Guerra das marmitas movimenta plataformas de alimentação saudável

30 de janeiro de 2020
Divulgação

Fabricio Bloisi, CEO e fundador do iFood

O iFood anunciou ontem (29) os detalhes de seu novo serviço, o Loop, e os planos para expandir a iniciativa em 2020. Nascido como um projeto da Academia de Inteligência Artificial da empresa, inaugurada em abril passado, o Loop entrega comida saudável – em opções veganas, fitness e pratos feitos – a preços acessíveis, que giram ao redor de R$ 10. O objetivo é que seja mais barato para o consumidor comprar a comida pronta do que cozinhar em casa ou adquirir “marmitas” de outros fornecedores.

Um dos motivos para o baixo custo é que a produção é otimizada por meio de cozinhas em períodos de ociosidade (das 9h às 12h) e em lotes, para que os parceiros de entrega possam receber até 15 pedidos de uma só vez – tudo calculado e organizado com a ajuda da tecnologia. O resultado foi uma redução de 25% no valor das entregas e um aumento de 78% na frequência dos pedidos em 40 cidades onde a iniciativa foi testada nos últimos meses, distribuindo 650.000 refeições de 300 restaurantes.

“Usamos a tecnologia para implementar melhorias logísticas, de forma que os entregadores possam chegar aos fornecedores no momento exato em que os alimentos estão prontos e circular pelas cidades e bairros lotados rapidamente com nosso sistema de mapeamento, aumentando assim a receita”, diz Fabricio Bloisi, CEO e fundador do iFood. “Nosso objetivo é atender a mais de 50 milhões de brasileiros com a maior agilidade possível.”

O serviço usa o mesmo aplicativo, na categoria iFood Loop. O usuário escolhe um prato entre as mais de 10 opções diárias do menu e programa a entrega. Os pedidos podem ser agendados no dia anterior, até às 14 horas, ou no mesmo dia, até às 12h30. O sistema atualiza automaticamente os clientes sobre a disponibilidade de pratos em estoque e permite que eles escolham uma das janelas de entrega de 30 minutos para receber as refeições.

Segundo o iFood, a comida é preparada apenas por restaurantes anônimos que seguem rigorosamente seus requisitos de qualidade e higiene, o que garante a qualidade dos pratos oferecidos.

QUANTO MAIS OPÇÕES, MELHOR PARA O CONSUMIDOR

Para Victor Santos, CEO e cofundador da Liv Up, startup de alimentação saudável, toda e qualquer operação que incentive o consumo de produtos que façam bem ao organismo e estejam inseridos em um ecossistema sustentável – com ingredientes orgânicos e parcerias com pequenos produtores, por exemplo – é bem-vinda. “No entanto, até o momento só vi no Loop opções mais tradicionais, como lasanha e estrogonofe”, diz.

Para o empreendedor, a alimentação saudável é um caminho sem volta, dado o crescente aumento do nível de conscientização das pessoas nos últimos anos. “Estamos tão confortáveis com nossa operação que acabamos de anunciar a compra da VYA Food”, conta, sem revelar o investimento.

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José Rodolpho Bernardoni, diretor de inovação e venture capital da Sapore

A estratégia de implementação é unir a expertise comercial da VYA ao portfólio e à plataforma tecnológica da Liv Up para escalar o serviço. Em sua primeira aquisição menos de seis meses depois de uma captação de R$ 90 milhões, a Liv Up vai dar continuidade ao serviço de oferta de snacks saudáveis, iogurtes, sucos e refeições refrigeradas, mas desta vez nas empresas, disponíveis em geladeiras. A compra é feita normalmente pelo aplicativo, com pagamento via cartão de crédito ou tíquete. Tudo para que as pessoas possam consumir alimentos saudáveis em seu local de trabalho.

O modelo, conhecido como honest market, deixa o cliente livre para escolher seus produtos e efetuar o pagamento sem a supervisão de um vendedor. Atualmente, são mais de 60 pontos de venda em empresas do porte de Ambev, 99, Nestlé, Loft e Neon. Até o final do ano, a expectativa é chegar a 200, segundo o executivo.

“Foi a oportunidade de acelerar o crescimento com uma carteira de clientes sólida e representativa”, diz Santos. “Além disso, teremos ganhos em diversas frentes, que vão desde a compra de matéria-prima em maior escala até a otimização da operação logística. Isso permitirá que trabalhemos com preços mais atraentes para os clientes e viabilizará a entrada em escritórios de menor porte”, completa Henrique Castellani, cofundador e COO da Liv Up.

TENDÊNCIA EM CRESCIMENTO

Outro movimento que reforça o interesse pelo setor – que movimentou US$ 35 bilhões por ano no Brasil, colocando o país na 4ª posição no ranking global de consumo – foi a recente compra da Lucco Fit pela gigante de refeições coletivas Sapore. Com 1.300 restaurantes em operação em empresas, hospitais e escolas, a companhia fundada pelo uruguaio Daniel Mendez serve 1,3 milhão de refeições por dia.

“A gente vem, há tempos, estudando startups que pudessem complementar nossa oferta com serviços e produtos”, conta José Rodolpho Bernardoni, diretor de inovação e venture capital da Sapore. “No último ano, analisamos 117 foodtechs. Cerca de 15% delas estavam alinhadas com a tendência da saudabilidade. Acabamos escolhendo a Lucco Fit em função da equipe, da qualidade e do preço das refeições oferecidas. Além disso, achamos que era a empresa que mais se adequava aos consumidores que já temos”, diz o executivo, sem revelar o valor do negócio.

A partir de agora, além de serem oferecidas na plataforma de ecommerce com entrega delivery, as refeições da Lucco Fit serão disponibilizadas em geladeiras desenvolvidas pela Sapore e instaladas nas empresas onde a companhia já presta serviço de refeições coletivas – o modelo é muito semelhante ao da Liv Up com a VYA. Feitos no aplicativo, os pedidos são pagos de maneira online e a retirada é feita nas máquinas.

Segundo Bernardoni, a instalação está em ritmo acelerado. Algumas escolas já receberam as geladeiras e, só nesta semana, seis ou sete empresas também foram contempladas. O cardápio, diz o executivo, é o mesmo por enquanto, mas deve ganhar adaptações em breve. “Vamos aproveitar os dados gerados pela plataforma para entender o que mais agrada e, assim, implementar alterações”, diz, estimando que a média de preço das refeições balanceadas, com uma proteína, um carboidrato e vegetais, gire ao redor de R$ 14,90. A expectativa é que no primeiro ano do novo modelo, a Lucco Fit, no mínimo, dobre de tamanho.

Para o executivo, o mercado de alimentação saudável vem amadurecendo, e deixou de ser uma moda passageira. “Até teve uma época em que as pessoas queriam comida de marombeiro. Hoje, no entanto, elas entenderam que a alimentação saudável traz vigor e energia, e que dá para ser saborosa. E tem espaço para todo mundo. Quanto mais variedade, melhor”, diz, revelando que a Sapore continua de olho em oportunidades onde haja chance de agregar, não apenas do ponto de vista financeiro, mas nas operações de escala e distribuição. “A empresa que não se adequar vai ficar pra trás”, sentencia.

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MRV lança plataforma digital para compra de imóveis

A MRV anunciou o lançamento de uma plataforma digital que leva o cliente por uma jornada de compra totalmente online – da escolha da unidade à simulação e aprovação do crédito, passando pela negociação da proposta e assinatura do contrato digital.

O objetivo da iniciativa é desburocratizar o processo de aquisição de imóveis, eliminando documentos e assinaturas físicas, e simplificando barreiras logísticas que podem arrastar uma negociação por dias ou até semanas. Com a plataforma digital, a MRV prevê que o fechamento do contrato do cliente com a companhia poderá ocorrer em apenas um dia. A primeira venda totalmente online foi realizada no dia 23 de janeiro, em Belo Horizonte.

Segundo o presidente da construtora, Rafael Menin (foto), o projeto vem sendo desenvolvido há cerca de um ano. “Quase 100 pessoas de diferentes áreas foram envolvidas. A ferramenta combina diversas tecnologias, como chatbots, inteligência artificial, visão computacional e RPA (Robotic Process Automation), tudo para proporcionar uma experiência simples, fácil, empática e transparente.”

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Fintech inaugura Centro de Ciência Aplicada

Responsável por uma solução de automação de investimentos da Bolsa por meio de robôs, a TradeMachine inaugurou em janeiro deste ano seu Centro de Ciência Aplicada no Parque Tecnológico de São José dos Campos, interior de São Paulo. A iniciativa foi viabilizada depois de um aporte de R$ 2,2 milhões junto a Energhias, empresa de participações societárias focada em empreendimentos inovadores.

O objetivo do novo espaço é impulsionar o desenvolvimento dos produtos, atrair talentos e promover o intercâmbio entre os pesquisadores da fintech e os principais especialistas da área. “Como a base dos nossos produtos envolvem a aplicação de ciência avançada e tecnologia de fronteira, faz todo o sentido estarmos próximos de universidades como ITA, Unesp e Unifesp, referências em engenharia, matemática, física, computação e estatística”, diz Rafael Marchesano (foto), CEO da TradeMachine, que atualmente acumula R$ 760 milhões em operações mensais no mercado de capitais de pessoas físicas e agentes autônomos. Até o final do 1º semestre, a meta da empresa é triplicar esse volume. Para isso, está aprimorando os algoritmos de seus robôs com a finalidade de trazer aumento de rentabilidade e melhor gerenciamento de riscos nos investimentos.

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