A executiva liderou um crescimento de 20,7% na receita de serviços da filial brasileira da companhia, que faz parte do grupo japonês de telecomunicações NTT, e as vendas subiram 74% em 2023. “Agarro com muita força as oportunidades que recebo”, diz. A área sob sua gestão tem um NSS (Net Satisfaction Score), que mede a satisfação do cliente, entre 90 e 95%, e foi considerada líder no Quadrante Mágico da consultoria Gartner, importante referência para o setor.
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De Osasco ao Canadá
Estratégica e observadora, soube identificar o que seria importante para atingir seus objetivos lá na frente. “Observo os caminhos que gostaria de percorrer, o que me ajuda a dar passos mais direcionados”, diz. E isso não vale só para o trabalho. “Sou a caçula da família. Consegui ver tudo que meus irmãos erraram para tentar fazer diferente.”
Com a mesma lógica, Abreu pausou a carreira no Brasil para aprender inglês no Canadá. “Pedi demissão de um emprego dos sonhos para trabalhar de segunda a segunda em uma lanchonete e limpando banheiros e escritórios”, conta. Dois anos depois, já de volta ao país, o idioma realmente fez diferença e garantiu um emprego na gigante de tecnologia HP, onde ficou por 16 anos. “Foi essencial para a minha ascensão. Naquela época, a maioria das pessoas não falava inglês.”
Por mais mulheres em TI
Do service desk – a central de atendimento –, passou por diferentes cargos e áreas e chegou à gerência executiva. “Foi uma grande escola”, diz. Nesse período, também teve seus três filhos. “Na volta da licença-maternidade, queria ver como seria a Erica no mercado.”
Depois de alguns processos seletivos, a executiva entrou na NTT ainda amamentando. “Foi a única empresa que não questionou o fato de eu ter três filhos”, lembra. Era a única mulher na operação, e começou a perceber a necessidade de trazer outras. “Foi um dos pontos importantes para melhorar o serviço e trazer mais inovação”, diz ela, citando estudos que provam que a diversidade tem impacto financeiro no negócio. Hoje, a NTT tem programas voltados para as mulheres, como o IT for Girls, com o objetivo de fomentar a presença feminina nesse mercado.
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Na sua jornada, consistência resume o “segredo” do sucesso. “As pessoas querem resultados imediatos, mas eu vivo muito bem o processo”, diz. Com o tempo, também percebeu a necessidade de reorganizar as prioridades, colocando sua saúde no topo. “Começo o dia cuidando de mim. Entendi que isso também ajuda a melhorar minhas entregas.”
Abreu não acredita num equilíbrio exato entre vida e trabalho, que inevitavelmente acabam se misturando – como quando tocou bateria na festa de final de ano da empresa, com uma plateia de mais de mil pessoas. “Quando você tem projetos que demandam mais, você foca mais no trabalho, mas depois você volta, só não pode ficar lá para sempre.”
Representatividade
Se antes sentia que não podia decepcionar e precisava provar sua capacidade, hoje entende a força da sua presença e imagem em uma posição de liderança. “Não preciso dizer muito, é só olhar para mim.”
A trajetória de Erica Abreu, diretora de serviços da NTT Data
Primeiro cargo de liderança
“Foi na HP como líder de service desk.”
Quem me ajudou
“A minha família me ajudou muito e é meu porto seguro. Também tive mentores nessa jornada, tenho alguns nomes que me ajudaram bastante. Por isso eu faço algumas mentorias hoje, porque eu entendo que o papel do mentor é muito importante.”
Turning point
O que ainda quero fazer
“Eu tenho alguns objetivos simples, eu gostaria de ver meus filhos crescendo bem, caminhando e prosperando. E na carreira, quero continuar contribuindo, sendo engajada, tendo energia porque a gente precisa disso e de saúde para fazer as coisas. Eu adoro o que eu faço e assim fica mais fácil.”
Causas que abraço
“Meu modo de abraçar as causas não é gritando, é mostrando resultados. Quero mais mulheres e mais diversidade na área de TI porque a gente precisa de olhares distintos. Temos um longo caminho a percorrer, mas é possível.”