É difícil ser mulher e ter sucesso econômico no mundo de hoje. Essa foi uma triste frase dita no Mastercard Global Inclusive Growth Summit em Washington, nos EUA, no último sábado (15). Sim, as mulheres percorreram um longo caminho, mas poderosas forças culturais, financeiras e políticas ainda estão dificultando que elas avancem.
Leia também
- CEO do Banco do Brasil diz como constrói reputação no LinkedIn
- PUSH: evento de carreira feminina tem sua 4ª edição; conheça fundadora
- Danielle Noce: dos chinelos a empresa que fatura R$ 30 milhões
O que é preciso para maximizar a capacidade das mulheres de fazer a economia crescer (o que, no final, beneficia todos)?
Melinda French Gates estava acompanhada por outros palestrantes da conferência: Trevor Noah, comediante, Maria Teresa Kumar, fundadora e CEO da Ong de empoderamento de latinos Voto Latino, Samantha Power, administradora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, Lilly Singh, influenciadora e fundadora da produtora Unicorn Island Fund, a Rainha Máxima da Holanda e Shamina Singh, fundadora e presidente do Mastercard Center for Inclusive Growth. Eles levantaram várias questões relevantes para capacitar as mulheres e outras comunidades marginalizadas.
É preciso uma aldeia – e compaixão, recursos financeiros, tecnologia, educação, colaboração, planejamento familiar, saúde, engenhosidade, determinação, amizade, autocuidado – e pessoas influentes liderando essa causa. É necessário envolver toda a sociedade.
“Estamos perdendo em algumas dessas conversas hoje”, disse French Gates. “O mundo está em uma situação difícil: altos preços dos alimentos em todo o mundo, guerra na Ucrânia, crises financeiras e cicatrizes econômicas da Covid-19. Estamos falando, felizmente, sobre mudanças climáticas porque isso é muito importante, mas não estamos falando dessa oportunidade incrível de prosperar. As mulheres são motores econômicos do crescimento.”
Barreiras sociais e soluções para a equidade de gênero
Dando o exemplo da expansão do banco digital na Índia, French Gates enfatizou como essa instituição financeira mudou a realidade para as mulheres, especialmente nos países em desenvolvimento: “Nos últimos 10 anos, a porcentagem de mulheres com contas em bancos digitais cresceu de 28% para 78% no país. E assim, se fizermos certas coisas para realmente olhar para esta oportunidade que temos com as mulheres – ou seja, garantir que elas tenham uma ótima educação, que possam planejar e espaçar o nascimento de seus filhos e, em seguida, garantir que tenham contatos para entrar um ótimo trabalho e um sistema bancário disponível para economizar dinheiro –, você certamente acelerará o crescimento delas. E adivinha? Eles vão acelerar ainda mais a sua economia.”
Melinda French Gates compartilhou sua própria história de crescimento em uma família humilde de quatro filhos com pais que “estavam absolutamente determinados a fazer nós quatro entrar na faculdade”. Ela via como essa motivação ajudou seu pai a trabalhar pela família. “Eu cortava grama e fazia outros trabalhos para contribuir para a renda da minha família. Foi esse dinheiro que me permitiu cursar a faculdade”.
A importância do empoderamento financeiro para as mulheres
Uma das histórias mais emocionantes da conferência foi a de Gates sobre uma mulher em um país de baixa renda com quem ela esteve em contato nos últimos dois anos. Segundo ela, a mulher havia conseguido alguns recursos financeiros para si e tomou o controle deles.
“É por isso que acho que temos que falar sobre dinheiro e mulheres tendo seus próprios recursos financeiros, porque é só assim que ela tem poder e, consequentemente, muda o mundo para melhor.”
O impacto do empoderamento das mulheres nos homens
“Quando damos poder às mulheres, muitas vezes não pensamos em como isso alivia a pressão sobre os homens”, disse Trevor Noah sobre como o benefício do empoderamento financeiro das mulheres também recai sobre os homens, discussão que é comumente esquecida.
“Fazemos parecer que é uma coisa maravilhosa, uma caridade que faremos para as mulheres. Mas, repetidas vezes, você vê que, quando dá a uma mulher o poder que ela merece, você dá a ela equidade e inclusão, gerando mudanças no ambiente doméstico e na sociedade. Por isso, a pressão que os homens sentem também se transforma”, ele explica. “Quando essa pressão muda, você começa a ver uma sociedade que se estabiliza – mais pacífica, mais tranquila. É um lugar mais agradável para se estar.
(Traduzido por Gabriela Guido)