Foi com isso em mente que Márcia e Carla fundaram, no ano passado, a Plenapausa, primeira femtech brasileira focada em informar as mulheres sobre a menopausa e oferecer produtos que solucionam alguns de seus principais sintomas. E hoje (20), em comemoração ao Dia Mundial da Menopausa, na última terça-feira (18), elas estão lançando um aplicativo para acompanhar as mulheres durante o climatério.
Depois de encontrar um problema a ser resolvido, as empreendedoras pesquisaram esse mercado que, apesar de pouco explorado no Brasil, tem um grande potencial. Isso porque a população global de pessoas no pós-menopausa está crescendo. Em 2021, as mulheres com mais de 50 anos eram 26% de todas as mulheres e meninas globalmente, um aumento de 22% em relação à década anterior. Segundo a OMS, até 2030, haverá mais de 1 bilhão de mulheres na menopausa.
Atravessando a menopausa, Watts lançou a Stripes, uma femtech com produtos pensados para solucionar sintomas da menopausa. “Entrei nesse período completamente perdida e quero que as mulheres se sintam apoiadas”, disse ela em um vídeo da marca.
A Plenapausa
As fundadoras da Plenapausa fizeram um investimento inicial de R$ 500 mil para cobrir os custos dos primeiros 24 meses da Plenapausa. E, 6 meses depois, obtiveram 12% do valor investido.
Márcia é economista e trabalhou mais de 18 anos no ambiente corporativo e cinco como psicanalista antes de decidir empreender. Advogada de formação, Carla já tinha uma empresa, a LinkFit, uma plataforma de monitoramento da saúde musculoesquelética. Ela foi mentora de Márcia num processo de aceleração e acabou se envolvendo diretamente com o negócio. “Eu sempre quis montar um fundo para investir em outras mulheres. E quando eu conheci a Márcia eu falei ‘eu não posso abrir um fundo, mas posso ajudar uma mulher’.”
Soluções para a menopausa
A maioria das mulheres atravessa a menopausa entre os 45 e 55 anos, segundo a OMS, como uma parte natural do envelhecimento biológico. Ela é causada pela perda da função folicular ovariana e um declínio nos níveis de estrogênio no sangue. A transição pode ser gradual, geralmente começando com mudanças no ciclo menstrual, mas assume diferentes formas em cada mulher.
O período é conhecido justamente pelas alterações hormonais, que geralmente trazem sintomas como ondas de calor, interrupção do sono, queda de cabelo e secura vaginal. Desde o seu início, a Plenapausa digitalizou uma análise clínica para mapear como é esse momento para as mulheres. “A gente lançou essa avaliação no site, onde a gente indica em qual fase da menopausa essa mulher está e o nível de sintomas”, diz Márcia.
Os principais sintomas citados pelas mais de 4 mil mulheres avaliadas são falta de libido, cansaço, alteração de humor, ansiedade e insônia. E, de acordo com a Female Founders Fund, 32% das mulheres pesquisadas disseram que seu médico não se sente à vontade para falar sobre o assunto, o que faz elas buscarem apoio em outro lugar.
Elas também sentiram a necessidade de criar uma comunidade em torno do tema. “A gente lançou o Prosas e Pausas, que é uma roda de conversa online mensal que está indo para a 12ª edição”, diz Márcia. Nesse período, mais de 200 mulheres se reuniram para compartilhar experiências e ouvir mulheres inspiradoras e especialistas, como a ginecologista Natacha Machado, a responsável clínica da startup.
O aplicativo surge agora como uma solução para o 6 maior sintoma, as dores musculares e articulares, que atingem cerca de 80% das mulheres na menopausa. Para isso, a LinkFit, empresa de Carla, entra como parceira. “A nossa tese é tratamento, com os fitoterápicos ou reposição hormonal, e mudança de estilo de vida, com alimentação e atividade física”, diz Márcia.
Num primeiro momento, quem comprar os produtos terá acesso ao aplicativo durante o período de tratamento, com protocolos individuais desenvolvidos por especialistas e uma espécie de agenda para acompanhar todo esse período.
Menopausa e carreira
A menopausa muitas vezes coincide com um momento importante da carreira das mulheres, mas o assunto ainda está distante do mundo do trabalho. “Já ouvi relatos de executivas que estão no meio de uma reunião e começam a ter fogachos e se sentem intimidadas a falar algo”, conta Márcia. Segundo ela, as empresas precisam levar informação para suas funcionárias e promover um ambiente acolhedor.