“A gente pisca aqui e a coisa cresce”, diz country manager do Nubank no Brasil

21 de dezembro de 2023
Divulgação/Nubank

Livia Chanes buscou ativamente seu lugar no Nubank, onde conseguiu unir o background financeiro com o ambiente inovador e centrado em tecnologia que buscava

À frente das operações do Nubank no Brasil, Livia Chanes busca diferentes formas de se conectar com os 85 milhões de clientes no país. “Toco violão, leio literatura de todos os tipos e em várias línguas. Assisto de tudo, adoro o TikTok, estudo outras indústrias e converso com pessoas em diferentes lugares porque tudo é estímulo”, diz a executiva.

No terceiro trimestre deste ano, o Nubank registrou lucro líquido de US$ 303 milhões, um aumento de 34% em relação ao trimestre anterior. A receita mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. “A gente pisca aqui e a coisa cresce”, diz Chanes, que se encantou com a possibilidade de criar produtos e serviços do zero em uma empresa em construção. “É um trabalho quase de empreendedorismo. O Nubank cresceu lançando novos produtos.”

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Ela é responsável por toda a estratégia e os resultados envolvendo mais de 90% dos clientes do banco, que também está presente no México e na Colômbia.

Hoje, metade da população brasileira adulta é cliente do Nubank, que ultrapassou o bicentenário Banco do Brasil e se tornou a quarta maior instituição financeira no Brasil em número de clientes, de acordo com o Banco Central. “A gente tem todo mundo aqui dentro, inclusive menores de idade, que são mais de 1 milhão e meio de contas”, afirma.

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Nada cai do céu

A executiva chegou ao banco como vice-presidente de operações em pleno lockdown, no início da pandemia, em 2020. Antes, no Itaú, chegou a liderar quase mil profissionais. Na nova empresa, sua equipe de cinco pessoas tinha carta branca para lançar os produtos PJ e de seguros do Nubank. “Eles tiveram muito sucesso e se tornaram negócios de milhões de clientes.”

Os resultados deram visibilidade à executiva e, somados com o background de 15 anos no mercado, 10 deles na McKinsey – onde iniciou a carreira e chegou a ser sócia a levaram à posição atual. “O fit de visão e estilo de liderança também é muito mais importante do que parece”, diz ela, que foi contemporânea da cofundadora do Nubank, Cris Junqueira, na faculdade, e conheceu o colombiano David Vélez com a ajuda de uma conexão em comum. “Era meu sonho trabalhar no Nubank”, lembra. “A gente tem que ir atrás do que quer. As coisas não caem do céu.”

Chanes buscou ativamente seu lugar no banco. Sabia que queria aproveitar seu background no mercado financeiro e estar em uma “empresa que tivesse nascido da tecnologia”, não que apenas tivesse uma área de tecnologia. “Também percebi que preciso estar em um ambiente em que a energia criativa e as pessoas tenham a mesma frequência da minha personalidade.”

De consultora a executiva

Engenheira de formação, combina desde pequena seu lado artístico – da música e da dança – com o mais lógico – dos números e das exatas. “Sempre quis experimentar de tudo e isso tem muito a ver com a forma como eu gerenciei minha carreira.”

Teve uma breve experiência na gigante de bens de consumo P&G antes de ir para a McKinsey. “Me deu a chance de fazer um MBA fora e me permitiu viver diferentes indústrias em várias funções”, diz ela, que fez INSEAD (Instituto Europeu de Administração de Empresas), uma das escolas de negócios mais conceituadas do mundo.

Grávida do primeiro filho, hoje com oito anos, foi eleita sócia da McKinsey, o auge da carreira de consultora. “Mas costumo dizer que quanto mais você planeja, menos você planeja”, brinca a executiva.

Durante a licença-maternidade, ela recebeu um convite do seu então cliente, o Itaú, para construir as áreas digitais do banco, em 2015. “Lá, eu aprendi a exercer o papel de executiva, gerir times grandes, tomar decisões e executar as coisas, o que na consultoria a gente não fazia.”

E foi essa oportunidade que a aproximou do universo da tecnologia. “Foi essa paixão, elevada à décima potência, que anos depois me trouxe para o Nubank.”

Trabalho e identidade

A transição para trabalhar como executiva ajudou a conciliar o trabalho com a maternidade, já que, como consultora, viajava o mundo todo. “Amo conhecer culturas novas, e meu trabalho me permitiu viajar muito, coisa que eu nunca pude fazer antes pelas condições da minha família”, diz Chanes, criada em Santo André, no ABC Paulista.

Ganhou uma bolsa da Fundação Renault para fazer um mestrado em desenvolvimento sustentável em Paris. E, na Europa, conheceu seu marido, com quem tem dois filhos hoje. “Adoro ser executiva, acho que isso me torna uma melhor mãe. Mas ser uma mãe realizada e ter tempo para os meus filhos também me torna uma melhor profissional.”

A jornada de Livia Chanes, country manager do Nubank

Primeiro cargo de liderança

“Foi como gestora de projetos na McKinsey. Eu tinha um time pequeno, de três ou quatro pessoas, e depois como sócia tinha vários times, mas é uma configuração completamente diferente do trabalho como executiva.”

Quem me ajudou

“Eu sempre tive muita sorte de ter sponsors maravilhosos em todos os lugares por onde eu passei. Na McKinsey, tive um mentor maravilhoso que é o Vijay, hoje meu amigo pessoal, que me ajudou e me ensinou muita coisa. No Itaú, tive executivos fantásticos que me ajudaram, o Marco, que era head do varejo, e é por causa dele que eu trabalho em banco. E óbvio que o David [Vélez] e a Cris [Junqueira], que me deram uma oportunidade incrível e são realmente inspiradores. E também tenho um grupo de pares, que são amigas que começaram comigo e também me ajudam muito. Porque a gente não tem muitas mulheres pares nesse mundo, o mercado financeiro ainda é muito masculino. Então a gente se ajuda a pensar em carreira, em maternidade, na vida de uma forma leve, nos enxergando umas nas outras.”

Turning point

“Foi quando eu percebi que eu precisava encontrar um ambiente tem uma frase famosa da internet, em que as minhas fortalezas fossem celebradas e não toleradas. Então, todas as capacidades de questionamento, de arrojo, de criatividade, de ousadia, em algumas organizações são lidas como fortalezas de liderança e em outras como problemas, depende do tipo de profissional que você quer. Então quando eu realizei a importância que isso tinha tanto na minha capacidade de realização quanto na minha felicidade, foi um turning point importante, foi por isso que eu vim parar no Nubank e é o que me faz decidir minhas oportunidades de carreira.”

O que ainda quero fazer

“Eu sou uma pessoa bastante realizada tanto pessoalmente como profissionalmente. Ainda sou jovem, tenho 41 anos, e tenho muita coisa para fazer no Nubank. Como a gente tem a chance de construir tudo do zero, para mim é um sonho de trabalho. Eu tenho uma vontade grande de desenvolver o meu time para que eles possam crescer junto com o Nubank, isso é algo muito próximo do meu coração. E mais para frente, daqui uns 15 anos, quando eu estiver perto de me aposentar, tenho bastante vontade de fazer trabalho voluntário, gostaria de fazer uma retribuição mais formal para a sociedade.”

Causas que abraço

“Equidade de gênero. Oportunidades para as mulheres no mercado de trabalho e na vida. No começo da minha carreira, quando eu era novinha, achava que isso era uma bobagem, mas quando eu fiquei grávida pela primeira vez e na segunda percebi o peso que é ser mulher, dependendo do ambiente em que você transita. Eu nunca tive uma experiência de ser desrespeitada por ser mulher frontalmente ou assediada, mas vivi ambientes de microagressão muito explícitos, de discriminação velada, sutil, mas também muito clara. Comportamentos e atitudes feitas por uma mulher eram penalizados e pelo homem eram celebrados. Vivi isso, mas não aceitei. E em uma das minhas primeiras conversas que eu tive com o David eu falei que isso é muito importante para mim, que seja um ambiente em que não haja dois pesos, duas medidas pelo fato de eu ser mulher.”

Quinzenalmente, a Forbes publica a coluna Minha Jornada, retratando histórias de mulheres que trilharam vidas e carreiras de sucesso.

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