O número da camisa de Pelé na Copa do Mundo de 1958 rendeu R$ 1 milhão a Jullie Dutra. Depois de responder a 15 perguntas sobre diversos assuntos, de artes a matemática, a jornalista se tornou a primeira pessoa a vencer o quadro “Quem quer ser um milionário”, no programa “Domingão com Huck”, que foi ao ar no último domingo (10). “Acredito muito no poder da educação na transformação da vida das mulheres. Foi o que me levou a ser milionária e é o que vai me transformar em diplomata”, diz ela, acrescentando que esse é também o caminho para ampliar a representatividade feminina em todas as áreas da sociedade.
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Pernambucana de João Alfredo, município com 27 mil habitantes, Jullie contou à Forbes como vai investir o dinheiro do prêmio. “Vou comprar uma casa para a Carmelita, minha mãe do coração, e pagar as despesas das disciplinas para o preparatório de diplomata.”
Jullie estuda para o concurso público do Itamaraty há mais de dois anos, o que a ajudou a responder às perguntas de conhecimentos gerais do programa. “Os temas coincidem com a trilha do milhão. A gente tem que entender de tudo um pouco.”
Leia também:
- MacKenzie Scott doou US$ 2,2 bilhões para caridade em 2023
- Lista Forbes: Tarciana Medeiros, presidente do BB, está entre as mais poderosas do mundo
- As mulheres na lista de bilionários 2023
Hoje, equilibra os estudos com a liderança do Grupo Coros, empresa de marketing digital com mais de 50 clientes que fundou em 2014. O interesse pelo empreendedorismo veio cedo. “Com 12 anos, criei um jornalzinho no interior de Pernambuco e fazia de tudo, desde escrever até articular os patrocínios”, lembra. “Meu primeiro salário foi R$ 2 mil e fiquei encantada com a autonomia que aquilo podia me dar.”
Antes de fazer jornalismo, começou a estudar medicina em Cuba e voltou ao Brasil em 2008 buscando mais “liberdade”. Passou por redações locais e teve a oportunidade de ir para o Haiti a convite da ONU (Organização das Nações Unidas). A viagem rendeu um livro, “Caro Haiti”, e uma bolsa para fazer mestrado em Madri, mas não pôde ir, pois precisou cuidar da mãe, que acabou falecendo.
“As mulheres não disputam em igualdade”, observa, levantando a questão da economia do cuidado, que, estudos mostram, recai desproporcionalmente sobre as mulheres. “Eu tenho uma filha com autismo, uma agência de comunicação, uma casa para administrar e uma rede de apoio que é extremamente limitada, mas eu cheguei lá.”
A empresária ganhou cerca de 300 mil seguidores no Instagram depois que o programa foi ao ar. E apesar de estar assustada com a atenção que vem recebendo, estava pronta para isso e quer usar a influência recém-conquistada para ecoar as causas que defende. “Eu preparei as minhas redes para esse momento, para receber essa leva de pessoas que estão chegando”, diz. “A educação é o caminho para o empoderamento feminino e financeiro e para buscar igualdade.”