FORBES Insider: BeerOrCoffee, Trabalho Remoto, Venture Capital, ABES

8 de maio de 2020
Divulgação

A cofundadora da startup de Belo Horizonte fala sobre o impacto e a reinvenção de um dos segmentos mais afetados pela pandemia

“Na primeira semana de março, eu estava com a equipe BeerOrCoffee no litoral da Bahia para viver a experiência presencial anual da empresa. Era o nosso Retreat 2.0, quando reunimos todos os nossos colaboradores nômades, que trabalham remotamente pelo mundo.

Naquele momento, a gente já sabia sobre os graves efeitos da pandemia da Covid-19 na Ásia e Europa, mas não imaginávamos que a necessidade do isolamento social chegaria na semana seguinte ao Brasil. Foi um momento de conexão, alinhamento e inspiração para uma realidade sem precedentes.

Um de nossos investidores, Kees Koolen, fundador do Booking.com, nos deu a dimensão real do problema. Ele enviou uma carta a todos os seus investidos, contando que já havia passado por momentos de crise e nos sugerindo ações para cortar custos e sermos operacionalmente mais eficientes.

Apesar de ser uma empreendedora naturalmente positiva, eu não costumo negar a realidade. Logo que encerramos uma call com Koolen, desenhamos três cenários: o pior, caso não conseguíssemos gerar receita, um intermediário e outro otimista. E, assim, criamos um comitê interno, que batizamos de Task Force, que conversa e analisa os números todos os dias para administrar o plano de ação frente à crise.

As medidas mais duras foram tomadas antes da virada do trimestre: primeiro protegemos o quadro de colaboradores e reduzimos em 20% os custos operacionais. Depois, aprendemos a focar no essencial, no que é prioridade. Run, but don’t rush.

O olhar para fora em um primeiro momento também traz angústias, como ver de perto clientes e outras startups tendo a receita reduzida a zero, demitindo metade dos colaboradores. Mas, é preciso ser resiliente e seguir rumo às mudanças e oportunidades com fé e foco.

Esse cenário me aproximou ainda mais de clientes e parceiros, conversando e procurando entender onde estavam as dores, orientando como podia para que todos os stakeholders se sentissem mais seguros. Mais do que nunca tenho contado com meus mentores pessoais, como meu pai, e do BeerOrCoffee, como o Simon Olson, diretor de novos negócios da Magazine Luiza, e o Ricardo Guerra, CEO da Gympass na América do Sul. Estou também próxima de comunidades de startups, como o Cubo Itaú, o Órbi Conecta e o San Pedro Valley. Isso tem feito muita diferença.

Para mim, o futuro do trabalho foi antecipado em pelo menos 10 anos em razão da adoção do trabalho remoto e da necessidade de uso de espaços flexíveis pós-quarentena.Trabalhar com esse modelo desde o início no BeerOrCoffee, em 2017, nos deu vantagem competitiva. Passamos a oferecer apoio à adaptação ao trabalho fora do escritório com webinars e outros conteúdos, além de ajudar as empresas a reduzirem custos com escritórios.

Pensando já na volta segura no melhor momento, criamos junto com entidades e médicos o selo de ‘Escritório Mais Seguro’, para apoiar as pessoas e empresas. Acreditamos que o futuro do trabalho será distribuído: parte da equipe no escritório e parte no movimento “close to home”, em coworkings.

Mas preciso dizer que, na esfera pessoal, fiz tudo aquilo que não recomendo para o trabalho remoto: fiquei conectada mais de 16 horas por dia, esquecendo até de comer. Até meu sono sofreu.

Lembrei, entretanto, que eu estava vivendo um momento raro, privilegiado, na casa dos meus pais com três irmãos. Então decidi estar mais presente, absorvendo um período que está me transformando como ser humano. Precisei ir ao extremo para encontrar o equilíbrio.

Tem sido muito importante ter a família, os mentores e os sócios Pedro Vasconcellos e Eric Santos perto de mim. O meu lado espiritual, da meditação à leitura dos provérbios de Salomão, tem me dado força para seguir em paz nesse momento de muita turbulência para todos. Entendi que é preciso estar bem para seguir produzindo e se doar ao próximo.”

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Pesquisa examina desafios do trabalho remoto no Brasil

Equipes sem identidade, falta de senso de pertencimento e fluxo ruim de processos e comunicação. Estes são os três principais fatores que levam ao fracasso de organizações quando o assunto é o home office, segundo um recente estudo acadêmico sobre o teletrabalho no Brasil.

A pesquisa, conduzida pelo professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Miceli, tem como base relatos colhidos em março deste ano de executivos dos setores de tecnologia, varejo, consultoria e serviços financeiros. O objetivo foi examinar, junto a estas empresas de diversos níveis de maturidade em inovação, os desafios para a obtenção de sucesso no trabalho remoto.

O uso de equipes multidisciplinares para o desenvolvimento de produtos e serviços já é uma realidade em empresas de diversos setores e caracteriza organizações inovadoras, segundo o estudo. Estas empresas, onde o trabalho colaborativo precede a pandemia, não relataram dificuldades no home office, ao contrário das outras, que não têm esta cultura e disseram ter perdido, ainda que parcialmente, a sensação de fazer parte de uma equipe.

A influência da segurança e valorização de funcionários também é um dos fatores determinantes para o sucesso do trabalho remoto. A existência destas condições, segundo a pesquisa, também está diretamente ligada à cultura de inovação da empresa: “Assim como na questão de identidade dos times, o senso de pertencimento à uma organização variou conforme a cultura da empresa”, ressalta Miceli.

O acadêmico nota que organizações inovadoras não notaram mudanças em suas relações com colaboradores ao adotar modelos de trabalho remoto, mesmo em períodos mais longos do que o usual, ou em relação a funcionários que foram contratados desde o início da pandemia, ou seja, que fizeram seu “onboarding” de forma remota.

No entanto, o estudo nota que times formados antes da pandemia têm desempenho superior: uma hipótese levantada é um potencial nível superior de confiança entre pessoas que já tinham trabalhado presencialmente juntas.

Com relação às rotinas de comunicação, o estudo nota que, apesar de o fluxo eficiente de informações ser fundamental em organizações modernas, a interação digital “despersonaliza” estes processos, fazendo com que a atenção se volte à mensagem e não às pessoas que interagem.

“No geral, a comunicação com mediação tecnológica causa níveis mais altos de conflito afetivo, à medida que os membros do grupo [não] censuram seus comentários e acomodam suas preferências às dos membros de sua equipe”, diz Miceli, apontando uma maior dificuldade na criação de novos processos a serem usados por times virtuais, que organizações foram forçadas a adotar, independentemente de seu preparo.

Assim como nos pilares de identidade e pertencimento de equipes, o estudo nota que a comunicação acontece de forma menos difícil e mais rapidamente em organizações inovadoras, que se adaptam melhor à, por exemplo, fluxos elevados de comunicação via email e mensagens em aplicativos.

A pressão trazida por este overload de informações, no entanto, é um desafio enfrentado por todas as organizações. Com a percepção de que mensagens podem ser enviadas a qualquer hora, colaboradores se apressam para responder mensagens para não parecerem desatentos, ou para não perderem informações importantes. Mas essa atitude tem consequências, segundo Miceli:

“O aumento da quantidade de mensagens e o acúmulo de atividades pode trazer um problema de interpretação, que eventualmente se reflete em piores interações dos membros da equipe ou em falta de entendimento a respeito do trabalho que deve ser realizado”, ressalta.

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Venture capital no Brasil mostra resiliência à crise

O mercado de venture capital no Brasil tem mostrado resiliência em meio à crise do novo coronavírus. É o que sugerem os números do setor para os primeiros quatro meses do ano, divulgados pela rede de centros de inovação Distrito ontem (8). O banco de dados de investimentos da empresa, o Distrito Dataminer, tem mais de 4.500 transações mapeadas e fez uma análise da atividade primeiros quatro meses do ano desde 2017.

Em 2017, o volume de investimentos entre janeiro e abril chegou a US$ 262 milhões. O valor subiu 39,3% em 2018, totalizando US$ 365 milhões. Em 2019, o volume de investimento chegou a US$ 400 milhões, um aumento de 9,6% em relação ao ano anterior. Nos primeiros quatro meses de 2020, os dados da Distrito mostram um aumento de 20% no volume de investimentos em venture capital, com um total de US$ 480 milhões.

Em abril deste ano, o levantamento constatou 20 investimentos que movimentaram US$ 144 milhões, um montante 118% superior ao mesmo mês no ano passado. Os aportes da startup de produtos para animais de estimação, a PetLove, que recebeu R$ 250 milhões em um deal liderado pelo SoftBank , e da empresa de logística CargoX, que levantou US$ 80 milhões em uma rodada liderada pela LGT Lightone Latin America, concentraram 89% de todo o volume captado.

No entanto, o número de aportes diminuiu durante os quatro primeiros meses de 2020, segundo o levantamento, que mapeou 89 rodadas de investimento no total. Isso representa uma redução de 1,1% em relação ao mesmo período do ano passado e um declínio de 19% em comparação ao mesmo período em 2018.

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ABES trabalha em ações pós-pandemia com governo federal

A Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) está discutindo com o governo a criação de um plano de ações para mitigar o impacto socioeconômico na economia e acelerar a retomada dos negócios pós-pandemia. As reuniões com o Ministério da Economia buscam avaliar medidas que beneficiam o setor de tecnologia da informação.

A posição da ABES, que intensificou sua atuação junto ao governo federal, é de que existe a oportunidade de criar uma realidade mais “saudável, digital e menos desigual”. A tecnologia vem como pilar fundamental da concretização desta visão, para facilitar a democratização do conhecimento, geração de empregos, melhora da competitividade brasileira no mercado internacional e a criação de novas oportunidades para todos os cidadãos.

Segundo Rodolfo Fücher, presidente da ABES, isso começa com recursos financeiros: “É essencial que o governo disponibilize de forma direta, por meio de agentes financeiros públicos, uma linha de crédito sem intermediários e sem necessidade de garantias reais; além de criar um fundo garantidor via BNDES para colocar crédito à disposição via bancos privados”, aponta.

O plano da ABES foi apresentado ao governo federal no final de março e, desde então, discussões têm acontecido entre a associação e o Ministério da Economia e a entidade tem acompanhado de perto os projetos de lei, portarias e medidas provisórias que vão ao encontro das propostas.

Fücher ressalta a importância do setor na retomada, bem como sua capacidade de geração de empregos e de absorção de parte dos trabalhadores de outros setores que perderam seus empregos durante a pandemia. “Graças a esta articulação [com o governo], que conta com o envolvimento de outras entidades setoriais, conseguimos influenciar os debates e decisões em prol do setor de TI e, principalmente, a favor do Brasil.”

Quanto aos resultados gerados por estes esforços, reivindicações acatadas e em estudo incluem, além da flexibilização na obtenção de linhas de financiamento, a manutenção de contratos com o setor público e a possibilidade de salários pagos por empresas do setor de TI serem transformados em ajuda de custo durante o período de calamidade pública, o que contribui para a desoneração da folha.

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A Câmara de Comércio Brasil-Canadá está com inscrições abertas para o concurso de inovação Elevator Pitch, organizado pelo governo canadense para atrair startups brasileiras de tecnologia. A etapa classificatória acontecerá na conferência de inovação e tecnologia Gramado Summit, que acontece na Serra Gaúcha entre 30 de setembro e 2 de outubro. A final ocorre no dia 22 de novembro no icônico Edifício Martinelli, no centro de São Paulo, onde 40 startups venderão seu peixe, ou seja, farão seu pitch para investidores e aceleradoras canadenses dentro do elevador do ponto turístico paulistano. A vencedora ganhará um programa de imersão no ecossistema canadense, além da passagem e hospedagem no Canadá. As inscrições estão abertas até 14 de agosto.

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A ELAS, startup focada no desenvolvimento pessoal e profissional de mulheres, está promovendo, durante o mês de maio, uma série de lives e workshops online. Entre os temas, liderança feminina, efeitos da crise para as mulheres e como construir uma presença digital na internet com vídeos. No site tem a programação completa.

O iCON Hub, braço de inovação e tecnologia do SindusCon-SP, irá promover no dia 13 de maio, às 16 horas, o webinar “Impulsionando sua Startup com os Hubs de Inovação”. O evento será realizado de forma gratuita, com a participação da Neo Ventures. Os participantes são Conrado Rabelo (iCON), Gustavo Yugo (Byond) e Diego Mendes (ConstruCode). É preciso fazer a inscrição;

A Convenia, empresa de soluções voltadas para automatização do departamento pessoal, fará logo mais, às 15h, o webinar “Estratégias para Reduzir Custos da sua Empresa durante a Quarentena”. O bate papo acontecerá entre Rodrigo Silveira e Marcelo Furtado, cofundadores da Convenia. Para participar, é só fazer a inscrição.

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– O Reclame Aqui, site brasileiro de reclamações, migrou todo o seu sistema financeiro para a nuvem, conseguindo assim que 100% de sua equipe trabalhe remotamente. Em tempo recorde – 24 horas – a operação foi concluída usando a solução em nuvem SAP Business One (SAP B1) com apoio da Okser e da Sky.One;

– A Gofind, empresa que usa inteligência artificial para localizar produtos nas proximidades, chegou a 1 milhão de usuários e 700 mil lojas no final do primeiro trimestre deste ano. Só no mês de março, a startup catarinense registrou 500 mil novos acessos e mais de 25 mil novas lojas na plataforma. O resultado é reflexo direto da pandemia de Covid-19, que fez com quem as pessoas se adaptem e utilizem mais os meios digitais para encontrar produtos e fazer compras em suas respectivas regiões. Com foco nos pequenos negócios, a empresa anunciou, em março, o ondetem.app, um WebApp gratuito com as mesmas funcionalidades do localizador, para mostrar onde encontrar produtos de necessidades essenciais;

– Uma pulseira equipada com sensor RFID (Radio-Frequency IDentification), que emite um aviso (sonoro e led) caso duas pessoas se aproximem além das recomendações de distância consideradas seguras para evitar o contágio do novo coronavírus, foi criada pela Engineering para garantir o retorno seguro ao trabalho após a quarentena. Batizada de Smart Proximity, a novidade é baseada em um sensor, que pode ser implementado em uma pulseira ou outro suporte. Assim, a solução é capaz de se relacionar com um ou mais sensores nas proximidades. Quando dois dispositivos estão visíveis, eles alertam os usuários, de maneira autônoma e em tempo real, sobre a violação da distância de segurança, que é configurada de acordo com os parâmetros adotados pelas empresas;

– O mês de abril fechou com R$ 9,4 bilhões transacionados no comércio eletrônico brasileiro, um aumento de 81% em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com o Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado focada em e-commerce, foram feitos 24,5 milhões de pedidos durante o mês, principalmente nas categorias alimentos e bebidas (aumento de 294,8% em relação a abril de 2019), instrumentos musicais (+252,4%), brinquedos (+241,6%), eletrônicos (+169,5%) e cama, mesa e banho (+165,9%). Apesar do aumento, o tíquete médio apresentou queda na comparação com o mesmo mês do ano anterior. “O mercado de varejo online está em fase de profunda mudança. O cenário de Covid-19 acelerou as vendas de categorias que até então eram pouco exploradas como, por exemplo, saúde, alimentos e bebidas e petshop, o que colabora para o crescimento do e-commece brasileiro”, afirma André Dias, diretor executivo do Compre&Confie.

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