Bilionários 2024: quem são as brasileiras com patrimônios a partir de US$ 1 bi

6 de abril de 2024
Arte: Guilherme Marzinote Lima

Ana Lucia Barretto Villela, Vicky Safra, Cristina Junqueira e Mariana Voigt, algumas das bilionárias brasileiras na lista da Forbes US

As mulheres representam 13,3% dos bilionários da lista da Forbes US deste ano. Nela, estão presentes 69 brasileiros com fortuna superior a US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) – entre eles, 14 mulheres. O número de brasileiras na lista mais que dobrou em relação ao ano passado, quando havia apenas 6 mulheres.

Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, é a novata mais rica, com patrimônio de US$ 1,4 bilhão (R$ 7 bilhões). A empresária hoje atua como Chief Growth Officer do banco digital, responsável pelo crescimento e expansão internacional da companhia, que também opera no México e na Colômbia.

Junqueira havia se tornado bilionária brevemente quando o Nubank estreou – como Nu Holdings – na Bolsa de Valores de Nova York em dezembro de 2021, com uma avaliação superior a US$ 50 bilhões (R$ 251 bilhões, na cotação atual). A empresária chega ao ranking depois de uma valorização de 166% das ações do Nubank entre março de 2023 e de 2024.

Dulce Pugliese de Godoy Bueno, 76 anos, que fundou a rede de assistência de saúde Amil em 1972 com o ex-marido, está de volta à lista este ano. Depois de ter caído em 2023 devido a uma oscilação das ações, seu patrimônio é estimado em US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões).

As outras novatas são todas herdeiras. Maria Consuelo Dias Branco é a presidente do conselho de administração da M. Dias Branco, fabricante e distribuidora brasileira de produtos alimentícios, Maria Cristina Frias herdou um terço da Folha de São Paulo de seu pai, Octávio Frias, em 2007, e Regina Helena Velloso é herdeira do Grupo Votorantim, fundado por seu avô.

Três outras mulheres herdaram participações na maior fabricante de motores elétricos da América Latina, a WEG. Mariana Voigt Schwartz Gomes, 38 anos, tem um patrimônio de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,5 bilhões) e as irmãs Dora Voigt de Assis, 26 anos, e Livia Voigt, de apenas 19 anos – a mais jovem bilionária do mundo –, têm US$ 1,1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) cada.

As três são netas do cofundador da WEG Werner Ricardo Voigt e chegam ao ranking após valorização das ações. Elas estão entre os maiores acionistas individuais da companhia, mas não ocupam cadeiras no conselho nem possuem qualquer cargo executivo.

Leia também:

Quem são as 14 brasileiras na lista de bilionários da Forbes US

1. Vicky Safra, 71 anos, e família

Posição no ranking global: 94 (subiu)
Patrimônio líquido: US$ 20,6 bilhões
Fonte da riqueza: Banco Safra
Vicky Safra e seus quatro filhos herdaram a fortuna do falecido bancário brasileiro Joseph Safra, que morreu em 2020. Naturalizada brasileira, a viúva do banqueiro nasceu na Grécia e se mudou para o Brasil com sua família ainda criança. Seu filho mais velho, Jacob Safra, 49, é responsável pelo banco suíço J. Safra Sarasin, pelo Safra National Bank de Nova York e pelos investimentos imobiliários internacionais da família. David Safra, 40 anos, administra o Banco Safra no Brasil e as participações imobiliárias brasileiras do Grupo J. Safra. Alberto Safra, 45 anos, fundou a empresa de gestão de ativos ASA Investments. Ele processou sua família em 2023, alegando que sua participação no Safra National Bank foi diluída; o caso foi arquivado em março de 2024. Esther Safra Dayan, 47 anos, é casada com Carlos Dayan, filho de um banqueiro brasileiro, e vive em São Paulo.

 

2. Ana Lucia de Mattos Barretto Villela, 50 anos

Posição no ranking global: 1694 (subiu)
Patrimônio líquido: US$ 1,9 bilhão
Fonte da riqueza: Itaú Unibanco
Ana Lucia pertence a uma das famílias bancárias mais antigas do Brasil. Seu bisavô fundou o banco Itaú, que se fundiu com o Unibanco em 2008 para formar o Itaú Unibanco. Ela é uma das maiores acionistas individuais do Itaúsa, holding do banco, e vice-presidente do conselho de administração do grupo desde 2018. Tornou-se acionista do banco aos 8 anos, quando seus pais morreram em um acidente de avião em 1982. Seu avô fundou a Duratex, fabricante brasileira de painéis de madeira e louças sanitárias de capital aberto, da qual é acionista. Formou-se em pedagogia e hoje é presidente do Instituto Alana, Ong de impacto socioambiental com foco em crianças fundada por ela e seu irmão Alfredo.

 

3. Neide Helena de Moraes, 69 anos

Posição no ranking global: 2046 (subiu)
Patrimônio líquido: US$ 1,5 bilhão
Fonte da riqueza: Grupo Votorantim
Neide Helena de Moraes é herdeira de uma participação no conglomerado industrial brasileiro Grupo Votorantim. Ela é neta de José Ermírio de Moraes, que fundou a companhia em 1918. Neide Helena herdou uma participação de 8% na empresa familiar após a morte de seu pai, José Ermírio de Moraes Filho, em 2001, e apareceu na lista da Forbes em 2014. Seus dois irmãos, José Ermírio de Moraes Neto e José Roberto Ermírio de Moraes, também herdaram participações.

 

4. Cristina Junqueira, 41 anos

Posição no ranking global: 2152 (novata)
Patrimônio líquido: US$ 1,4 bilhão
Fonte da riqueza: Nubank
Cofundadora do Nubank, Cristina é uma das novatas na lista de bilionários da Forbes e a mais rica brasileira self-made, ou seja, cujo patrimônio é resultado do trabalho próprio, e não de herança. A empresária chega ao ranking depois de uma valorização de 166% das ações do Nubank entre março de 2023 e de 2024. Antes de se juntar a David Vélez e Edward Wible para criar o banco digital, em 2013, Cristina comandou a maior divisão de cartões de crédito do Itaú. Com cerca de 3% das ações da instituição, foi a primeira mulher a se tornar bilionária por conta de uma fintech no Brasil. Cristina é formada em engenharia e também possui um MBA pela Northwestern University. Ela se tornou brevemente bilionária quando o Nubank estreou – como Nu Holdings – na Bolsa de Valores de Nova York em dezembro de 2021, com uma avaliação superior a US$ 50 bilhões.

 

5. Mariana Voigt Schwartz Gomes, 38 anos

Posição no ranking global: 2287 (novata)
Patrimônio líquido: US$ 1,3 bilhão
Fonte da riqueza: WEG
Mariana Voigt Schwartz Gomes é uma das principais acionistas individuais da WEG, maior fabricante de motores elétricos na América Latina. A empresa foi cofundada por seu avô Werner Ricardo Voigt juntamente com os falecidos Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus. Multinacional de capital aberto com fábricas em mais de 10 países, a WEG registrou faturamento de R$ 32,5 bilhões em 2023. Mariana não é membro do conselho nem possui qualquer cargo executivo na empresa. Com formação e mestrado em arquitetura, tem um escritório com projetos de design de interiores em Florianópolis.

 

6. Maria Consuelo Dias Branco, 89 anos

Posição no ranking global: 2410 (novata)
Patrimônio líquido: US$ 1,2 bilhão
Fonte da riqueza: M. Dias Branco
Maria Consuelo Saraiva Leão Dias Branco é a presidente do conselho de administração da M. Dias Branco, uma fabricante e distribuidora brasileira de produtos alimentícios. Ela assumiu o cargo após a morte de seu marido, Francisco Ivens de Sá Dias Branco, em 2016, cujo pai iniciou a M. Dias Branco como uma pequena padaria em 1936. O conglomerado de produção de alimentos é especializado em produtos de trigo, como biscoitos, massas e misturas para bolos e adquiriu mais de 20 marcas diferentes na América Latina. Ela é a maior acionista individual da M. Dias Branco, possuindo cerca de um terço das ações da empresa de capital aberto.

 

6. Maria Cristina Frias

Posição no ranking global: 2410 (novata)
Patrimônio líquido: US$ 1,2 bilhão
Fonte da riqueza: Folha de S. Paulo
Maria Cristina Frias é uma jornalista que herdou um terço da gigante de mídia brasileira Folha de São Paulo de seu pai, Octávio Frias, em 2007. Seu irmão, Luiz Frias, também um bilionário, comanda o conglomerado e detém a maior parte restante da empresa. O falecido pai dos irmãos adquiriu a Folha de São Paulo na década de 1960, que já era um dos jornais diários mais populares do Brasil. Ela chega ao ranking depois de uma valorização de 47,6% das ações do PagSeguro, principal negócio do grupo Folha/UOL, no ano.

 

6. Lucia Maggi, 91 anos, e família

Posição no ranking global: 2410 (caiu)
Patrimônio líquido: US$ 1,2 bilhão
Fonte da riqueza: Amaggi
Lucia Borges Maggi é uma das poucas bilionárias brasileiras que não herdaram suas fortunas. Ela é cofundadora do Grupo André Maggi, a Amaggi, um dos maiores produtores do agro brasileiro. A empresa atua na originação de grãos, produção de soja, milho e algodão, operações portuárias, rodoviárias e fluviais, e geração e comercialização de energia elétrica. A Amaggi nasceu em 1977. Há cerca de 10 anos, a matriarca se afastou de seu papel no conselho de administração da companhia e hoje figura como acionista.

 

6. Anne Werninghaus, 38 anos

Posição no ranking global: 2410 (caiu)
Patrimônio líquido: US$ 1,2 bilhão
Fonte da riqueza: WEG
Anne Marie Werninghaus é uma das principais acionistas individuais da WEG, maior fabricante de motores elétricos da América Latina. A empresa foi cofundada por seu avô Geraldo Werninghaus junto com os falecidos bilionários Eggon João da Silva e Werner Ricardo Voigt. Anne não trabalha na empresa da família nem ocupa um cargo no conselho. Ela é a fundadora da VestesBr, uma empresa de moda B2B lançada em 2011. É casada e atualmente vive em Joinville, não muito longe da sede da WEG.

 

10. Vera Rechulski Santo Domingo, 75 anos

Posição no ranking global: 2545 (subiu)
Patrimônio líquido: US$ 1,1 bilhão
Fonte da riqueza: Grupo Santo Domingo
Vera Rechulski Santo Domingo é viúva de Julio Mario Santo Domingo Jr. (falecido em 2009), filho do empresário da cerveja colombiano Julio Mario Santo Domingo. Ela controla cerca de 11% da holding da família Santo Domingo sediada em Luxemburgo, por meio da qual detém ações da Anheuser-Busch InBev. Seus dois filhos, Tatiana Casiraghi e Julio Mario Santo Domingo III, possuem participações menores de cerca de 5% cada. A família também tem participação na Château Pétrus, uma vinícola francesa perto de Bordeaux que produz alguns dos vinhos mais caros do mundo. Vera também tem participações na Keurig Dr. Pepper e na Kraft Heinz.

 

10. Regina Helena Velloso, 38 anos

Posição no ranking global: 2545 (novata)
Patrimônio líquido: US$ 1,1 bilhão
Fonte da riqueza: Votorantim
Regina Helena S. Velloso herdou sua fortuna da Votorantim. Hoje, é presidente do Conselho de Família do grupo. A empresa começou quando o avô de Velloso comprou uma fábrica têxtil em São Paulo em 1918. Sua mãe, Maria Helena Moraes Scripilliti, detinha cerca de 25% da empresa após a morte do marido, antes de dividir sua participação entre os quatro filhos. Os irmãos de Velloso, Carlos Eduardo Scripilliti e Clóvis Ermírio de Moraes, também são bilionários. O pai de Velloso, Clóvis Scripilliti, ajudou a expandir a Votorantim pelo nordeste do Brasil nas décadas de 1960 e 1970.

10. Livia Voigt, 19 anos

Posição no ranking global: 2545 (novata)
Patrimônio líquido: US$ 1,1 bilhão
Fonte da riqueza: WEG
Aos 19 anos de idade, Livia Voigt é agora a bilionária mais jovem do mundo, tirando o título do herdeiro da EssilorLuxottica, Clement Del Vecchio, que é apenas dois meses mais velho. Voigt é uma das principais acionistas individuais da WEG. A empresa foi cofundada por seu avô Werner Ricardo Voigt, juntamente com os falecidos bilionários Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus. Livia não ocupa assento no conselho nem possui qualquer cargo executivo na WEG. Atualmente, ela está frequentando a universidade, estudando psicologia.

 

 

10. Dora Voigt de Assis, 26 anos

Posição no ranking global: 2545 (novata)
Patrimônio líquido: US$ 1,1 bilhão
Fonte da riqueza: WEG
Dora Voigt de Assis é uma das maiores acionistas individuais da WEG. A empresa foi cofundada por seu avô Werner Ricardo Voigt. Dora não ocupa assento no conselho nem possui qualquer cargo executivo na WEG. Ela se formou em arquitetura em 2020.

 

14. Dulce Pugliese de Godoy Bueno, 76 anos

Posição no ranking global: 2692 (de volta)
Patrimônio líquido: US$ 1 bilhão
Fonte da riqueza: Amil/Dasa
Dulce está de volta à lista da Forbes deste ano depois de ter caído em 2023. Ela fundou a rede de assistência de saúde Amil em 1972 com o ex-marido, Edson de Godoy Bueno (falecido em 2017). Eles se divorciaram, ela saiu da administração diária da companhia, mas manteve uma elevada participação acionária. Após a compra da empresa pela gigante norte-americana UnitedHealth em 2012, a médica (que também é PhD em administração pela Universidade do Texas) acompanhou Edson em seus novos negócios, como a rede de laboratórios Dasa. Ela também foi professora assistente no departamento de pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde atuou como diretora acadêmica do programa de graduação.