Prova disso são os números do mais recente relatório da Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado com foco em e-commerce. No primeiro trimestre do ano, o varejo digital faturou R$ 20,4 bilhões – 26,7% mais do que no mesmo período do ano passado. A cifra é reflexo do aumento do volume de compras realizadas pela internet: 49,8 milhões, número 32,6% maior do que o do primeiro trimestre de 2019.
Apesar da alta, os consumidores estão gastando significativamente menos em suas compras online. De acordo com o estudo, o tíquete médio dos pedidos realizados no período foi de R$ 409,50 – valor 4,5% menor do que o registrado em 2019 –, um fator já relacionado à chegada do coronavírus ao Brasil e às mudanças estruturais no hábito dos consumidores, que cada vez mais optam por adquirir pela internet itens de necessidade básica, como produtos de supermercado.
Por aqui, esse movimento indica já estar acontecendo, com a aceleração das lojas de conveniência autosserviço em condomínios residenciais. A Onii, que começou a oferecer a alternativa em meados do ano passado e concluiu seu teste piloto em dezembro, no Condomínio Village Damha 1, em São Carlos, interior de São Paulo, é um dos players deste segmento. Depois dessa primeira experiência, a empresa vai começar maio com 25 lojas em operação e uma fila de espera de 200 unidades.
“A proposta é levar o modelo de conveniência para dentro da casa do consumidor, mas de maneira autônoma e com acesso 24 horas, o que vem totalmente ao encontro do momento atual que estamos vivendo”, diz Ricardo Podval, cofundador da Onii ao lado de Victor Azouri Bermudes, Winston Ricetti e Conrado Rantin. “É a democratização da Amazon Go”, compara, referindo-se à iniciativa semelhante da gigante do varejo.
Na versão norte-americana, uma combinação de tecnologias – inteligência artificial, sensores e câmeras – é usada para identificar o que o consumidor está comprando, e cobrar apenas por isso, e evitar que produtos sejam levados sem cobrança. Na versão brasileira da Onii, o sistema é parecido. As pessoas baixam o aplicativo, fazem o cadastro e vão às compras. Para entrar na loja, um código de barras é gerado, de maneira que o sistema identifique o cliente. Uma vez lá dentro, é só escanear os produtos, dotados de QR Code, e pagar direto no app.
O projeto piloto revelou números que podem corroborar essa tendência. No residencial de São Carlos, com 240 casas, 200 pessoas baixaram o aplicativo em 10 dias. Em dezembro, a loja registrou um faturamento de R$ 5 mil. Atualmente, são R$ 30 mil, e a expectativa é chegar a R$ 50 mil em junho.
Podval explica que existem dois modelos de negócio. No primeiro, a administração fica toda por conta da Onii, que conta com uma pessoa para acompanhar algumas atividades da rotina da loja – podendo, inclusive, ser um morador do condomínio ou alguém da região. No segundo, essa pessoa pode atuar como um licenciado, sendo dono do negócio e usando toda a infraestrutura da empresa. “Neste caso, cobramos 10% do faturamento da loja”, explica o executivo, estimando que a margem de lucro pode variar entre 35% e 40% dependendo da região.
Todo o know how da operação passa pela tecnologia, que além de controlar os processos, usa a inteligência de dados para entender o comportamento de compras de cada loja e, assim, definir o mix de produtos, que pode variar imensamente entre regiões. “Esse nível de informação também nos permite aproximar a marca do consumidor por meio de ofertas totalmente direcionadas. Essa habilidade tem feito com que a indústria também olhe para este modelo de negócio com outros olhos”, diz Podval, que mantém conversas com empresas do porte de Ambev e BRF para o abastecimento das lojas.
Segundo Podval, a expectativa é terminar 2020 com 60 lojas instaladas, entre unidades próprias e licenciadas, e entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões de faturamento. Atualmente, já contam com a facilidade condomínios das incorporadoras e/ou administradoras MRV, Luggo, Bild, Tecnisa, BBZ, Village Damha, Empresta Capital e Alphaville no Estado de São Paulo. Nos próximos meses, Curitiba, Florianópolis, Recife, Fortaleza e Brasília também terão suas unidades. Entre junho e agosto, será aberta a primeira loja do tipo no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e, até o fim do ano, em residenciais do Chile e da Argentina.
PIVOTANDO EM MEIO À CRISE
Quem segue caminho semelhante é a Numenu, que nasceu abastecendo com salgadinhos, chocolates, camisinhas e outros itens de conveniência os veículos de aplicativos. Com o isolamento social, a empresa viu o movimento gerado pelos seus 2 mil motoristas parceiros minguar. “Eu não podia deixar o negócio morrer”, diz Rafael Freitas, cofundador da empresa ao lado do sócio Sebastian Netto.
“Os preços dos produtos ficam entre os praticados pelos supermercados e pelas lojas de conveniência tradicionais, ou seja, a margem de lucro é interessante”, diz Freitas, revelando que, neste momento, a indústria tem se mostrado uma forte apoiadora do canal de vendas, bonificando, inclusive, uma grande parte dos produtos disponíveis. “O interesse dela está no nosso potencial como ferramenta de marketing, já que somos capazes de fornecer dados qualitativos para suportar campanhas segmentadas e novas ativações”, diz o executivo.
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Organização de direitos humanos alerta para uso de aplicativos na pandemia
O Conselho da Europa, organização de defesa dos direitos humanos no velho continente, alertou sobre os possíveis efeitos colaterais do uso de aplicativos na prevenção da pandemia de Covid-19, como ferramentas que rastreiam possíveis contatos com infectados. Em uma declaração divulgada ontem (28), a presidente do comitê de proteção de dados, Alessandra Pierucci, e o comissário de proteção de dados, Jean-Philippe Walter, falaram sobre os aplicativos, que estão sendo introduzidos em países como o Reino Unido, e pediram a criação de medidas adequadas para evitar riscos aos dados pessoais e à privacidade dos cidadãos.
Pandemia aumenta importância do debate sobre privacidade online
Para evitar o ciclo contínuo de escândalos de privacidade de dados, essa troca onde a conveniência é alcançada através do sacrifício da privacidade deve terminar, segundo a empresa, que argumenta que isso só deve ocorrer com regulamentação, ou com uma conscientização de consumidores sobre a sua responsabilidade em proteger seus próprios dados.
“Durante anos, a conveniência superou as preocupações com a privacidade. O [distanciamento social] trazido pela Covid-19 levou algumas empresas de tecnologia desconhecidas, como a Zoom, a se tornarem centrais na vida cotidiana”, aponta a analista. “As pessoas colocam sua segurança em risco para continuar trabalhando e se comunicando com outras pessoas.”
A Zoom anunciou um plano de 90 dias para melhorar suas medidas de segurança, e seu CEO, Eric Yuan (foto), tem feito webinars semanais sobre as últimas novidades da empresa no quesito privacidade. A GlobalData diz que as iniciativas são positivas, mas reitera o ponto de que a mudança começa pelos consumidores, que devem tomar medidas para proteger sua própria privacidade.
Chevrolet turbina transformação digital e lança compra online
A Chevrolet digitalizou seu processo de venda de automóveis como resposta à pandemia. A montadora lançou no Brasil uma plataforma com o nome original de Operação Virtual Chevrolet, que engloba vendas de mais de 500 concessionárias da marca. A opção de compra online está disponível tanto nas concessionárias fechadas por conta de orientações de quarentena, quanto nas lojas que seguem operando normalmente.
LEIA MAIS: Pesquisa revela os setores que estão se dando bem na crise causada pela pandemia
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Plataforma abre acesso a cientistas e pesquisadores de Covid-19
A Elsevier, empresa global de informação analítica que ajuda instituições e profissionais a progredir na ciência e cuidados avançados com saúde e melhorar a performance para benefício da humanidade, disponibilizou recursos de pesquisa gratuitos para combater a pandemia de Covid-19, como o Centro de Informações do Coronavírus e o Clinical Skills Online.
Na plataforma, as informações são disponibilizadas por categorias, como “Cuidados Comunitários”, que oferece recursos para ajudar o profissional a gerenciar pacientes em casa, por telefone ou telemedicina, e “Cuidado de Emergência”, com diretrizes clínicas, monografias de medicamentos e planos de assistência para serem realizados nos hospitais.
Há, ainda, uma série de podcasts, que trazem informações especializadas sobre tópicos críticos da pandemia em evolução, incluindo ciência, tecnologia e resposta a crises. Já a seção “Diretrizes Covid-19” reúne orientação clínica das autoridades de saúde de todo o mundo sobre diagnóstico e tratamento. Todos os cientistas e profissionais da saúde podem acessar a plataforma.
– A empresa de educação digital DOT digital group e a brasileira TIVIT se uniram para oferecer a 2 mil profissionais de TI o acesso gratuito a cursos online. A ação tem como objetivo atender a um antigo gargalo do mercado: a falta de profissionais especializados em tecnologia. No início deste ano, pesquisa da Brasscom mostrou que, para atingir a meta de dobrar o setor de software e serviços em seis anos no país, 70 mil profissionais serão demandados anualmente até 2024. É necessário fazer inscrição.
Amanhã (30), às 17h, a Brasscom – Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação promoverá uma live para discutir a retomada da economia pós-pandemia do coronavírus. Entre os convidados, estará o CEO da BRQ Digital Solutions, Benjamin Quadros, Laércio Consentino, presidente do conselho da TOTVS, e Luiz Mattar, presidente da TIVIT. A mediação ficará a cargo do presidente executivo da entidade, Sérgio Paulo Gallindo. O objetivo é propor políticas públicas e ações de responsabilidade social que reduzam o impacto à população, além de levantar aplicações com uso de tecnologias para enfrentar crises epidemiológicas;
– O Instituto Votorantim e a Beneficência Portuguesa de São Paulo estão desenvolvendo projetos de inovação para o enfrentamento à Covid-19. A iniciativa, liderada em parceria com o programa Mining Lab, de inovação em mineração e metalurgia, tem duas frentes: o apoio a pequenos municípios na crise de saúde pública e a preservação dos profissionais de saúde que atuam no atendimento à população. O programa, que será realizado online e tem o apoio da empresa de aceleração de negócios corporativos Neo Ventures, receberá ideias de projetos escaláveis e de implantação imediata até 8 de maio, no site da Mining Lab;
– A startup de entregas Rappi se uniu ao Instagram para viabilizar a possibilidade de fazer pedidos online através do Stories da rede social. Restaurantes parceiros com conta comercial podem adicionar o novo adesivo “pedir uma refeição” ao seu conteúdo efêmero, que direciona usuários para o app de entregas. O recurso foi lançado nos Estados Unidos e Canadá e começou a funcionar na América Latina no dia 24 deste mês;
– O Cartão Carrefour passou a permitir, para 100% da sua base de clientes, a realização de alguns serviços por meio do WhatsApp. Pelo aplicativo de mensagens é possível consultar a fatura fechada, o código de barras para pagamento, acompanhar lançamentos, consultar limites e o melhor dia de compra. O acesso é feito por meio da assistente virtual para os clientes do cartão, a Carina, e o serviço vale para aqueles que têm o número do celular cadastrado no Cartão Carrefour. Quem não tem, deve acessar um terminal de autosserviço em alguma das lojas para fazer o cadastro;
– A Mobbuy, plataforma de pagamentos móveis baseada em smartphones, acaba de anunciar sua fusão com a área de processamento de subadquirentes da Infocards. Com a fusão, nasce uma nova Mobbuy, agora com capacidade de atender o mercado desde a captura de transações até o processamento de pagamentos, atendendo seus clientes com mais rapidez e segurança. De acordo com os sócios da nova empresa, Luciano Barbezani e Marco Antonio José, as soluções das duas companhias que agora unem operações são absolutamente complementares, o que deve ampliar em muito a atuação da companhia, que continuará com o mesmo nome.
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