribuição nas organizações e, consequentemente, a galgar vagas sêniores.
Ver o sucesso como vitória pessoal
Mulheres têm uma tendência a colocar o seu próprio sucesso como algo não intencional. “Funciona assim: quando um projeto é bem-sucedido, não foi mérito dela, mas de outras pessoas, da circunstância e até mesmo da sorte”, diz Schiavo. Por outro lado, tendem a assumir para si o fracasso, mesmo quando ele diz respeito ao grupo, à empresa, ao mercado. Essas dinâmicas fazem com que as mulheres sejam mais cautelosas e menos arrojadas. “E isso justifica, por exemplo, o fato de as mulheres apenas se candidatarem para uma vaga ou levantarem a mão para um desafio se acharem que estão totalmente prontas.”
Postura ativa ao escolher projetos
Mulheres têm dificuldade em se projetarem, não se visualizam em posições de liderança mais complexas e, portanto, não direcionam um plano assertivo de desenvolvimento para suas carreiras. Daí acabam aceitando os desafios que recebem, sem pleitear algo que realmente desejam, aspiram ou entendam que têm capacidade para concretizar.
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