Fundadora da Linus expande sandálias veganas para Europa, Oceania e América Latina

11 de janeiro de 2024

Isabela Chusid fundou a Linus em 2018, aos 23 anos, com um investimento inicial de R$ 50 mil

Morando em Berlim no ano passado, Isabela Chusid parou uma mulher na rua para perguntar onde ela havia comprado sua sandália. “No Brasil”, respondeu a moça, que usava uma Linus, a marca de sandália vegana criada por Isabela há cinco anos. 

O sapato foi comprado aqui, mas hoje também também está presente em mais de 350 pontos de vendas físicas – dentro e fora do Brasil. Desde 2021, a Linus mira sua expansão global: já chegou a Portugal, Espanha e desembarca agora no Chile, Peru, Austrália e Nova Zelândia. 

Isabela captou o interesse dos estrangeiros pela sua marca por meio de uma plataforma que rastreia os acessos ao e-commerce. “Tinha muita gente da Europa de modo geral, mas principalmente da Península Ibérica, por conta da facilidade da língua”, lembra ela, que começou a se mexer para atender a demanda. 

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Revenda em Portugal

Antes de abrir o site internacionalmente, testou uma parceria com lojas em Portugal e entendeu o que mais atraía os estrangeiros. “O fato de ser brasileiro ainda é algo exótico, as cores trazem um ar de brasilidade e a questão da sustentabilidade chamou a atenção.”

A empreendedora fez parte da lista Forbes Under 30 em 2018, que destaca os jovens mais promissores em suas áreas. “A lista dá uma chancela. As pessoas passaram a me levar mais a sério”, diz Isabela sobre a repercussão.  

Isabela está à frente das áreas de marketing, comercial, produto e cultura. Mas também participa dos processos de perto e coloca a mão na massa quando necessário. “Isso é muito importante em termos de cultura, porque motiva o time”, diz ela, que lidera uma equipe de 25 pessoas, sendo 21 mulheres.

O sucesso do negócio também a levou à Cúpula das Américas, evento que reúne chefes de Estado do continente, em 2022, na Califórnia. E a exposição internacional ajudou no avanço da expansão. “Acredito muito no boca a boca. Temos 140 países acessando o site e não temos anúncios rodando no mundo inteiro”, afirma.

O e-commerce é acessado por pessoas de países tão diversos quanto Japão, Trinidad e Tobago e Índia, de onde chegam mensagens enviadas por pessoas que conheceram a marca por meio de brasileiros que fazem parte de comunidades de ioga. 

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Crescimento com um único produto

Com um único modelo e uma identidade de marca voltada para o público jovem, Isabela captou uma comunidade de clientes que buscam produtos sustentáveis com design. O preço também conta, já que a  Linus é uma releitura da [alemã] Birkenstok, feita de cortiça e couro, mas que custa o triplo do preço. 

No Brasil, além da loja física própria em São Paulo, a Linus tem parceria com a marca de roupas de praia Cia. Marítima, com a Austral e também com as lojas da Imaginarium. Nessas, vende cores exclusivas. “É um produto de baixa complexidade, que não quebra, não vence e não troca coleção. Por isso os investidores curtem e vêm falar com a gente”, diz a empreendedora, que, apesar de nunca ter captado, já foi procurada por pessoas interessadas em fazer sociedade.

Das multinacionais ao negócio próprio

Os negócios sempre estiveram presentes na família. Desde cedo, viu os avós e os pais tocando seus empreendimentos. Mas depois de se formar em administração e fazer estágio e programa de trainee em multinacionais, pensou em seguir a carreira corporativa, mas não por muito tempo. “Sofri muito, sentia que não me encaixava.”

A empreendedora queria trabalhar com sustentabilidade, mas ainda não sabia como. “Sempre fui a ‘eco chata’ da família”, diz ela que, aos cinco anos, após uma aula na escola, ajudou a implementar uma política de reciclagem no seu prédio.

Depois de buscar – e não encontrar – sandálias específicas para uma condição médica que tinha, decidiu criar a sua própria. Aos 23 anos e com um investimento inicial de R$ 50 mil, com economias próprias e a ajuda da família, produziu um primeiro lote com 900 pares. 

A Linus é feita com um tipo de PVC que substitui lubrificantes de origem animal ou fóssil por produtos de origem vegetal, o que se traduz em mais de 70% de fontes renováveis e inesgotáveis. “Não inventei a roda, mas estava disposta a abrir mão de um pedaço da margem para conseguir chegar numa matéria prima melhor.”

A empresa, que é certificada pela organização britânica The Vegan Society, começou compensando suas emissões de carbono, que hoje são negativas.