Na semana passada, a Novo Nordisk se tornou a empresa mais valiosa da Europa, entre as negociadas na bolsa, passando o grupo LVMH, valendo US$ 431 bilhões. O Brasil está entre os 5 maiores de seus mercados no mundo. Apesar da visiblidade que isso traz, Wanderley mantém a postura low profile que é costume na indústria (mais ainda em uma empresa dinamarquesa). “Empresa nórdica é mais quieta. Somos cobrados para ir lá e fazermos nosso trabalho. É isso.”
E ela fez. Localmente, esse crescimento esteve sob sua responsabilidade, mas a empresa já vinha apresentando resultados importantes antes mesmo de os efeitos do Ozempic virarem assunto em rodas de conversa. Em parte por conta da visão ampla que Isabella Wanderley aprendeu em anos do mercado de beleza. “Como venho de fora, minha proposta foi desenvolver um novo olhar para o cliente, ou paciente no caso, e ter uma visão da jornada completa.”
Nova visão na indústria farmacêutica
Essa visão, a de enxergar o paciente como um cliente que tem demandas, foi uma mudança de paradigma implementada por Wanderley. Ainda mais porque chegou durante o isolamento causado pela pandemia de Covid e teve que repensar novas formas de comunicação com pacientes e médicos. “Mas isso era algo que eu já fazia no Boticário, então eu tinha essa experiência de multicanais e trouxe provocações para a minha equipe.”
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Nesse período, a executiva liderou também a transformação digital da empresa. “Precisávamos falar com os médicos mas não tinha mais como mandar um representante ao consultório, então criamos eventos on line, achamos uma maneira de chegar a eles”, diz. A compreensão da tal jornada do cliente que ela domina também trouxe mudanças para essa parcela de clientes da empresa. “Para os médicos, no passado a informação ficava restrita aos eventos, mas a gente tinha que mudar esse canal e ampliamos a relação ao criar uma academia para eles com informação do que há de mais recente, estudos, congressos, notícias. É um jeito de ser relevante.”
Mulheres na alta liderança
Wanderley faz parte de importantes grupos de lideranças femininas como o LeaderShe, que reúne mulheres CEOs da indústria farmacêutica em nome da diversidade, e o Womens Corporate Director (WCD), de alta liderança em diferentes mercados. “Quando cheguei, eu via esse mercado como algo de homens brancos de 50, 60 anos”, lembra. Hoje, as mulheres estão crescendo em diversos níveis, mas fica mais difícil no topo. “O tal telhado de vidro existe. As mulheres entram na base, mas não conseguem subir e queremos ajudar a abrir esse espaço.”
A trajetória de Wanderley
Primeiro emprego
“Comecei como trainee da Gillette no México. Foi minha primeira experiência e estava em outra cultura, longe de tudo e de todos que eu conhecia. Aprendi a respeitar e entender as diferentes visões culturais que influenciam nossos comportamentos. Uso isso até hoje para tentar trazer mais empatia nos meus relacionamentos.”
Turning point da carreira
“A volta para o Brasil em 2011, vinda da Body Shop no México, para assumir a diretoria de produtos do Boticario, que estava passando por uma grande transformação. Participei da implementação da estratégia de expansão e diversificação do negócio. Foi um grande aprendizado.”
Formação
Quem me apoiou
“Tive colegas, chefes, amigos e minha família, especialmente meu marido e minha filha, que sempre me incentivaram e que também são meus grandes críticos para me trazer de volta ao meu eixo. Hoje tenho o privilégio de trabalhar com um time super talentoso que me acolheu nessa nova indústria.”
Causas que abraço
“Acredito na equidade e no direito de todos alcançarem seus sonhos mesmo que o ponto de partida não seja o mesmo. Hoje me dedico a ajudar outras mulheres a acelerarem seu desenvolvimento profissional em diversos programas de mentoria, dentro da Novo Nordisk e no mercado farmacêutico.”
O que ainda quero fazer
“Eu gostaria de ver o mundo corporativo sendo um retrato da nossa sociedade na agenda de diversidade e inclusão.